Paquistaneses suspeitam que Bin Laden tinha informações privilegiadas

  Os paquistaneses da cidade de Abottabad, onde estava escondido e foi morto o líder terrorista Osama bin Laden , desconfiam que alguém do segundo escalão pudesse estar dando informações privilegiadas ao chefe da al-Qaeda, relatam os enviados especiais da Rede Globo Marcos Losekann e Sergio Giltz, que estão na cidade.

Militares e civis demoram para falar, segundo eles. Mas, quando eles se identificam como brasileiros, fica mais fácil. As opiniões levam a crer que as pessoas desconfiam das autoridades -se não do primeiro escalão, pelo menos do segundo.

A equipe chegou a 300 metros da casa onde Bin Laden foi morto na madrugada de segunda-feira. Losekann chegou a pé até a casa.     A área é militar, cheia de quartéis. Há pelo menos 20. Entre eles, a academia militar do Paquistão. É um lugar muito guarnecido.

Uma das hipóteses é que ele tivesse informantes dentro do governo paquistanês. Com essa ação militar dos Estados Unidos, feita sem conhecimento do Paquistão, o país ficou em "saia justa".

Questionado sobre como foi possível Bin Laden se esconder tão perto das forças de segurança, os paquistaneses não disfarçam a vergonha.

A opinião dos cidadãos paquistaneses sobre a morte de Osama é dividida. Os mais religiosos acham que não era o caso de matá-lo. Podiam tê-lo prendido e levado para uma prisão, mesmo que nos EUA.

Mas a grande maioria acha o desfecho saudável para a imagem do próprio Paquistão e do Islã, que necessitam de mudança.

A desconfiança que Osama bin Laden estivesse na casa foi o que causou o desfecho. Mas essa desconfiança demorou para acontecer. As pessoas que moram nas redondezas não desconfiaram que a casa era chique.

É normal para os padrões daqui em termos de aparência. Lá dentro era um palacete, segundo as pessoas que tiveram acesso ao local.

O que chamou atenção no local foi a movimentação, pessoas entrando na calada da noite, muito discretas. Não havia número de telefone ou internet.