Os EUA reconheceram nesta sexta-feira (15) o Conselho Nacional de Transição (CNT) dos rebeldes anti-Kadhafi da Líbia como um governo legítimo, um reforço diplomático que pode possibilitar a liberação de bilhões de dólares em bens congelados para os oposicionistas.
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que Washington vai reconhecer formalmente o conselho, sediado em Benghazi, enquanto não for possível estabelecer um governo interino plenamente representativo.
"Hoje o CNT ofereceu garantias importantes, incluindo a promessa de empreender um processo de reforma democrática que seja geográfica e politicamente inclusivo", disse Hillary em declarações previamente redigidas.
"Até que uma autoridade interina tome posse, os EUA vão reconhecer o CNT como a autoridade governante legítima da Líbia. Vamos tratar com eles nessa base", acrescentou.
O anúncio de Hillary foi feito no momento em que o Grupo de Contato da Líbia, reunido em Istambul, reconheceu formalmente a oposição como representante da população líbia , formalizando seu status diplomático de governo sucessor ao ditador Muammar Kadhafi.
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, durante encontro sobre a Líbia,
nesta sexta-feira (15), em Istambul, na Turquia (Foto: AP)
Composto por mais de 30 governos e organizações internacionais e regionais, o grupo de contato também autorizou o enviado especial da ONU Abdul Elah Al-Khatib a apresentar termos para Kadhafi deixar o poder, em um pacote político que vai incluir um cessar-fogo para encerrar os combates na guerra civil.
Hillary disse que qualquer acordo a ser fechado "terá que envolver a saída de Kadhafi" do poder e o fim da violência.
'A população da Líbia está cada vez mais olhando para além de Kadhafi. Ela sabe, como todos nós sabemos, que não é mais questão de se Kadhafi vai deixar o poder, mas de quando', disse ela.
Autoridades norte-americanas disseram que a decisão de dar o reconhecimento diplomático formal ao CNT assinala um passo importante em direção ao desbloqueio de mais de US$ 34 bilhões em ativos líbios nos Estados Unidos, mas avisaram que ainda pode levar tempo para que o dinheiro esteja disponível.
O presidente dos EUA, Barack Obama, assinou em 25 de fevereiro uma ordem executiva congelando os bens de Kadhafi, seus familiares e altos funcionários líbios, do governo líbio, do banco central e dos fundos soberanos do país.
A maior parte dos bens congelados é dinheiro líquido sob a forma de dinheiro vivo e títulos de crédito.
Autoridades norte-americanas se comprometeram a encontrar maneiras de liberar parte do dinheiro para o CNT, que, ao mesmo tempo em que assume mais responsabilidades de governo, vem ficando sem dinheiro para pagar salários e serviços básicos.
As discussões com o Congresso sobre os mecanismos para a liberação do dinheiro esbarram em questões legais complicadas, algumas das quais podem ser eliminadas pelo reconhecimento do CNT como governo legítimo da Líbia.
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