Balanço: 2023 foi um ano terrível para os cristãos em termos de perseguição

Onda severa de perseguições e ataques a cristãos aconteceu da América Latina ao Oriente Médio.

Fonte: Guiame, com informações do R News e Portas AbertasAtualizado: sexta-feira, 5 de janeiro de 2024 às 14:30
Coreia do Norte, Índia e Nigéria. (Fotos: The Voice of the Martyrs/Portas Abertas)
Coreia do Norte, Índia e Nigéria. (Fotos: The Voice of the Martyrs/Portas Abertas)

Em 2023, o Guiame noticiou dezenas, entre centenas, de ataques a cristãos, no Brasil e no mundo, tanto a indivíduos quanto a comunidades inteiras, em virtude de conversões ao cristianismo ou por perseguição religiosa.

Dentre essas agressões, numerosos ataques tiraram a vida de homens, mulheres e crianças, como se nada valessem, simplesmente porque não renunciaram à sua fé em Jesus ou por manterem seus cultos cristãos.

Um exemplo disso ocorreu na Índia, em janeiro de 2023, quando cristãos foram forçados a buscar refúgio nas florestas para escapar de uma multidão que atacou sua igreja.

No decorrer de todo o ano, ainda, dezenas de ataques a casas de cristãos, violência contra mulheres e até crianças, incluindo assassinatos foram registrados.

Um caso emblemático, que chegou aos noticiários, inclusive na mídia secular, aconteceu em agosto no Paquistão, onde igrejas foram queimadas e cristãos torturados durante uma verdadeira caça feita por um grupo extremista muçulmano.

Uma multidão de muçulmanos atacou um bairro cristão em Jaranwala. (Foto: UCA News).

E o ano terminou com um ataque brutal a 160 cristãos, que acabaram mortos enquanto se preparavam para cultos de Natal na Nigéria. Em uma série de investidas cruéis em pelo menos 20 aldeias cristãs, terroristas muçulmanos assassinaram pastores, mulheres, crianças e idosos, na véspera de Natal.

‘Ano terrível’

Em um balanço feito pelo editor do portal sul-africano R News, Henry Walsh, “2023 foi mais um ano terrível em termos de perseguição e opressão”.

Segundo o editor, as guerras que dominaram os noticiários, especialmente da Rússia contra a Ucrânia e, a partir do ataque terrorista em 7 de outubro, de Israel contra o Hamas, a situação dos cristãos, que já não é tão noticiada quanto deveria, foi colocada em segundo plano, “mesmo sendo a maior religião do mundo e a mais perseguida”.

Walsh escreveu um artigo para falar deste tema, dizendo que no Ocidente, as condições para os cristãos tornam-se cada vez mais intolerantes sob o pretexto de tolerância ou do movimento “woke”, que se tornou sinônimo de políticas liberais ou de esquerda.

“Alguém que vive a sua fé sem vergonha enfrenta o isolamento, por vezes até ataques físicos por parte dos intolerantes pregadores da tolerância. No entanto, tudo isto é menor comparado com o que os cristãos do mundo não ocidental passam”, escreveu o editor sul-africano.

‘Perseguição tripla’

Ele aponta o Oriente Médio, que é dominado pelo Islã, como a região com a pior perseguição ao cristianismo.

“A perseguição lá é tripla: por governos opressivos e ditatoriais, especialmente onde os fundamentalistas muçulmanos estão no comando; por terroristas islâmicos que visam particularmente reuniões religiosas com bombardeamentos; pela população comum que é facilmente influenciada e baseada em rumores torna a vida insuportável para os cristãos na sua região”.

E continua: “É preocupante que cada vez mais cristãos que vivem juntos em comunidades no Oriente Médio há séculos estejam abandonando os seus países nos dias de hoje devido às condições insuportáveis. Assim, uma região escura fica ainda mais escura.”

Coreia do Norte

Walsh também cita a Coreia do Norte como o país com a pior perseguição é, inalterado durante décadas, a Coreia do Norte, que chegou a condenar um bebê de 2 anos à prisão perpétua por pais terem uma Bíblia. No país comunista, nenhuma religião é permitida e apenas o líder deve ser “adorado”.

Walsh diz que lá os cristãos em particular, são vistos como falsos agentes do Ocidente e uma ameaça à ordem ateísta, por isso estão entrincheirados em campos de tortura.

China e Extremo Oriente

A perseguição do regime comunista chinês, sob Xi Jinping também é um escalabro contra os cristãos. Em agosto, o líder pediu mais controle sobre o que chamou de “atividades religiosas ilegais”.

Presidente da China, Xi Jinping. (Foto: Foreign, Commonwealth & Development Office/Flickr)

Também no resto do Extremo Oriente a situação dos cristãos enfraqueceu, escreveu Walsh.

“Embora há alguns anos ainda houvesse um tremendo crescimento de conversões e de novas igrejas na China, com o governo comunista a dificultar cada vez menos isso, agora sob o ditador Xi Jinping, especialmente desde que a nova legislação sobre religião entrou em vigor em 2018, há mais pressionam os cristãos a renunciarem à sua fé.”

E continua: “A China também está usando cada vez mais tecnologia para criar um sistema totalitário, como descrito e apresentado no famoso livro de 1984.”

África e islamismo

Apesar de a África ser um continente onde há um grande progresso no trabalho missionário, Walsh lembra que a perseguição, especialmente por parte do Islã, está cada vez mais intensa.

“A Nigéria é um dos piores países para os cristãos. Embora os cristãos representem quase metade da população, nas áreas onde o Islã domina eles são mortos por horríveis grupos terroristas como o Boko Haram, bem como igrejas e reuniões são alvo”.

Esse grupo jihadista aliado aos extremistas Fulani, impõe evacuações de comunidades cristãs inteiras, despojam seus animais e cultivos de subsistência, além de implementarem crueldades como estupros, sequestros, além de queimar e decapitar cristãos.

O caso de um pastor brutalmente morto e decapitado é um dos exemplos dos horrores perpetrados por esses extremistas. Janada Marcus, de 22 anos, relatou que seu pai tinha um pedaço de terra perto de Maiduguri, onde estavam trabalhando, felizes, cantando, até que a tragédia aconteceu.

“Os governos em África são geralmente fracos e nada fazem para proteger os cristãos da perseguição”, diz Walsh.

Ele lembra que a Somália e o Sudão são os piores países para os cristãos no continente africano, inclusive na África do Sul, onde Walsh nasceu e vive.

“Aqui também ocorrem guerras civis. Os grupos terroristas islâmicos também controlam partes de países maioritariamente cristãos, como o Congo e Moçambique, e expulsam os cristãos das suas cidades e regiões”, diz.

Cristãos latino-americanos

A América Latina mesmo fazendo parte de um continente onde o cristianismo é a religião dominante, existem governos socialistas como os da Nicarágua, Cuba e Venezuela que consideram os cristãos hostis devido às suas fortes convicções morais e tornam as suas vidas difíceis através da opressão e da discriminação.

Presidente nicaraguense Daniel Ortega. (Foto: José Luis Torres/ Presidencia República Dominicana)

“Noutros países, como a Colômbia e o México, as gangues e os grupos rebeldes têm como alvo específico os cristãos porque não se enquadram na cultura da violência e das drogas”, relata o editor.

No entanto, Walsh acredita que nos Estados da onda islâmica pode haver um alívio para a perseguição aos cristãos, graças aos seus novos laços com Israel e aos laços econômicos com o Ocidente, que estão tornando esses países hoje em dia ligeiramente mais abertos e tolerantes.

E diz: “Pelo menos oferecem um pouco de esperança.”

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