O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, assinou nesta sexta-feira (27) um acordo de livre comércio e cooperação política com a União Europeia, após meses de protestos e confrontos que levaram a uma crise com a Rússia, sinalizando uma ruptura histórica com o país.
“Nos últimos meses, a Ucrânia pagou o preço mais alto possível para tornar seus sonhos europeus realidade”, disse o presidente aos líderes europeus durante a cerimônia de assinatura do acordo em Bruxelas.
O acordo de associação UE-Ucrânia é o mesmo que o antecessor de Poroshenko, o destituído Viktor Yanukovitch, se recusou a assinar em novembro, o que provocou uma onda de protestos, a queda de Yanukovitch e o conflito com a Rússia, que anexou em março a Crimeia a seu território.
A Geórgia e a Moldávia assinaram acordos semelhantes, o que aponta para a perspectiva de ampla integração econômica e livre acesso ao mercado da UE, de 500 milhões de habitantes. Os pactos alarmaram o governo russo, que teme perder influência sobre as ex-repúblicas soviéticas.
O acordo de associação, inédito na história da UE, representa uma ampla cooperação com os três países em troca de compromissos na luta contra a corrupção e para avançar em um Estado de direito.
"É um grande dia para a Europa. A União Europeia está a seu lado, hoje mais do que nunca", declarou Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu.
Petro Poroshenko, o primeiro-ministro georgiano, Irakli Garibashvili, e o primeiro-ministro moldávio, Yuri Leanca, assim como os 28 chefes de Estado e de Governo da UE, assinaram o acordo durante uma reunião de cúpula em Bruxelas.
"Que grande dia! Possivelmente o mais importante para meu país desde a independência em 1991", declarou Poroshenko.
"As evoluções históricas são inevitáveis", completou o presidente ucraniano. Ele destacou que o acordo será aplicado em toda Ucrânia, "inclusive na Crimeia".
Van Rompuy afirmou que "nada, no acordo, afeta a Rússia".
"O acordo é positivo. Não foi feito contra ninguém", disse o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.
Poroshenko assinou ainda o segundo capítulo do acordo de associação, concretamente sobre o comércio, que pretende suprimir a maioria das barreiras alfandegárias entre a Ucrânia e os países da UE.
O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, assinou na terça-feira o primeiro capítulo, de ordem política.
Rússia
O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Grigori Karasin, advertiu para as consequências.
"A assinatura por parte de Ucrânia e Moldávia do acordo terá graves consequências", declarou à agência Interfax.
Por sua vez, o chefe do comitê parlamentar para Assuntos Internacionais, Alexei Pushkov, assinalou que a Ucrânia perderá até US$ 40 bilhões em um ano após abrir suas fronteiras aos mercados da União Europeia.
"A Ucrânia não poderá vender seus produtos ao mercado russo nas mesmas condições que antes, já que cada zona de livre-comércio tem suas exigências, e devido a isto Rússia terá que revisar as condições nas quais comercializamos com a Ucrânia", disse o deputado da governamental Rússia Unida.
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