Irã condena cristã a 1 ano de prisão por "agir contra a segurança nacional"

Mahrokh Kanbari, que tem 65 anos, foi presa em sua casa na véspera de Natal por causa de sua fé.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: quinta-feira, 1 de agosto de 2019 às 15:15
Mahrokh Kanbari presa pelo regime do Irã. (Foto: Reprodução/Middle East Concern)
Mahrokh Kanbari presa pelo regime do Irã. (Foto: Reprodução/Middle East Concern)

Uma mulher, cristã convertida, foi condenada a um ano de prisão sob a acusação de "agir contra a segurança nacional" e de se engajar em "propaganda contra o sistema". A informação é do grupo International Christian Response, que denuncia que a repressão aos cristãos no Irã continua.

A sentença foi dada a Mahrokh Kanbari, de 65 anos, na segunda-feira (29), dois dias depois de a mulher comparecer ao Tribunal Revolucionário Islâmico em Karaj.

Segundo amigos de Kanbari disseram ao grupo, o juiz foi rude com a ré e tentou humilhá-la quando ela discordou dele.

Kanbari foi presa por três agentes de inteligência iranianos em sua casa na véspera de Natal. Autoridades teriam confiscado telefones celulares, Bíblias e outros materiais relacionados a cristãos.

Depois de pagar uma fiança equivalente a cerca de US$ 2.500, ela foi liberada. A mulher foi oficialmente acusada de agir contra a segurança nacional em janeiro. De acordo com a International Christian Response, ela foi orientada a ir a um líder religioso para ser "instruída" a retornar ao islamismo.

Como relata o grupo de vigilância International Christian Concern, a prisão de Kanbari é parte de uma "tendência descendente contínua de liberdade religiosa para os cristãos no Irã".

O Irã está classificado como o nono pior país do mundo no que se refere à perseguição cristã, de acordo com a Lista Mundial da Perseguição da Portas Abertas.

Como um país islâmico de cerca de 82 milhões, o Irã restringe severamente os direitos dos cristãos convertidos, à medida que a comunidade cristã no país continua a crescer, graças a uma rede de igrejas clandestinas.

A Portas Abertas dos EUA estima que existem hoje cerca de 800.000 cristãos no Irã.

"Os cristãos são proibidos de compartilhar sua fé com os não-cristãos", diz um informe da Portas Abertas sobre o Irã. "Portanto, cultos religiosos em persa, o idioma nacional, não são permitidos. Os convertidos do islamismo enfrentam a perseguição do governo; se eles frequentam uma igreja doméstica subterrânea, eles enfrentam a ameaça constante de prisão. A sociedade iraniana é governada pela lei islâmica, que significa que os direitos e possibilidades profissionais para os cristãos são fortemente restritos".

Outros cristãos presos

Em julho, a cristã assíria Dabrina Bet Tamraz, cujo pai, mãe e irmão foram presos no Irã, compareceu à Ministerial do Departamento de Estado dos EUA para promover a liberdade religiosa, onde ela compartilhou sua história.

Tamraz é filha do pastor iraniano Victor Bet Tamraz, que liderou uma igreja em língua farsi até ser fechada em 2009. Seu pai foi condenado a 10 anos de prisão em 2017 por "agir contra a segurança nacional" porque formou igrejas domésticas e promoveu o "cristianismo sionista".

Tamraz levantou a situação de sua família e cristãos iranianos durante uma reunião do presidente Donald Trump com sobreviventes de perseguição na Casa Branca em 17 de julho. Trump assegurou a Tamraz que ele levantaria a situação dos cristãos iranianos ao negociar com o Irã no futuro.

Em seu discurso no ministerial, o vice-presidente Mike Pence mencionou o caso de Tamraz.

"O pastor Bet Tamraz e sua família são uma inspiração para as pessoas amantes da liberdade em todo o mundo, e não poderíamos estar mais honrados em ter sua filha, Dabrina, aqui conosco hoje", disse Pence.

Pence acrescentou que o povo iraniano "desfruta de poucas ou nenhumas liberdades", sendo a menor a liberdade de religião.

"Cristãos, judeus, sunitas, bahis e outras minorias religiosas são negados os direitos mais básicos de que goza a maioria xiita", disse Pence. "E os crentes são rotineiramente multados, açoitados e presos no Irã."

No ano passado, foi relatado que o judiciário iraniano havia promulgado uma nova política permitindo que apenas 20 advogados aprovados pelo Estado representassem ativistas, minorias religiosas e outros julgados por crimes de segurança nacional ou políticos.

Em 24 de julho, cinco cristãos iranianos presos em fevereiro tiveram suas audiências judiciais suspensas depois que exigiram a contratação de um advogado particular, em vez de um advogado aprovado pelo tribunal.

De acordo com o ICC, o juiz ordenou que dois dos cristãos, o pastor Matias Hagnejad e Shahrooz Eslamdous, fossem transferidos para a notoriamente violenta Prisão Evin do Irã. Os outros três, Babak Hosseinzadeh, Behnam Akhlaghi e Mehdi Khatibi, foram presos com uma fiança de 1,5 bilhão de libras (equivalente a quase US$ 180.000).

"Ao eliminar o direito das minorias de escolher seu próprio advogado quando enfrentam acusações politicamente motivadas, o Irã deu um passo significativo para trás de sua própria constituição, o que dá às pessoas o direito de escolher seu próprio advogado", explicou o ICC em um comunicado à imprensa.

"Desde a emenda no ano passado, este é o primeiro caso divulgado de cristãos que contra-atacam a política e mostra até que ponto os crentes enfrentam desafios ao assumir qualquer um de seus direitos constitucionais já gravemente limitados", concluiu.

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