Um analista de inteligência do Exército acusado de promover o maior vazamento de documentos sigilosos na história dos EUA compareceu nesta sexta-feira (16) à primeira audiência de um processo que pode resultar na sua condenação à prisão perpétua.
O soldado Bradley Manning, que completa 24 anos no sábado, é suspeito de ter fornecido no ano passado centenas de milhares de documentos militares e diplomáticos divulgados pelo site WikiLeaks. Os textos mostravam opiniões francas - e eventualmente constrangedoras - de funcionários norte-americanos sobre outros países, e o governo norte-americano disse que o vazamento pôs em risco a segurança nacional.
As audiências de instrução do processo devem ir até o dia 23. Uma das acusações contra Manning é a de "ajudar inimigos" dos EUA. Nem a defesa nem a promotoria revelaram a estratégia a ser usada, mas os promotores esperam reunir evidências suficientes para submeter o soldado a julgamento numa corte marcial geral, sob 22 acusações.
Em nota, o Exército disse que Manning pode ser condenado à prisão perpétua, redução de patente e exoneração com desonra, além de perder benefícios financeiros.
Manitestantes favoráveis a Bradley Manning protestam nesta sexta-feira (16) em Fort Meade, no estado americano de Maryland (Foto: AP) A acusação de auxílio ao inimigo poderia acarretar a pena de morte, mas o Exército sinalizou que não pretende solicitá-la.
Manning foi detido em maio de 2010, no Iraque, inicialmente sob suspeita de ter se apropriado indevidamente de um vídeo que mostrava o ataque de um helicóptero que matou 12 pessoas no Iraque, inclusive dois jornalistas da Reuters, em 2007.
As acusações adicionais foram imputadas no começo deste ano.
A audiência de instrução aconteceu sob forte esquema de segurança no quartel Fort Meade, em Maryland, onde fica a sede da Agência de Segurança Nacional.
Simpatizantes do soldado fizeram manifestações na sexta-feira e no sábado, e participantes do movimento anticapitalista Ocupe Wall Street aderiram.
Os apoiadores de Manning o veem como um herói, e alguns consideram que a divulgação dos documentos sigilosos, falando abertamente sobre a corrupção em diversos países, contribuiu para as revoltas da Primavera Árabe no Oriente Médio e Norte da África.
Manning foi descoberto depois de se gabar das suas atividades ao ex-hacker Adrian Lamo, que o denunciou às autoridades, segundo relato de Lamo à Reuters.
Lamo diz que o soldado levava para o trabalho um CD regravável de música, que ele apagava e usava para guardar documentos sigilosos aos quais tinha acesso na qualidade de analista de informação na Segunda Brigada da Décima Divisão de Montanha, estacionada no Iraque.
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