Cristãos vão às ruas após ataque terrorista em igreja na Síria: “Somos soldados de Cristo"

Carregando cruzes, a multidão protestou contra a impunidade de grupos terroristas que perseguem cristãos no país governado por islâmicos.

Fonte: Guiame, com informações de ReutersAtualizado: terça-feira, 24 de junho de 2025 às 13:14
Cristãos protestaram contra a perseguição em Damasco. (Foto: Reprodução/Instagram/The Christians Of The East).
Cristãos protestaram contra a perseguição em Damasco. (Foto: Reprodução/Instagram/The Christians Of The East).

Um grupo de cristãos saiu às ruas na Síria para protestar, após um ataque terrorista matar pelo menos 25 pessoas em uma igreja.

Na noite de segunda-feira (23), a multidão marchou na capital Damasco contra a impunidade de grupos terroristas que perseguem cristãos no país governado por islâmicos.

Carregando cruzes, os manifestantes gritavam frases contra a perseguição da minoria cristã:

“Mantenha sua cruz erguida! Erga a sua cruz o mais alto que puder! O sangue dos cristãos é precioso. Nós somos os soldados de Cristo!”.

E declararam em uma só voz: “Com espírito, com sangue, atendemos seu chamado, ó Cristo!”.

Na manifestação, os cristãos também se uniram em oração e fizeram homenagens aos mártires do atentado à igreja.

“Nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz das luzes. Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. Por nós, homens, e para nossa salvação”, oraram.

No domingo (22), um homem-bomba entrou na Igreja Mar Elias, nos arredores de Damasco, durante a celebração litúrgica, e abriu fogo contra os fiéis antes de acionar um colete explosivo. Pelo menos 25 pessoas morreram e mais de 60 ficaram feridos no atentado suicida. 

O Ministério do Interior informou que o responsável pelo ataque era ligado ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI), embora até o momento o grupo não tenha assumido oficialmente a autoria.

“Eu me pergunto por que eles nos atacam. Não tínhamos interesse em nenhum dos eventos que aconteceram em nosso país. Não temos interesses além de a Síria viver em paz", disse Bassim Khoury, um morador cristão de Damasco, em entrevista à Reuters.

"Não carregamos armas, não nos opomos a ninguém. Não pedimos cargos governamentais. Nenhum de nós quer se tornar presidente, ninguém quer comandar o governo. Por que isso aconteceria com esse povo pacífico?".

Risco para cristãos na Síria

A crise política na Síria fez com que 80% da população cristã abandonasse o país desde 2011.

Segundo Martin Parsons, CEO do “Lindisfarne Centre for the Study of Christian Persecution”, a vida está se tornando mais desafiadora para os cristãos sob a nova liderança de Ahmed al-Sharaa – ligado a grupos islâmicos – que assumiu a presidência após a queda de Assad em dezembro de 2024.

Sob o regime de Assad, muitos cristãos ocupavam cargos no governo e viviam com relativa tolerância. Mas o cenário mudou com a ascensão de grupos islâmicos ao poder. 

“O que estamos vendo nos últimos dias é uma retaliação contra aqueles que estiveram envolvidos com o governo passado — principalmente os alauítas, mas os cristãos também foram atingidos”, explicou Martin à Premier.

O recente ataque terrorista à Igreja Mar Elias reacendeu os temores da comunidade cristã na Síria de sofrer mais perseguição de radicais islâmicos.

Em março deste ano, confrontos entre forças governamentais e combatentes pró-Assad resultaram na morte de centenas de civis e soldados.

Em menos de 24 horas, centenas de cristãos foram massacrados na região costeira da Síria por muçulmanos locais. 

Relatórios indicam que o ataque coordenado ocorreu nas regiões sírias de Jableh e Baniyas, onde comunidades cristãs e alauítas vivem historicamente.

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