Jogadores de times franceses se recusam a usar camisa LGBT: "Crenças pessoais"

A campanha intitulada “Gay ou hétero, todos nós usamos o mesmo uniforme” foi veiculada em todos os jogos disputados no final de semana no Campeonato Francês .

Fonte: Guiame, com informações do Estadão e da ReutersAtualizado: terça-feira, 16 de maio de 2023 às 16:11
Toulouse e Nantes se recuram a entrar em campo com camisa de campanha LGBT. (Foto ilustrativa: Unsplash/Jannik Skorna)
Toulouse e Nantes se recuram a entrar em campo com camisa de campanha LGBT. (Foto ilustrativa: Unsplash/Jannik Skorna)

O jogo entre Toulouse e Nantes, pelo Campeonato Francês de 2023, foi marcado pela recusa de alguns jogadores em entrar em campo com camisa de uma campanha contra a homofobia, promovida pela Federação Francesa de Futebol no torneio nacional.

A justificativa foi dada por meio de um comunicado emitido pelo próprio Toulouse, embora o clube não tenha identificado o número exato de jogadores que se recusaram a jogar.

"Alguns jogadores do time profissional expressaram seu desacordo com a associação de sua imagem com as cores do arco-íris que representam o movimento LGBT", disse o Toulouse.

De acordo com a imprensa francesa, os responsáveis pelo boicote foram Zakaria Aboukhlal (do Marrocos), Moussa Diarra (do Mali), Farès Chaibi (da Argélia) e Said Hamulic (da Bósnia).

O time também disse no comunicado que "respeitando as escolhas individuais de seus jogadores, e após inúmeras trocas, o Toulouse Football Club optou por deixar os referidos jogadores fora da partida."

A campanha intitulada “Gay ou hétero, todos nós usamos o mesmo uniforme” foi veiculada em todos os jogos disputados no final de semana.

A veiculação da campanha foi gesto de apoio ao Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, que ocorre na quarta-feira (17). As cores do arco-íris, adotada pela comunidade LGBTQIA+ como símbolo, foram utilizadas em banners promocionais do campeonato, na braçadeira de cada capitão e na coloração dos números nos uniformes dos times.

Crenças pessoais

Zakaria Aboukhlal, zagueiro do Toulouse e do Marrocos, disse que não iria participar do jogo. "Tomei a decisão de não participar do jogo de hoje", escreveu ele no Twitter.

"Respeito é um valor que tenho em grande estima. Ele se estende aos outros, mas também abrange o respeito por minhas próprias crenças pessoais.”

"Portanto, não acredito que seja a pessoa mais adequada para participar desta campanha."

Ainda em sua nota, o time francês destacou que “18 nacionalidades e 5 continentes estão representados em nossa força de trabalho profissional” e que a “abertura para o mundo é parte integrante do DNA do clube”, destacando a posição do time na luta contra a homofobia e todas as formas de discriminação.

Apoio

Eric Roy, o treinador do Stade Brestois, expressou sua opinião de que a campanha não deveria ter sido realizada no final da temporada. Ele argumentou que alguns jogadores que optaram por não participar dela podem desempenhar um papel crucial na luta de seus clubes para evitar o rebaixamento.

"A programação deste dia contra a homofobia é catastrófica", disse Roy depois que o Brest, 15º colocado, venceu o também lutador AJ Auxerre no domingo.

"Você pode ver que há jogadores que têm problemas com isso. Todos são livres para expressar suas opiniões. Pessoalmente, não tenho nenhum problema com isso. Mas há jogadores que podem ter problemas com isso.”

Punições

O Nantes anunciou, na segunda-feira (15), que multará jogador o jogador egípcio Mostafa Mohamed, pela recusa em usar camisa contra a homofobia.

"Mostafa Mohamed, atacante do Nantes, recusou fazer parte do jogo contra o Toulouse por razões pessoais, num momento em que o Nantes luta pela permanência na primeira divisão. Por isso, a diretoria decidiu puni-lo financeiramente", anunciou o clube em comunicado.

O atleta també utilizou seu Twitter para justificar sua postura, onde falou que respeita todas as convicções.

"Respeito todas as diferenças. Respeito todas as crenças e convicções. Esse respeito se estende aos outros, mas também inclui o respeito por minhas crenças pessoais. Dadas as minhas raízes, a minha cultura, a importância das minhas convicções e crenças, não me foi possível participar nesta campanha. Espero que minha decisão seja respeitada, assim como meu desejo de não discutir sobre isso e que todos sejam tratados com respeito."

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