Disney pode perder benefícios recebidos do governo da Flórida há 50 anos

O embate entre o governador da Flórida, Ron DeSantis e a Disney entra em uma nova fase. O republicano pediu ao legislativo estadual que revogue uma lei que permitiu à Disney World décadas de benefícios, inclusive que a companhia tivesse controle total sobre suas propriedades no estado.

Nesta semana, as duas casas legislativa da Flórida votaram para eliminar os privilégios especiais da Disney que estabeleceram à empresa exercer um governo privado.

Na quinta-feira (21), a Câmara dos Representantes da Flórida votou para derrubar essa lei.

Segundo o The Wall Street Journal, o Senado da Flórida, liderado pelos republicanos, já havia votado na quarta-feira (20) para eliminar um distrito fiscal especial que permitiu à Walt Disney Co. governar a terra onde seus parques temáticos estão instalados.

A medida ocorre depois que a Disney começou a se envolver na política, opondo-se à legislação de direitos dos pais que restringe a instrução em sala de aula sobre gênero e sexualidade para crianças pequenas.

“A Disney e outras corporações acordadas não vão mais se safar de vender suas campanhas de pressão descontroladas por mais tempo”, disse DeSantis na quarta-feira.

“Se queremos manter a máquina democrata e seus cachorros corporativos responsáveis, temos que nos unir agora”, completou.

Autogoverno

O Reedy Creek Improvement District é um governo privado controlado pela Disney World desde a década de 1960, permitindo que fornecesse serviços governamentais como zoneamento, proteção contra incêndio, serviços públicos e infraestrutura.

A criação do distrito e o controle que o estado deu à empresa foi um elemento crucial nos planos da Disney para construir seus parques temáticos em Orlando.

A Disney é um dos maiores empregadores privados da Flórida. No ano passado, a empresa disse que tinha mais de 80 mil funcionários no estado.

De acordo com o The Journal, o projeto de lei aprovado pelo Senado com 23 votos a favor (16 foram contrários) diz que qualquer distrito especial estabelecido antes da ratificação da Constituição da Flórida em 1968, e não renovado desde então, seria dissolvido em 1º de junho de 2023.

A medida afetaria cerca de seis distritos em todo o estado, mas Reedy Creek é o único distrito com uma empresa de alto nível.

A Disney poderá buscar outro distrito especial após o distrito de Reedy Creek ser dissolvido.

"É difícil estimar o que uma dissolução de Reedy Creek custaria à Disney ao longo do tempo", disse Michael Rinaldi, chefe de classificações do governo local dos EUA na Fitch Ratings, ao The Journal. Isso "eliminaria o acesso à emissão de dívidas isentas de impostos via Reedy Creek, potencialmente custando mais à Disney e a outros proprietários de terras do distrito para financiar vários projetos", acrescentou.

Acirramento político

O embate entre o governo da Flórida e a Disney piorou com a assinatura, por DeSantis, do projeto de lei de Direitos dos Pais na Educação, que diz que as escolas não podem ensinar sobre orientação sexual e identidade de gênero para crianças do jardim de infância à terceira série.

Ativistas de esquerda e mídia com viés progressista atacaram a medida, rotulando o projeto de lei como "Não diga gay".

Após a assinatura do projeto de lei em 28 de março, a Disney emitiu uma nota oficial opondo-se à lei que reafirma o direito dos pais sobre a educação de seus filhos.

DeSantis insiste que a política é razoável e diz que os pais, não os professores, devem abordar assuntos de orientação sexual e identidade de gênero com crianças em um momento apropriado para a idade.

Os democratas foram rápidos em criticar o movimento do governador como retribuição pela oposição da empresa ao projeto de lei da educação. Alguns apontaram que a Disney tem sido um importante motor econômico no estado.

"Em que mundo estamos vivendo agora?", perguntou a senadora democrata Audrey Gibson. "É o estado de liberdade da Flórida. Se eles discordam do governador, ele traz a metralhadora Gatling."

Direito dos pais

Segundo informou o Faithwire da CBN, uma pesquisa aponta que a maioria dos americanos concorda com DeSantis e apoia a proibição de educadores de ensinar crianças muito pequenas sobre orientação sexual, identidade de gênero e questões transgênero.

A pesquisa Golden/TIPP, que entrevistou 1.305 adultos de 6 a 8 de abril, descobriu que 57% dos americanos "concordam fortemente" ou "concordam um pouco" com o projeto de lei de Direitos dos Pais na Educação da Flórida.

"A Disney está prestes a aprender que tentar preparar ideologicamente e sexualmente nossos filhos é uma receita para a destruição da marca, custando à empresa massivamente em clientes e receita", disse o presidente da Convenção dos Estados, Mark Meckler, acrescentando que acredita que há “um movimento de revolta de pais ... ficando mais forte a cada dia."