O apoio dos evangélicos à transferência da Embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém é por motivos ligados à fé e não políticos. De acordo com matéria publicada no jornal O Globo, a aprovação da Frente Parlamentar Evangélica, formada por 91 parlamentares da Câmara e do Senado a partir deste ano, tem como base as profecias bíblicas.
Promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro, a transferência é, além de tudo, o reconhecimento de Jerusalém como capital israelense. Mesmo a proposta tendo cunho político, para os integrantes da Bancada Evangélica o lado espiritual é o principal fator da futura mudança.
Para o deputado federal Sóstenes Cavalcante, que é pastor da Assembleia de Deus no Rio de Janeiro, Israel é um termômetro dos sinais do cumprimento do que está escrito no Livro do Apocalipse. “A nossa fé acredita nisso. A transferência da embaixada diz respeito a isso. Para nós, todo cenário será preparado para o Armagedom, como descrito no Apocalipse, e o palco do Armagedom será na cidade de Jerusalém”.
Armagedon é o lugar onde, segundo a Bíblia, ocorrerá a guerra final entre Deus e os governos humanos.
Apoio mútuo
O desejo dos evangélicos à ação do novo governo brasileiro encontra respaldo no primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. O interesse do premiê o trouxe à posse presidencial, em 1º de janeiro, como clara demonstração de reciprocidade de Israel ao Brasil. No evento, Netanyahu disse que os dois países “são irmãos”.
A vinda do premiê ao Brasil, fato histórico e inédito de um chefe de estado israelense, foi festejada pelos apoiadores evangélicos, que o receberam com gritos de “Israel, Israel, Israel”. Os cristãos brasileiros formam caravanas com cerca de 50 mil pessoas, que visitam o país, especialmente Jerusalém, todos os anos.
A transferência da embaixada ainda não tem data, mas o novo governo diz que ela acontecerá. A questão não é “se”, mas “quando”, disse Bolsonaro ao primeiro-ministro, afirmando sua intenção.
A vinda de Netanyahu ao Brasil aponta para um novo relacionamento entre os dois países, com anúncios de acordos bilaterais nas áreas da ciência e da tecnologia, entre outras.
Profecias
De acordo com a Bíblia, Jerusalém é cenário para a segunda vinda de Jesus à Terra. O livro sagrado também fala sobre um conflito espiritual e político: a grande batalha no Vale do Armagedon. As profecias estão nos livros de Daniel e Apocalipse.
A criação do Estado de Israel, em 1948, tem sido interpretada pelos evangélicos como um dos fatos proféticos. Para alguns líderes foi um prenúncio da volta de Cristo.
Mesmo com a polêmica política sobre a questão, os evangélicos entendem que a transferência deve – e vai – acontecer porque a Bíblia narra os eventos obrigatórios para a preparação da volta de Cristo. Jerusalém é um dos cenários, talvez o principal.
Os 70 anos da criação do Estado de Israel, comemorados em 2018, também é um dos pontos proféticos observados pelos evangélicos ao interpretarem a passagem bíblica de Mateus 24:32-34, onde Jesus compara Israel à figueira.
"Aprendam a lição da figueira: quando seus ramos se renovam e suas folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está próximo. Assim também, quando virem todas estas coisas, saibam que ele está próximo, às portas. Eu lhes asseguro que não passará esta geração até que todas essas coisas aconteçam”.
O Brasil deve ser o terceiro país a transferir a embaixada para Jerusalém, o que já foi feito pelos EUA e Guatemala. De acordo com a reportagem do Globo, os três casos têm apoio das bases evangélicas dos respectivos países. A Guatemala tem a “maior proporção de evangélicos na América Latina, cerca de 40% da população, enquanto no Brasil são 22% e nos EUA são 25%”.
Em encontro com líderes evangélicos no Brasil, Netanyahu disse: “Não temos melhores amigos no mundo do que a comunidade evangélica. E a comunidade evangélica não tem melhor amigo do que Israel”.
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