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Reino Unido terá 1º comercial de clínicas de aborto na TV

Reino Unido terá 1º comercial de clínicas de aborto na TV

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:24

Uma organização que reúne clínicas onde são feitos abortos e que dá aconselhamento sobre o tema vai veicular um comercial nesta segunda-feira pela primeira vez na televisão britânica.

A campanha da Mary Stopes International, que lida com gestações indesejadas e abortos, tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre a saúde sexual, segundo a organização.

O comercial de 30 segundos será mostrado na emissora Channel 4 às 22h10 do horário local (18h10 na hora de Brasília) e será repetido na programação até o fim de junho.

Ativistas antiaborto dizem que o comercial representa uma banalização da vida humana e que podem entrar na justiça contra sua transmissão.

"Apoio e conselhos"

No seu website britânico, a Marie Stopes diz ter nove clínicas de aborto em toda o Reino Unido.

O comercial não menciona a palavra aborto, mas pergunta "você está atrasada? (no seu ciclo menstrual)" e aconselha quem está enfrentando uma gravidez indesejada a procurar a linha de atendimento 24 horas da organização.

A Marie Stopes, que não tem fins lucrativos, diz que quem telefonar receberá "apoio, conselhos e serviços sem julgamento".

Em um comunicado, a organização diz que "no passado não estava claro se serviços de aconselhamento para gestações não planejadas podiam colocar anúncios na TV (...) Após uma consulta, nós descobrimos que é permitido sob a atual orientação porque nós somos uma organização beneficente e não comercial".

O órgão que controla a publicidade no Reino Unido, a Advertising Standards Agency (ASA), disse que faz muito tempo que organizações não-comerciais que fornecem serviços pós-concepção vêm sendo autorizadas a fazer comerciais.

Um porta-voz do órgão disse que "qualquer comercial que é veiculado precisa obedecer todas as regras relevantes do Código de Publicidade, que tem o objetivo de garantir que os anúncios não são enganosos e são socialmente responsáveis".

"Se os telespectadores tiverem preocupações sobre o conteúdo ou o horário de transmissão do anúncio, a ASA poderá considerar reclamações depois que o comercial for ao ar."

Números

Os últimos dados oficiais, de 2008, dizem que houve 195.300 abortos na Inglaterra e no País de Gales e 13.817 na Escócia.

A Marie Stopes diz que cerca de 80% dos abortos que fez em 2009 foram realizados graças ao sistema público de saúde, que pagou pelos procedimentos.

"Apenas no ano passado nós recebemos 350 mil ligações para nossa linha 24 horas. Claramente há centenas de milhares de mulheres que querem e precisam de informação e conselhos sobre saúde sexual e acesso a serviços", disse a presidente da organização, Dana Hovig.

"Nós esperamos que a nova campanha "Você está atrasada?" incentive as pessoas a falarem sobre suas escolhas, incluindo o aborto, de forma mais aberta e honesta, e que dê poder para que as mulheres tomem decisões confiantes e informadas sobre sua saúde sexual", disse.

Legalidade

A porta-voz da organização antiaborto Life, Michaela Aston, disse que "permitir que provedores de aborto anunciem na TV, como se não fossem diferentes de fábricas de carro ou detergente, é grotesco".

"Sugerir que o aborto é mais uma decisão de consumo banaliza a vida humana e completamente fere o espírito da Lei do Aborto, de 1967, que deveria permitir um número pequeno de abortos legais em um número limitado de casos sérios, mas que vem sendo distorcida para permitir abortos em massa."

A Sociedade de Proteção de Crianças Não-Nascidas disse que está buscando aconselhamento sobre a legalidade do comercial.

O porta-voz da organização Anthony Ozimic disse que a "o enorme lucro multinacional da Marie Stopes significa que pode pagar para anunciar na TV, o que é muito caro".

"Isso cria um campo injusto, já que grupos pró-vida simplesmente não podem pagar por tais comerciais."

"Anúncios de aborto irão banalizar o aborto. É um insulto às centenas de mulheres feridas pelo aborto todos os dias. Esses anúncios são ofensivos e irão iludir os telespectadores sobre a realidade do aborto", disse Ozimic.

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