Nesta terça-feira (18) pela manhã, o cessar-fogo de quase dois meses entre Israel e o Hamas chegou ao fim. Sob ordens do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, as Forças de Defesa de Israel (IDF) realizaram dezenas de ataques em Gaza, justificando a ação pela "repetida recusa" do grupo terrorista em liberar reféns israelenses.
Segundo números não verificados do ministério da saúde administrado pelo Hamas, pelo menos 404 palestinos, incluindo crianças, foram mortos, sem distinção entre civis e combatentes. Além disso, 562 pessoas ficaram feridas.
O gabinete de Netanyahu afirmou que a retomada dos ataques logo após a meia-noite foi motivada pela "recusa repetida do Hamas em libertar nossos reféns, bem como sua rejeição de todas as propostas que recebeu do enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e dos mediadores".
Em seu perfil no X, as IDF informaram que junto com a ISA (Agência de Segurança de Israel) continuam a atacar alvos terroristas pertencentes às organizações terroristas Hamas e Jihad Islâmica Palestina em Gaza.
“Os alvos atingidos nas últimas horas incluem células terroristas, postos de lançamento, estoques de armas e infraestrutura militar adicional usada por essas organizações terroristas para planejar e executar ataques contra civis israelenses e soldados das FDI”.
⭕️The IDF and ISA are continuing to strike terror targets belonging to the Hamas and Palestinian Islamic Jihad terrorist organizations across Gaza.
— Israel Defense Forces (@IDF) March 18, 2025
The targets struck over the past few hours include terrorist cells, launch posts, weapons stockpiles, and additional military… pic.twitter.com/WYWEOG3BYi
O Hamas manteve os termos originais do acordo, exigindo a retirada de Israel de Gaza e o fim permanente da guerra em troca dos reféns. Netanyahu, porém, afirmou que a guerra só terminará com a destruição das capacidades do Hamas.
Como resultado, Israel se negou a continuar as negociações sobre os termos da segunda fase, previstas para iniciar em 3 de fevereiro.
Mesmo assim, o cessar-fogo durou aproximadamente duas semanas e meia após o fim da primeira fase, enquanto mediadores tentavam estabelecer novos termos para prolongar a trégua.
Reconhecendo a resistência de Israel à fase dois, Witkoff sugeriu prolongar a fase um por semanas, com a libertação de cinco reféns. O Hamas rejeitou, e o enviado dos EUA alertou sobre possíveis consequências.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou à Fox News que Israel buscou a aprovação do governo Trump antes de iniciar os ataques.
"Como o presidente Trump deixou claro: Hamas, os Houthis, o Irã – todos aqueles que buscam aterrorizar, não apenas Israel, mas também os Estados Unidos da América – enfrentarão as consequências. O inferno será instaurado", disse ela.
"O Hamas poderia ter libertado reféns para estender o cessar-fogo, mas escolheu a recusa e a guerra", afirmou separadamente Brian Hughes, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, ao The Times of Israel.
O presidente Trump desempenhou um papel crucial no cessar-fogo, com Witkoff pressionando Netanyahu a aceitar o acordo de reféns em janeiro. Apesar de sua campanha para acabar com guerras, Trump mostrou impaciência com o Hamas, ameaçando-o com destruição caso os reféns não fossem libertados.
Em um comunicado na terça-feira, o Hamas afirmou que a decisão do governo de Netanyahu de "anular o acordo de cessar-fogo" coloca os reféns "em um destino incerto".
O Hamas solicitou aos mediadores – EUA, Catar e Egito – que atribuíssem a Netanyahu total responsabilidade pela violação do cessar-fogo.
O Hamas apelou aos países árabes e muçulmanos para que apoiem a "resistência palestina" com o objetivo de "quebrar o bloqueio injusto em Gaza". Além disso, pediu ao Conselho de Segurança da ONU uma reunião urgente para aprovar uma resolução que exija a interrupção da "agressão" de Israel.
O gabinete de Netanyahu afirmou que Israel aumentará a força militar contra o Hamas, buscando desmantelar suas capacidades e garantir o retorno dos 59 reféns restantes.
Reféns
As famílias dos reféns têm argumentado que esses objetivos são contraditórios e alertam que a retomada dos conflitos pode colocar em perigo a vida de seus entes queridos.
Lishay, esposa do refém Omri Miran, compartilhou um emoji de coração partido em um tuíte após o início dos ataques. A ex-refém Noa Argamani fez o mesmo.
Pesquisas recentes mostram que a maioria dos israelenses compartilha a opinião das famílias dos reféns, defendendo o fim da guerra em troca da libertação deles.
No entanto, as pesquisas também revelaram que uma parcela significativa dos eleitores da coalizão apoia a retomada da guerra. Além disso, os parceiros linha-dura de Netanyahu ameaçaram derrubar o governo caso a guerra termine antes do desmantelamento do Hamas.
Tanque de Israel em Gaza. (Captura de tela/YouTube/Fox)
Apesar de não alcançar esse objetivo nos primeiros 15 meses de guerra, Israel sente-se encorajado pela nova administração em Washington, que adota uma postura menos crítica em relação às mortes de civis e à falta de ajuda humanitária em Gaza, bloqueada pelas IDF desde o término da primeira fase do cessar-fogo.
As IDF agora contam com um novo chefe de gabinete, o tenente-general Eyal Zamir, que assumiu o cargo no início deste mês e prometeu intensificar os esforços para desmantelar o Hamas.
Netanyahu anunciou planos de demitir Ronen Bar, diretor do Shin Bet, após divergências sobre a condução da guerra. O setor de segurança defende aceitar o cessar-fogo para libertar os reféns, deixando o Hamas para um momento posterior.
O gabinete planejava votar a demissão de Bar na terça-feira, mas a reunião não foi concluída até a noite de segunda-feira, e a retomada dos combates pode adiar ainda mais o processo.
A agência de Bar colaborou com a IDF no planejamento de uma grande ofensiva aérea na Faixa de Gaza, com alvos incluindo comandantes de nível médio do Hamas, membros de seu politburo e infraestrutura. A operação foi nomeada pelos militares como "Força e Espada".
Imagens de Gaza revelam que entre as vítimas estão dezenas de crianças, mulheres e idosos. No entanto, o número de mortos também inclui membros importantes do Hamas, segundo o ministério da informação do grupo em Gaza.
Entre os mortos estão Issam Da'alis, membro do gabinete político do Hamas em Gaza e líder do comitê de monitoramento de atividades governamentais, equivalente a um primeiro-ministro; Ahmad al-Khatta, diretor-geral do Ministério da Justiça do Hamas; Mahmoud Abu Watfa, chefe do Ministério do Interior, responsável pela polícia e segurança interna em Gaza; e Bahjat Abu Sultan, líder das forças de segurança interna subordinadas ao Ministério do Interior.
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