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"Obrigado e adeus", dirá última edição de jornal imerso em escândalo

"Obrigado e adeus", dirá última edição de jornal imerso em escândalo

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:35

A última edição do tabloide "News of the World" deve chegar às bancas britânicas neste domingo com uma capa que diz apenas "Obrigado e adeus".

O jornal, o mais vendido do Reino Unido aos domingos, com 2,8 milhões de exemplares, deixará de circular após 168 anos, em meio a um escândalo de grampos ilegais que está causando comoção no país.

Acredita-se que a edição final bata recordes de vendas: ganhará uma tiragem de quase 5 milhões de cópias neste domingo.

O jornal é acusado de ter interceptado milhares de ligações telefônicas de celebridades, políticos, soldados britânicos e pessoas de interesse midiático, como crianças desaparecidas.

O escândalo veio à tona pela primeira vez em 2006, mas ganhou proporção nos últimos dias, com a denúncia de que um detetive que trabalhava para o tabloide teria grampeado o telefone celular de Milly Dowler, uma menina de 13 anos que desapareceu em 2002.

A manipulação das mensagens, ainda em 2002, fez a polícia e a família da adolescente acreditarem que ela ainda estaria viva, já que sua caixa postal continuava em atividade. O corpo foi encontrado depois.

Logo após a revelação do caso, os jornais britânicos noticiaram que, em busca de histórias exclusivas, o "News of the World" teria feito escuta nos celulares de parentes de vítimas dos atentados de 7 de julho de 2005, em Londres, e de familiares de soldados britânicos mortos no Afeganistão e no Iraque.

O escândalo fez com que Rupert Murdoch, dono do conglomerado que publica o "News of the World", anunciasse o fechamento do jornal. O magnata deve chegar a Londres neste fim de semana, para lidar com os desdobramentos da crise.

EX-EDITOR

Outro desdobramento foi a prisão, na última sexta-feira, do ex-porta-voz do primeiro-ministro britânico e ex-editor do jornal britânico News of the World, Andy Coulson.

Coulson é suspeito de ter avalizado as escutas telefônicas realizadas por repórteres do jornal e por detetives a serviço do News of The World.

O jornalista foi libertado ainda nesta sexta-feira, sob fiança, após nove horas de interrogatório, em que negou ter conhecimento dos grampos.

Coulson editou o tabloide entre 2003 e 2007 e renunciou ao comando da publicação no mesmo ano, após um de seus repórteres e um detetive terem sido condenados por grampear telefones de integrantes da família real britânica.

No início deste ano, ele renunciou ao cargo de porta-voz de David Cameron, após terem surgido novas denúncias de várias outras invasões de telefones de políticos e celebridades envolvendo jornalistas do "News of The World".

Em discurso na sexta-feira, o premiê britânico, David Cameron, chamou para si a responsabilidade pela contratação de Coulson.

"Havia decidido lhe dar uma segunda chance, mas não funcionou. A decisão de contratá-lo foi exclusivamente minha", declarou o premiê, que também criticou os políticos por "fazer vista grossa" a más práticas jornalísticas. Ele já havia pedido uma investigação sobre o escândalo de grampos.

DEMISSÕES

O "News of The World" conta com uma equipe de cerca de 200 profissionais, que provavelmente perderão seus empregos.

Na noite deste sábado, todos saíram juntos do prédio do jornal --cada um carregando uma cópia da edição final-- ao encontro da imprensa. O editor do periódico, Colin Myler, fez um "tributo a essa equipe maravilhosa", em referência a seus funcionários.

O Sindicato dos Jornalistas Britânicos protestou contra o fechamento do jornal, afirmando que a medida é de um "oportunismo cínico'' e que prejudica somente jornalistas profissionais e free lancers, poupando os altos executivos do conglomerado responsável pelo tabloide.

De acordo com o sindicato, quem deveria ser demitida é Rebekah Brookes, executiva-sênior do grupo News International, o braço de jornais britânicos da News Corp, e ex-editora do "News of The World" entre 2000 e 2003.

A executiva conta com a confiança de Rupert Murdoch, que já disse que pretende mantê-la no cargo.

Além de controlar alguns dos principais jornais do país, Murdoch também negocia a compra da subsidiária britânica da operadora de TV a cabo Sky. O magnata teme que o escândalo possa atrapalhar seus planos.  

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