
Estudantes tentaram impedir que o movimento cristão universitário Dunamis Pocket continue promovendo cultos em espaços públicos da Universidade de São Paulo (USP).
Na noite de 29 de agosto, um culto do Dunamis atraiu uma multidão de mais de 1.000 jovens na Praça do Relógio, dentro do principal campus da USP, o Butantã.
Na época, o Guiame noticiou o evento, que foi marcado por quebrantamento e milagres. O evangelista Nick Moretti pregou a mensagem de salvação e 10 jovens entregaram suas vidas a Jesus. Além disso, 67 curas foram registradas após oração.
Em entrevista ao Guiame, o líder global do Dunamis Pockets, Gabriel Namorato, contou que os cristãos enfrentaram oposição de alguns alunos da USP, que reclamaram do som do culto e chamaram a polícia.
“Porém, das 16h até às 18h30 estava tendo ensaio da bateria da Atlética da USP com um som muito maior e não houve reclamação nenhuma. E logo depois do Pocket, teve uma festa dentro da USP regada a drogas e bebida alcoólica, som alto até às 4 horas da manhã e não houve reclamação”, afirmou Gabriel.
Após o evento evangelísitico, alunos incomodados com o movimento passaram a cobrar a Reitoria da USP que proibisse novos cultos evangélicos na universidade, de acordo com a Gazeta do Povo.
Um jornal impresso feito por universitários da USP, chamado “Jornal do Campus”, publicou uma matéria de capa criticando o evento do Dunamis Pocket.
A reportagem menciona o “crescimento acelerado da organização” dentro da universidade e condena o suposto posicionamento político dos estudantes evangélicos.
O jornal alegou que a pregação, onde um líder afirmou “que a USP não pertence a Karl Marx nem ao comunismo, mas a Jesus Cristo”, teria “indícios de discurso de ódio”.
Segundo a matéria, os alunos insatisfeitos entraram em contato com a Reitoria por mais de 15 vezes, questionando a realização do culto, porém não receberam resposta.
Além disso, alguns jornais da imprensa tradicional também publicaram matérias ou artigos criticando o evento dentro da USP.
Entretanto, a Constituição brasileira garante a liberdade religiosa de estudantes, professores e servidores para expressarem suas crenças no ambiente acadêmico. O Estado e as instituições não podem impedir manifestações religiosas, desde que sejam voluntárias e pacíficas.
Tensões nas universidades
Para Gabriel Namorato, líder do Dunamis Pocket, a razão da crítica dos estudantes teria sido pelo número maior de participantes e pelas tensões recentes envolvendo cultos em universidades, como a expulsão de jovens cristãos na UFRGS em agosto.
Somado a isso, aconteceu uma série de confrontos entre membros de um grupo de direita e estudantes de esquerda na Cidade Universitária da USP, nos últimos meses.
“Em abril já tínhamos feito um culto com umas 400 pessoas. Depois fizemos outro, em julho, um pouco menor, com umas 250. E agora tivemos esse com mais de mil jovens”, afirmou Gabriel, em entrevista à Gazeta do Povo.
“Fizemos a adoração igual nos outros e pregamos como nos outros. Acho que o que chamou a atenção foi a quantidade de pessoas e também porque já está tendo essa tensão no ar”, avaliou.
O líder refutou a acusação de discurso político na pregação que citou Marx. “Não foi essa fala que acalentou, foi a nossa simples presença lá. Essa fala nossa de que a universidade não é de Marx, mas de Jesus Cristo, é algo que não foi exclusivo para a USP. A gente sabe que existe um movimento do marxismo de se apoderar das universidades, mas em nenhum momento fizemos qualquer menção à política. A gente não está levantando um partido”, esclareceu.
Conforme Namorato, o evento respeitou as regras de barulho da chamada “Lei do Psiu”. “Estávamos com técnico de som para garantir que estivesse dentro dos decibéis permitidos e encerramos antes das 22h. E depois, a Praça do Relógio é um lugar muito distante de qualquer outra parte da universidade”, disse.
“Além disso, enquanto a gente estava organizando o evento, montando o som, o tempo todo escutamos os ensaios das baterias das atléticas ecoando pela faculdade inteira, durante horário de aula. E não teve reclamação. Então me parece uma coisa muito seletiva”, ressaltou.
Missões na universidade
O Dunamis Pocket é um projeto missionário do Dunamis Movement e já existe desde 2009. Há 302 núcleos do Pocket em universidades espalhadas pelo Brasil.
Os grupos possuem uma média de 30 a 40 participantes. Eles se reúnem toda semana e também realizam encontros em locais públicos nas universidades.
Além do Brasil, o Dunamis Pocket também está presente em outros 13 países, como Estados Unidos, Portugal, Argentina e Equador.
O projeto ainda promove treinamento com o propósito de capacitar universitários para evangelizar em suas faculdades.
Preconceito contra cristãos nas universidades
Segundo Lucas Teodoro, líder do Aviva Universitário, uma missão que tem feito cultos dentro de universidades do Brasil, o preconceito contra manifestações evangélicas em faculdades tem aumentado.
“O que estamos percebendo é que nos últimos meses as resistências estão aumentando, porque os encontros nas universidades estão crescendo, reunindo milhares de pessoas, e isso está incomodando”, comentou Teodoro, à Gazeta do Povo.
“Estamos em um período difícil no meio acadêmico, onde ser cristão é tachado como algo inadequado, ultrapassado e até mesmo com viés político. Isso é uma barreira a ser vencida, porque não estamos na universidade para pregar alguma doutrinação política. Estamos ali para falar sobre Jesus. É isso que o Aviva e o Dunamis estão fazendo, e consequentemente as resistências virão”, declarou.
Lucas Teodoro estava presente quando sua missão planejou realizar um evento evangelístico na UFRGS, porém foram barrados pelos seguranças da Polícia Universitária Federal.
Após a repercussão do caso, dois vereadores de Porto Alegre entraram com ações no Ministério Público contra a Reitoria da UFRGS.
A Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade Religiosa da Assembleia Legislativa do RS, o Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR) e a Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade Religiosa e do Estado Laico da Câmara de Vereadores de Porto Alegre divulgaram uma nota conjunta repudiando a proibição da UFRGS para o evento cristão.
“Trata-se de violação grave às liberdades de consciência, crença e religiosa ocorrida no Campus do Vale, e amplamente noticiada e testemunhada por integrantes da comunidade acadêmica”, avaliaram as instituições.
A nota afirma que o incidente foi uma restrição da expressão religiosa de uma parcela da comunidade acadêmica e um ato de hostilidade e censura à fé cristã.
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