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Mesmo após repressão, brasileiros seguem se prostituindo na Espanha

Mesmo após repressão, brasileiros seguem se prostituindo na Espanha

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:13

Uma semana depois de uma grande ação da polícia espanhola contra a prostituição masculina , homens e mulheres de nacionalidade brasileira continuam se vendendo na capital, Madri.

A maioria já não é vista nas ruas, mas eles continuam atendendo aos anúncios publicados nos jornais e na internet. Muitos dizem trabalhar independentemente, ou seja, sem a intermediação de um cafetão.

Diferentemente da situação dos homens, que afirmam ganhar até 10 mil euros (quase R$ 22 mil) numa noite, as mulheres que se prostituem ganham bem menos.

A reportagem ligou para mais de dez brasileiras, mas só uma aceitou falar. Ela é do Tocantins, diz estar na Espanha há menos de um ano, mas em três meses espera voltar a sua terra natal.

“Conseguimos em média 16 euros (R$ 35) por hora, não compensa levar uma vida assim. Vou voltar porque aqui não tenho permissão para trabalhar e não posso buscar um emprego”, conta. Poucas prostitutas procuram ajuda ou denunciam seus malfeitores. Em 2010, 52 brasileiras procuraram o “Proyecto Esperanza”, uma ONG que ajuda mulheres que sofrem algum tipo de abuso. Eles já ajudaram vítimas de 22 nacionalidades, e menos de 1% do total chegam a ter uma indenização. As brasileiras eram 9% das vítimas.

Aquelas que apontam seus exploradores conseguem a permissão de residência na Espanha por colaborar com a luta contra esta prática ilegal. Uma delas é uma brasileira que saiu de seu país há seis meses.

“Eu não sabia que, ao denunciar a máfia, conseguiria o direito de continuar aqui e até ter um visto para trabalhar. Quando denunciamos, estamos sem dinheiro, sem roupa, não falamos bem o idioma e estamos emocionalmente feridas. É muito bom saber que poderei lutar e ter as mesmas possibilidades que qualquer pessoa”, explica.

Ainda assim, ela reclamou da demora para que sua situação se regularize. ”A burocracia é grande. Temos famílias no Brasil que precisam do dinheiro que ganhávamos e que ganharemos quando pudermos trabalhar”.

Segundo a ONG, a maioria das brasileiras que conseguem o visto, trabalham com serviços domésticos ou em hotelaria. Cárcere privado

Não é segredo para a comunidade brasileira na Espanha que é grande o número de conterrâneos vendendo o corpo em várias regiões do país. Mas os casos mais difíceis de chegar a público são os de cárcere privado.

Há casas que prendem as vítimas e as obrigam a se prostituirem. Sem contato com o mundo externo -além do contato com os clientes-, essas mulheres muitas vezes demoram para conseguir pedir ajuda.

A jovem namorava havia cinco anos, e o casal decidiu ir para Madri em busca de uma vida melhor. Entretanto, chegando na Espanha, o namorado vendeu a moça para a máfia.

Ela foi obrigada a vender seu corpo e permaneceu em cárcere privado. Depois de alguns meses, conseguiu pedir ajuda a uma amiga que falou com brasileiros residentes na Espanha. Eles a resgataram e a levaram para Portugal. Ali, trabalhou durante três meses como empregada da família. Com dinheiro para a passagem, a jovem voltou para o Brasil.

Prostituição legal

A prostituição não é ilegal na Espanha, mas podem ser presos todos os envolvidos que estiverem ilegalmente no país, que é o caso de muitos homens e mulheres que vendem seu corpo. Já a indução ou exploração da mulher -caso mais comum-, é crime. Por isso, clientes, cafetões e anunciantes podem ser presos.

Segundo dados do Ministério da Justiça, de 2008 até agora foram desarticuladas mais de 300 organizações em toda Espanha, e cerca de 3.000 vítimas foram liberadas. No entanto, segundo a Guarda Civil, mais de 90 mil mulheres trabalham nesta atividade, movimentando cerca de 18 bilhões de euros ao ano.

As regiões com maior índice de prostituição são Andaluzia, Valencia e Madri. São redes romenas, russas, nigerianas, chinesas, brasileiras e de outros países da América espanhola.

Além das ações da polícia deste mês, em julho a polícia fechou 13 centros em zonas privilegiadas de Madri em que a prostituição era captada principalmente por meio de anúncios. Foram detidas 105 pessoas e liberadas 350 mulheres.

O lucro só desta rede estava em cerca de 700 mil euros mensais. Calcula-se que o investimento em anúncios era de 150 mil euros por mês. O serviço contava com oito telefonistas que atendiam aos clientes. Além deste, foram desmantelados sete prostíbulos “especializados” em asiáticas na capital espanhola. Foram presos 11 proxenetas, e 14 jovens chinesas foram libertadas.

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