Cristãos de Hong Kong temem que a liberdade religiosa possa ‘desaparecer para sempre’

Após 16 semanas de manifestações e protestos no território autônomo, incertezas continuam quanto ao futuro político e social de HK.

Fonte: Guiame, com informações da Fox NewsAtualizado: quarta-feira, 18 de setembro de 2019 às 12:08
Cristãos entoam 'cantem aleluia ao Senhor' e participam de protestos em Hong Kong. (Foto: Reprodução/Church Liders)
Cristãos entoam 'cantem aleluia ao Senhor' e participam de protestos em Hong Kong. (Foto: Reprodução/Church Liders)

Os cristãos de Hong Kong temem que a liberdade religiosa possa ‘desaparecer para sempre’, mesmo com a retirada do controverso projeto de extradição e dos esforços da líder Carrie Lam para aliviar as tensões na região administrativa.

Cristãos e apoiadores da democracia estão preocupados com o fato de o governo chinês fazer outra tentativa de restringir a legislação em Hong Kong que visaria especificamente a comunidade religiosa e tiraria os direitos humanos básicos.

Antes da retirada do projeto, ele provocou três meses de inquietação. O projeto controverso teria permitido que as pessoas fossem enviadas de Hong Kong à China continental para julgamento.

Os manifestantes sentiram que a retirada da lei não foi longe o suficiente - eles exigiram leis que incluíssem o sufrágio universal (ou seja, a condição para que todas as pessoas possam votar) e solicitaram uma investigação independente sobre as queixas de força excessiva da polícia.

Lam, que anunciou na terça-feira (17) que está iniciando sessões de diálogo com a comunidade na próxima semana, disse que sua primeira prioridade é acabar com os distúrbios e a violência, já que manifestantes pró-Pequim entraram em conflito repetidamente com apoiadores pró-democracia. Quase 1.500 pessoas foram presas desde a intensificação dos protestos em junho.

"A sociedade de Hong Kong realmente acumulou muitas questões econômicas, sociais e até políticas profundamente enraizadas. Espero que essas diferentes formas de diálogo possam fornecer uma plataforma para discutirmos", disse Lam a repórteres. "Mas eu tenho que enfatizar aqui, a plataforma de diálogo não significa que não precisamos tomar ações de aplicação resolutas. Suprimir a violência diante de nós ainda é a prioridade.”

Gina Goh, gerente regional da International Christian Concern no Sudeste Asiático, disse que é "ridículo esperar" que Hong Kong seja justa com o povo depois de corroer a confiança entre a liderança e os cidadãos.

"Oito vidas pereceram por essa causa", disse Goh à Faithwire, "e os manifestantes querem continuar buscando a justiça e a democracia para que seus companheiros não morram em vão."

A Diocese Católica de Hong Kong (HKJP) fez várias exigências, incluindo a concessão de uma maior separação legislativa à ex-colônia britânica da China comunista.

Falando diretamente a Lam, o cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, fez algumas observações contundentes sobre a situação:

“Carrie Lam deveria pelo menos concordar com duas exigências: retirar o projeto de lei e criar um comitê de investigação independente. Dessa forma, espero que as pessoas possam aceitar um período de trégua”, disse Zen. “Caso contrário, é inimaginável que grande desastre seria infligido a nós antes de 1º de outubro (aniversário de 70 da RPC)! Ela tem uma escolha. Ou ela se arrepende, ou então Deus não poderá ajudá-la.”

Embora os cristãos representem apenas 10% da população, eles desempenharam um papel vital nos protestos, ajudando a reprimir a violência e fornecendo um refúgio seguro para os manifestantes, à medida que o governo continua a reprimir os "distúrbios organizados".

Nas primeiras semanas dos protestos, o hino "Cante Aleluia ao Senhor" tornou-se um hino improvável para os manifestantes.

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