Fernando Soares Lemos, conhecido como
Fernando Baiano, envolvido na Operação Lava Jato
da Polícia Federal (Foto: Reginaldo Teixeira/Veja)
O lobista Fernando Soares, conhecido como "Fernando Baiano", apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção que atuava na Petrobras, se entregou na tarde desta terça-feira (18) na sede da Polícia Federal, em Curitiba. O advogado dele, Mário de Oliveira Filho, afirmou na segunda-feira (17) que o cliente é usado como "bode expiatório" na operação Lava Jato. Baiano era considerado foragido da polícia.
"O Fernando está sendo usado como bode expiatório e ele não tem nada com o PMDB, com ninguém, absolutamente ninguém, nada, zero de PMDB", disse o advogado na segunda-feira.
De acordo com Mário de Oliveira Filho, Soares havia se colocado à disposição para colaborar com a investigação da PF assim que foram divulgadas na imprensa informações sobre o seu suposto envolvimento no esquema de corrupção e pagamento de propinas na Petrobras, em abril deste ano.
Operador do PMDB
Ao depor à PF e ao Ministério Público Federal em outubro, o doleiro Alberto Youssef, considerado um dos líderes da organização criminosa desarticulada pela Lava Jato, disse à Justiça Federal do Paraná que Fernando Baiano operava a cota do PMDB no esquema de corrupção que tinha tentáculos na Petrobras.
O doleiro afirmou ao juiz federal que Fernando Baiano fazia a ponte entre a construtora Andrade Gutierrez com a estatal do petróleo. A assessoria de Michel Temer, presidente nacional do PMDB e vice-presidente da República, informou nesta sexta que o lobista “nunca teve contato institucional com o partido".
Habeas Corpus
Antes mesmo de Baiano se entregar à Polícia Federal, os advogados dele haviam tentado um pedido de habeas corpus, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. O pedido foi negado pela Corte.
O Tribunal ainda analisa o pedido da defesa de Eduardo Hermelino Leite. A decisão deve sair até o final do dia.
No sábado (15), o TRF-4 indeferiu outros seis pedidos de habeas corpus em nome de onze pessoas ligadas a empreiteiras. Segundo a assessoria de imprensa, não foram aceitos o habeas corpus para Eduardo Hermelino Leite, José Ricardo Nogueira Breghirolli, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, João Ricardo Auler, Dalton dos Santos Avancini, José Adelmario Pinheiro Filho, Alexandre Portela Barbosa, Mateus Coutinho de Sá Oliveira, Carlos Eduardo Strauch Albero, Newton Prado Júnior e Gerson de Mello Almada.
Prorrogação
Ainda nesta terça-feira, a Polícia Federal ingressou com um pedido na Justiça Federal para que a seja prorrogada a prisão temporária de seis, dos 17 presos da atual fase da Operação Lava Jato. De acordo com a PF, o objetivo é que eles permaneçam detidos, pelo menos, até domingo (23). Entre as pessoas cuja prorrogação foi solicitada está o ex-diretor da Petrobras, Renato Duque.
Além dele, os policiais federais também solicitaram a prorrogação da prisão temporária de Ricardo Ribeiro Pessoa, presidente da empreiteira UTC; José Aldemário Pinheiros Filho, presidente da Construtora OAS; Matheus Coutinho de Sá Oliveira, vice-presidente do conselho de administração da OAS; Walmir Pinheiro Santana, dirigente da UTC Participações; e Alexandre Portela Barbosa, funcionário OAS.
No documento enviado nesta terça ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, a PF justificou que é necessário prorrogar as prisões desses de seis suspeitos porque teria ocorrido o "vazamento" da deflação da mais recente fase da operação policial, ocorrida na última sexta-feira (14). Os policiais não deram detalhes sobre o suposto vazamento.
No entanto, a PF informou a Sérgio Moro que nove pessoas detidas temporariamente na semana passada já podem ser liberadas. O prazo dessas prisões temporárias se encerraria à meia-noite desta terça.
O magistrado do Paraná ainda não se posicionou sobre o pedido da Polícia Federal. Há a expectativa de que ele se manifeste sobre a eventual prorrogação das prisões ainda nesta terça.
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