Na última quinta-feira (13), 600 judeus identificados como sendo da tribo de Levi, realizaram um ensaio musical, nos degraus que levam ao Monte do Templo.
O local tem uma simbologia especial para eles, já que nos tempos antigos, os levitas cantavam nos 15 degraus, correspondendo aos 15 Cânticos de Ascensão e ao Salmo 15.
Conforme a Mishna — primeiro texto escrito da tradição oral judaica — sempre havia pelo menos 12 levitas em pé, na plataforma. Esse número, porém, poderia aumentar indefinidamente.
A ideia de reunir centenas de levitas, de acordo com Joshua Wander, do Israel 365 News, é para que eles já estejam preparados para desempenhar seu papel no Terceiro Templo.
Renovação do canto dos levitas
Joshua explica que o músico, Yitzchak Weiss, um dos organizadores do evento, entende que é necessário “trazer de volta o canto dos levitas e renová-lo”.
Weiss disse que a ideia surgiu quando ele era o diretor da escola de música Mizmor, em Givat, Washington. A escola foi inaugurada em 2010 com o objetivo de desenvolver o ensino superior em música para judeus observadores.
“Eu queria fazer algo especial para a música judaica, não apenas aprender música para ser cantor”, explicou ao compartilhar que decidiu formar um coro com todos os levitas.
“Os levitas desempenhavam várias funções no Templo, incluindo a guarda e o atendimento a todas as necessidades musicais”, continuou ao mencionar que as comunidades judaicas passam o legado dos levitas de pai para filho.
‘Por 2 mil anos, os levitas ficaram sem cantar’
Weiss explica que somente homens judeus cujos pais eram levitas são considerados elegíveis: “Eles são reconhecidos por honras notáveis em serviços religiosos e seu status como levitas está inscrito até mesmo em suas lápides”.
Segundo o músico, reunir um grupo de levitas era muito difícil, pois eles representam apenas cerca de 4% da população judaica.
Ao decidir fazer o ensaio em um só lugar, Weiss disse que conseguiu reunir 300 levitas, em 2019. Porém, depois disso veio a pandemia por Covid-19. Agora, no primeiro ensaio pós-pandemia, cerca de 600 levitas compareceram.
“Isso não é teoria ou prática, isso é tradição. Estamos trazendo de volta os levitas para cantar. Não sei se será assim no Terceiro Templo, mas por 2 mil anos, os levitas ficaram sem cantar”, lamentou.
“O Terceiro Templo é sobre a reunião dos exilados”
“Acredito que o Terceiro Templo é sobre a unidade e a reunião dos exilados”, disse Weiss ao mencionar que a música em si é do Oriente e do Ocidente, de todos os tipos de congregações e tradições.
Sobre os instrumentos, o músico disse que eles possuem piano, bateria e violoncelo, “mas também temos um qanun, um tipo de cítara do Oriente Médio, e um oud, que é um alaúde”, contou.
O qanun e o alaúde representam os instrumentos que estavam no Templo, onde havia instrumentos de sopro, cordas e percussão.
Apesar de não ser um levita, Weiss disse que quer resgatar esse contexto. “Essa é a minha visão. Eu quero ser, mas é tarde demais para mim”, lamentou.
Sobre o Terceiro Templo
O evento que busca resgatar a função dos levitas foi co-patrocinado pelo município de Jerusalém.
“Esse é um detalhe importante. O governo municipal está ajudando a preparar o Terceiro Templo”, apontou Joshua Wander.
Durante uma visita ao Monte do Templo, em maio deste ano, o parlamentar israelense Itamar Ben-Gvir declarou: “Chegou a hora de aprovar a construção de uma sinagoga judaica no Monte do Templo”.
Segundo o Israel 365 News, sua declaração faz relação com o Terceiro Templo, porém, o local ainda é motivo de disputa e tensão entre judeus e árabes.
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