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"O mundo ficou mais cego hoje", diz Fernando Meirelles sobre morte de Saramago

"O mundo ficou mais cego hoje", diz Fernando Meirelles sobre morte de Saramago

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:24

O cineasta Fernando Meirelles divulgou um comunicado sobre a morte, no início desta manhã, do escritor português José Saramago, cujo livro ''Ensaio Sobre a Cegueira'' foi adaptado pelo brasileiro para os cinemas.

''A lucidez naquele grau é um privilégio de poucos, não consigo escapar do clichê, mas definitvamente o mundo ficou ainda mais burro e ainda mais cego hoje'', escreveu Meirelles sobre a morte de Saramago.

''A última vez que me encontrei com Saramago foi em Penafiel, em Portugal, em novembro passado, onde ele foi homenageado'', escreve Meirelles.

''Saramago era um homem lógico, dizia que a morte é simplesmente a diferença entre o estar aqui e já não mais estar. Combatia as religiões com fúria, dizia que elas nos embaçam a visão, mesmo assim, não consigo deixar de pensar que adoraria que neste momento ele estivesse tendo que dar o braço a torcer ao ser surpreendido por algum outro tipo de vida depois desta que teve por aqui'', diz o cineasta.

O cineasta diz ainda que estava convivendo muito com o escritor ultimamente, por conta de um documentário que está coproduzindo, chamado ''José e Pilar'', dirigido pelo português Miguel Mendes, sobre os últimos anos do Saramago e sua mulher.

''O filme é comovente de cortar os pulsos, vemos ali um homem brilhante que sabe que seu tempo está acabando e tem muita pena de morrer. O dia no qual ele pensava constantemente e que tentou adiar, chegou'', afirma Meirelles.

Fernando Meirelles e José Saramago em 2008 na apresentação de ''Ensaio sobre a Cegueira''

Leia a íntegra da nota de Meirelles:

''A última vez que me encontrei com Saramago foi em Penafiel, em Portugal, em novembro passado, onde ele foi homenageado, mas na verdade tenho convivido muito com ele ultimamente pois a O2 Filmes está co-produzindo um documentários chamado José e Pilar, dirigido pelo português Miguel Mendes, sobre os últimos anos do Saramago e sua mulher.

O filme é comovente de cortar os pulsos, vemos ali um homem brilhante que sabe que seu tempo está acabando e tem muita pena de morrer. O dia no qual ele pensava constantemente e que tentou adiar, chegou.

Saramago era um homem lógico, dizia que a morte é simplesmente a diferença entre o estar aqui e já não mais estar. Combatia as religiões com fúria, dizia que elas nos embaçam nossa visão, mesmo assim não consigo deixar de pensar que adoraria que neste momento ele estivesse tendo que dar o braço a torcer ao ser surpreendido por algum outro tipo de vida depois desta que teve por aqui.

A lucidez naquele grau é um privilégio de poucos, não consigo escapar do clichê mas definitvamente o mundo ficou ainda mais burro e ainda mais cego hoje.

Fernando ''

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