O diretor da SDOK "Stichting de Ondergrondse Kerk" (Fundação da Igreja Subterrânea, em tradução livre) na Holanda afirma, em um artigo, que a intensificação da perseguição leva a um crescimento significativo no número de cristãos no mundo.
André van Grol afirma ainda que a perseguição aos cristãos aumentará ainda mais este ano. Como exemplo, ele explica que a vigilância digital dos cristãos chineses é uma das questões mais preocupantes.
Segundo o diretor da organização holandesa, dedicada a apoiar cristãos perseguidos ao redor do mundo, a primeira tendência que mencionaria é a radicalização contínua de grupos islâmicos violentos, como o Boko Haram, os Taliban e grupos afiliados à Al-Qaeda.
“Estes tentam aumentar a sua influência e território com uma violência cada vez mais extrema. Isto leva a mais perigo para os cristãos. A perseguição está aumentando acentuadamente, especialmente na região do Sahel (países ao redor do deserto do Saara)”, diz.
Van Grol relata que no norte da Nigéria, os cristãos enfrentam intensa perseguição há décadas. “Desde que o Boko Haram assumiu o controle em 2009, extremistas islâmicos (com o apoio de pastores extremistas Fulani) mataram pelo menos 50 mil cristãos e 18.000 igrejas também foram destruídas”.
Falando sobre a África, ele explica que a situação no Mali, no Burkina Faso e no Níger é também muito preocupante, devido aos recentes golpes militares nestes países, e cita o caso do Níger.
“Um golpe de Estado é um sinal de instabilidade política e muitas vezes agrada aos jihadistas. É seguro dizer que o Sahel se tornou agora o epicentro do jihadismo internacional. Os extremistas aproveitam-se dos problemas que já acontecem na região. Pense na pobreza, na ausência de um governo funcional e na escassez de educação”.
Cristão são alvo
Van Grol diz que os cristãos são os principais alvos dos grupos extremistas que se radicalizam ainda mais.
“Milhares de irmãos e irmãs foram assassinados ou deslocados”, diz.
A perseguição digital também é citada por van Grol. Para ele, desenvolvimentos digitais dão aos governos a oportunidade de exercer mais controle sobre os cristãos, por exemplo.
“Essa é uma segunda tendência. O reconhecimento facial digital e o reconhecimento da íris tornaram-se agora comuns na China”, diz.
Segundo estimativas, diz van Grol, existem agora mais de meio bilhão de câmeras inteligentes neste país. Outros países, como o Vietnã e Bangladesh, estão adoptando esta forma de controle.
“O argumento para utilizar esta ferramenta é que aumentaria a segurança dos cidadãos”, diz van Grol.
Além disso, outro uso da tecnologia para controle é o recolhimento de DNA humano em grande escala na China, inclusive de pessoas que nunca cometeram um crime.
Câmeras de reconhecimento facial são obrigatórias na Igreja das Três Autonomias que é registrada junto ao governo comunista.
“Isto permite às autoridades não só ver e ouvir o que está acontecendo nas igrejas, mas também verificar se elas cumprem a lei que proíbe crianças com menos de dezoito anos de irem à igreja”.
van Grol cita ainda a Índia, com fortes influências nacionalistas, onde as minorias têm cada vez menos. Ele diz que o slogan ali é bem conhecido: “Um bom indiano é um hindu”. Se você não é hindu, você não é um bom indiano.
Segundo fontes do SDOK, aproximadamente 300 igrejas foram incendiadas na Índia e 60 mil pessoas foram expulsas das suas casas.
Dois fatores apontam para a crescente hostilidade para com os cristãos. A primeira é a promulgação de leis anticonversão e as subsequentes detenções de cristãos que partilham a sua fé com pessoas que ainda não conhecem a Deus.
Perseguições
Van Grol cita ainda outras perseguições contra cristãos como um desânimo por parte de muitos que acreditam que nunca irão acabar.
“Na verdade, sempre haverá perseguição neste mundo”, avisa van Grol.
E lembra: “Temos a mensagem maravilhosa de conforto que se encontra em Mateus 5:10-12: ‘Bem-aventurados os que são perseguidos por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, e perseguirem, e disserem todo tipo de mal contra vós, mentindo, por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque grande é a vossa recompensa nos céus, porque assim perseguiram os profetas que existiram antes de vós’”.
Ele diz que todos os dias ao SDOK chegam histórias de cristãos de países onde ocorrem perseguições severas. No entanto, apesar da gravidade, não são deprimentes.
“São precisamente histórias com testemunhos poderosos de um Deus que vive, apesar da resistência que os cristãos encontram”, diz.
Crescimento do Cristianismo
“Este ano, vamos olhar para os relatos de perseguição de uma forma diferente. Há uma explicação esperançosa envolvida, que gostaria de compartilhar com vocês”, diz Van Grol.
André van Grol é diretor do SDOK. (Foto: Reprodução/SDOK)
E justifica: “Com base em visitas aos vários países e em histórias e pesquisas, é possível fazer uma lista dos países onde o cristianismo cresce mais fortemente”.
E cita os países que estão em primeiro, segundo e terceiro lugar em perseguição aos cristãos: Nepal, China e Península Arábica.
“Apesar do aumento da perseguição, o número de cristãos na China cresce em média 10 por cento ao ano. O número de cristãos em todo o mundo está crescendo em 83 mil por dia. Estes são números extremamente esperançosos. Deus continua Sua obra”, avisa.
“O Cristianismo está crescendo mais devagar nos países da Europa Ocidental e da América, os lugares onde há liberdade para acreditar e viver de acordo com a Palavra de Deus”, diz mostrando que a perseguição acelera o aumento da fé cristã.
“Cada vez mais ouço dos nossos irmãos e irmãs perseguidos que eles também oram por nós, cristãos ocidentais.”
O motivo segundo eles é que “há tanta tentação e prosperidade entre vocês que isso poderia desviá-los de seguir a Cristo e fazer vocês esquecerem que somos apenas peregrinos aqui na terra.”
Van Grol testemunha que recentemente visitou um país do Oriente Médio onde a procura pela Palavra de Deus é grande.
“Um dos envolvidos me disse que a oração por proteção é desesperadamente necessária. Por exemplo, os cristãos arriscam as suas vidas ao transportar Bíblias através das fronteiras do Irã. Porque, disse ele, se não trouxermos as Bíblias, as pessoas (porque a fome pela Palavra de Deus é tão grande) virão buscá-las elas mesmas e isso traz muito mais perigo.”
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