MENU

Mundo

Governos árabes pressionam YouTube para bloquear acesso a filme anti-islâmico

Governos árabes pressionam YouTube para bloquear acesso a filme anti-islâmico

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:10

BBC

Debate entre liberdade de expressão e divulgação de conteúdo extremista ganha força com aumento de protestos em países de maioria muçulmana

Com a escalada dos protestos contra o filme anti-islâmico que satiriza o profeta Maomé, governos de todo o mundo árabe reiteraram o pedido ao YouTube para bloquear o acesso ao vídeo, prometendo retaliações caso a solicitação não seja cumprida.

A Árabia Saudita foi a última nação a se juntar à lista que reivindica a retirada do ar do filme \"Inocência dos Muçulmanos\". Produzida nos Estados Unidos, o vídeo tem provocado manifestações por toda a região nos últimos dias. Segundo as autoridades sauditas, se o Google, dono do YouTube, não cooperar, o próprio governo bloqueará o acesso ao site dentro do país.

O Google já havia rejeitado uma solicitação da Casa Branca para remover o vídeo do site e bloquear seu acesso na Líbia, Egito, Indonésia e Índia. A companhia americana alega que já está atuando onde o material é considerado ilegal.

Em um comunicado oficial, o rei Abdullah, da Arábia Saudita, afirmou que o YouTube seria bloqueado caso o Google não concordasse em remover os links para o vídeo. O departamento de comunicação e tecnologia de informação do país também pediu a cidadãos sauditas e expatriados para denunciar se descobrirem links para o filme que difama Maomé.

"Isso é considerado um dever religioso de cada muçulmano, de forma a prevenir qualquer relato de blasfêmia ao nosso Profeta e à nossa religião\", afirmou o comunicado divulgado através da agência estatal SPA.

Rússia

O governo da Rússia também pediu para que o material fosse bloqueado no país. Um tribunal russo está atualmente considerando se classificaria o vídeo como \"extremista\".

Se for classificado dessa forma, todo o YouTube seria bloqueado, como parte de uma nova e controversa legislação cuja vigência começa no próximo dia 1º de novembro.

Segundo os termos dessa lei, o conteúdo digital classificado como extremista ou ofensivo seria colocado numa espécie de lista negra nacional e, posteriormente, teria o acesso bloqueado a todos os provedores de serviço de Internet dentro do país.

"Isso soa como se fosse uma piada, mas, por causa desse vídeo...todo o YouTube poderia vir a ser bloqueado em toda a Rússia\", escreveu no Twitter o próprio ministro da Comunicação da Rússia, Nikolai Nikiforov. \"Se houver uma decisão e o YouTube não retirar o vídeo, então o acesso será limitado\", acrescentou.

Resposta radical

Jim Killock, diretor-executivo da entidade Open Rights Group, de defesa dos direitos humanos, afirmou que tal proibição seria \"uma resposta desproporcional e radical\" dada pela Rússia.

"Trata-se de um caso extremamente estranho - uma atitude tomada por um indivíduo está sendo generalizada como sendo a do governo americano por motivos políticos e nós precisamos ter uma discussão sobre por que isso está acontecendo e se ela é razoável ou não\", afirmou Killock à BBC.

"Mas as companhias envolvidas nessa polêmica devem resistir a todo custo tais \'solicitações\', exceto se elas tiverem de obedecer leis nacionais e isso é completamente razoável\", acrescentou.

Um representante do YouTube afirmou à BBC: \"Nós trabalhamos duro para criar uma comunidade na qual todo mundo pode se divertir e que também permite às pessoas expressar suas diferentes opiniões acerca de vários temas. Isso pode ser um desafio, porque o que é legal em um país pode ser ofensivo em outro\".

"Esse vídeo enquadra-se claramente dentro das nossas regras e, assim, ele não tem razão de ser excluído do YouTube. No entanto, nós temos restringido o acesso ao filme em países onde ele é ilegal, como a Índia e a Indonésia, tal como na Líbia.

Princípios do Google

Mas Rachel Whetstone, diretora global de comunicação e RP do Google para a Europa, Oriente Média e África, escreveu em um blog que a companhia americana não pode ser \"o árbitro do que pode ou não pode aparecer na web\".

"Nós tentamos levar em conta as culturas locais e suas necessidades - que variam dramaticamente ao redor do mundo - quando desenvolvemos e implementamos nossas políticas de produtos globais\", afirmou ela.

"Tratar de temas controversos é, sem dúvida, um dos maiores desafios que nós enfrentamos hoje\", concluiu Whetstone.


Guiame

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições