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Egípcios já se reúnem para ato que quer juntar um milhão contra governo

Egípcios já se reúnem para ato que quer juntar um milhão contra governo

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:58

A população do Cairo reunia-se nesta terça-feira (1º) para o ato de protesto que quer juntar um milhão de pessoas contra o regime do presidente Hosni Mubarak.

O Exército, em nota oficial, disse que considera legítima as reivindicações e prometeu não reprimir os manifestantes, neste que será o oitavo dia seguido de protestos populares contra o regime que já dura 30 anos.

Vários manifestantes fizeram vigília na praça Tahrir, apesar do toque de recolher que vigora no país, e muitos chegavam. Tanques do Exército estavam nos principais acessos ao local, e helicópteros militares sobrevoavam o local.     Também foi convocada uma greve geral por tempo indeterminado, em um país praticamente já paralisado pelos protestos.

As autoridades tentam limitar os deslocamentos da população e obstruir ao máximo os contatos dos organizadores dos protestos.

Na segunda, os trens deixaram de funcionar, e o último provedor de internet egípcio em funcionamento, o Grupo Noor, parou de operar, o que deixou o país sem acesso à rede. Em resposta ao bloqueio à internet, a Google anunciou a criação de uma forma de acesso ao Twitter pelo telefone.

Concessões

Na véspera, Mubarak, de 82 anos, fez uma série de concessões à oposição. O vice-presidente Omar Suleiman, nomeado no final de semana, foi à TV na noite de segunda pedir diálogo com todos os partidos políticos.

Suleiman afirmou ter sido incumbido pelo próprio Mubarak de levar adiante as conversas, que podem incluir alterações na Constituição do país em crise -o que era uma das reivindicações dos oposicionistas.     Também na segunda, Mubarak anunciou um novo gabinete.

Por um decreto de Mubarak, foram indicados novos ministros das Finanças e do Interior.

Outros nomes do gabinete,como o de Field Marshal Hussein Tantawi, ministro da Defesa, e o chanceler, Ahmed Aboul Gheit, foram mantidos.

A pasta do Interior foi para Mahmoud Wagdi, um oficial de polícia reformado. Ele substitui Habib el-Adly, bastante criticado pela violência com que respondeu aos protestos populares.

O canal estatal exibiu imagens dos novos ministros tomando posse ao lado do presidente.

O vice-presidente Suleiman também disse que a prioridade do novo governo é combater a pobreza, o desemprego e a corrupção.

Quase 50 Organizações Não Governamentais (ONGs) egípcias de defesa dos direitos humanos pediram a Mubarak "que se retire do poder para evitar um banho de sangue".

Os seis primeiros dias de protestos deixaram um saldo de mais de cem mortos e milhares de feridos, segundo várias estimativas.

As manifestações continuaram na segunda país afora, mas pacíficas, ao contrário do que ocorreu antes. Soldados assistiram a tudo sem interferir.

Bancos, a bolsa de valores e o comércio local fecharam, e o toque de recolher continuava.

Governos, companhias aéreas e operadoras de turismo agiram em conjunto para retirar estrangeiro, causando confusão no aeroporto.

Apesar das mudanças anunciadas na segunda, o grupo de oposição Irmandade Muçulmana pediu o prosseguimento das manifestações até a queda do regime de Mubarak.

O ex-diplomata Mohamed ElBaradei, um dos expoentes da oposição, disse em entrevista ao jornal britânico "The Independent" que o melhgor que Mubarak tem a fazer é deixar o governo.

Repercussão

A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, pediu na segunda ao governo Mubarak que comece "imediatamente" o diálogo com a oposição.

A Casa Branca pediu calma na segunda-feira e se disse satisfeita com a "moderação" exibida pelas forças de segurança egípicias.

O governo britânico alertou que a repressão aos protestos pode "acabar mal", mas evitou pressionar explicitamente pela renúncia de Hosni Mubarak.

É importantíssimo que nem o presidente (dos EUA, Barack) Obama nem eu estejamos dizendo quem devem governar este ou aquele país', disse o primeiro-ministro David Cameron à BBC.     O Egito, o mais populoso dos países árabes (80 milhões de habitantes), é um aliado do Ocidente na região e administra o Canal de Suez, essencial para o abastecimento de petróleo dos países desenvolvidos.

O Canal de Suez, eixo estratégico do comércio mundial, funcionava normalmente nesta terça apesar dos protestos, segundo a Autoridade do Canal.

O canal, que une Porto Said, no Mediterrâneo, a Suez, no Mar Vermelho, representa a terceira maior fonte de renda estrangeira do Egito.

O volume de seu tráfego é considerado indicador da saúde do comércio marítimo através do mundo.

Israel

Além disso, o Egito é um dos dois países árabes (o outro é a Jordânia, que também enfrenta protestos) que assinou um tratado de paz con Israel. O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, mencionou o fantasma de um regime ao estilo iraniano, caso, aproveitando o caos, "um movimento islamita organizado assuma o controle do Estado".     A rebelião no Egito vai ajudar a criar um "Oriente Médio islâmico", diosse nesta terça o chanceler iraniano Ali Akbar Salehi.

"Pelo que sei a respeito do grande povo revolucionário do Egito, que está fazendo história, tenho certeza de que vai desempenhar um papel na criação de um Oriente Médio islâmico, para todos os que buscam liberdade, justiça e independência", declarou Salehi, segundo o portal da televisão estatal iraniana.

Petróleo

A tensão regional também elevou o preço do petróleo O tipo Brent, negociado em Londres, passou da barreira psicológica de US$ 100 o barril na segunda por temores de que a instabilidade possa se espalhar por países do Oriente Médio, que junto com o norte da África produz mais de um terço do petróleo no mundo.

Foi a maior cotação desde 1º de outubro de 2008.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) observa a situação no Egito com preocupação, mas apenas aumentará a oferta de petróleo se houver uma escassez, afirmou nesta segunda o secretário-geral do cartel, Abdullah al-Badri.

O Conselho de Segurança Nacional dos EUA está monitorando os efeitos da crise egípcia nos mercados financeiro e de petróleo, disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.    

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