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Enviado dos EUA à Síria reabre diálogo após cinco anos

Enviado dos EUA à Síria reabre diálogo após cinco anos

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:27

Um diplomata americano de alto escalão se reuniu nesta quarta-feira (17) com o presidente da Síria, Bashar Assad, em Damasco como parte de uma iniciativa para melhorar as relações com o país.

A visita do subsecretário de Estado americano, William Burns, ocorre depois de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, indicar o primeiro embaixador americano para a Síria desde 2005. Além do encontro com Assad, Burns também se reuniria com o ministro sírio do Exterior, Walid Muallem.

"A Síria desempenha um papel importante no Oriente Médio, e este é um momento em que tanto a Síria como os Estados Unidos, apesar de nossas diferenças, temos um interesse em explorar formas em que podemos cooperar", disse Burns.

Analistas afirmam que a visita tem o objetivo de afrouxar os laços da Síria com o Irã ao mesmo tempo em que busca apoio para um acordo de paz no Oriente Médio.

"Não tenho ilusões sobre os desafios no caminho à frente", disse o representante americano. "Mas meu encontro com o presidente Assad me dá esperança de que podemos fazer progressos juntos no interesse de ambos os nossos países."

  Comunicação As relações entre a Síria e os Estados Unidos têm sido conturbadas nos últimos cinco anos, mas os dois países manifestaram nos últimos meses a intenção de estabelecer novos canais de comunicação.

Em 2005, os Estados Unidos retiraram seu embaixador de Damasco depois do assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri. O governo sírio foi responsabilizado pela morte do político - acusação que a Síria sempre negou.

Mas, antes mesmo do assassinato de Hariri, as relações entre os dois países já estavam abaladas. A Síria está na lista americana de países que financiam o terrorismo desde 1979.

Em 2004, o Congresso dos Estados Unidos aprovou lei que proíbe a venda da maioria dos produtos americanos para a Síria e impôs sanções na área financeira.

  Novo embaixador A indicação do novo embaixador americano, Robert Ford, para a Síria era discutida desde a metade do ano passado.

Os Estados Unidos permanecem preocupados com o apoio da Síria ao grupo militante libanês Hezbollah. Além disso, o governo americano quer que Damasco ajude na estabilização do Iraque e influencie o Irã a abrir mão de seu programa nuclear.

Em troca, os Estados Unidos podem por fim às suas sanções contra a Síria e pressionar Israel a devolver as Colinas de Golã, ocupadas pelos israelenses desde a guerra de 1967.

A resolução do impasse entre Israel e Síria pode dar um grande impulso a um acordo de paz entre Israel e os palestinos, de acordo com analistas.

Em nota oficial, o governo americano disse que, se a indicação de Ford for aprovada pelo Senado, o novo embaixador vai dialogar com o governo sírio para saber como pode melhorar as relações entre os dois países e lidar com áreas onde há preocupações.

Mas políticos republicanos criticaram a indicação ao afirmar que a medida recompensa um inimigo americano.

"Com esta indicação, nossa política externa novamente corre o risco de enviar a mensagem de que é melhor ser um inimigo intratável do que um aliado cooperativo e leal dos Estados Unidos", disse a republicana Ileana Ros-Lehtinen, da Comissão de Relações Exteriores do Congresso americano.

  Aposta O analista da BBC Jonathan Marcus diz que a Síria é um elemento-chave na região e não pode ser ignorada. Ele lembra que os esforços americanos do passado para isolar o governo de Damasco não tiveram apoio.

Os aliados europeus de Washington continuaram desenvolvendo laços diplomáticos e comerciais com o país, com a França na liderança. Por isso, prosseguir com a política de semi-isolamento agora parece contraproducente para os americanos.

Marcus afirma que, no início, os Estados Unidos colocaram um preço elevado para ter um diálogo com os sírios, em uma tentativa de afastar o país do Irã, mas esse objetivo se mostrou ilusório.

Segundo o analista da BBC, o governo americano teve que recalibrar suas expectativas, e a restauração de relações diplomáticas plenas com a Síria é uma aposta, mas resta saber o que a Síria estará disposta a dar em troca.

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