Pai que procura corpo do filho há 3 dias em Petrópolis diz de onde tira forças: “Só Deus”

"Só saio daqui quando encontrá-lo", disse Paulo Roberto de Oliveira, acrescentando que deseja dar um enterro digno ao filho.

Fonte: Guiame, com informações de BBC Brasil e g1Atualizado: sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022 às 13:18
Paulo Roberto de Oliveira, de 40 anos, procura o filho desaparecido há três dias. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil).
Paulo Roberto de Oliveira, de 40 anos, procura o filho desaparecido há três dias. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil).

Um pai procura o corpo do filho há três dias em meio aos escombros e a lama que sobrou do deslizamento do Morro da Oficina, que devastou a cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, na terça-feira (15).

"Só saio daqui quando encontrá-lo", disse Paulo Roberto de Oliveira, de 40 anos, em entrevista à BBC Brasil, na quinta-feira (17).

O jovem desaparecido, de 18 anos, estava com a avó, que também está desaparecida, em uma casa na parte inferior do Morro, que desabou com o maior temporal já registrado na região desde 1932.

Em meio à busca implacável, Paulo se depara com o cenário de horror que tomou conta da região. Moradores que já choram a perda de entes queridos, outros que também buscam parentes desaparecidos nos destroços. O homem relatou que encontrou em meio à lama uma perna humana, que desceu a colina, junto com restos de móveis e eletrodomésticos.

Não é a primeira vez que Paulo e sua família são afetados por uma tragédia climática. Nascido e criado em Petrópolis, em 2011, ele perdeu a casa nas fortes chuvas que vitimaram mais de 900 pessoas na Serra do Rio de Janeiro.

Questionado de onde tira forças para estar ali em busca do corpo do filho, Paulo respondeu: “Só Deus”, acrescentando que por si próprio não teria estrutura nenhuma. "Minha esperança é encontrar meu filho, para dar um enterro digno a ele. É o amor da minha vida", declarou.

Segundo o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), o volume das chuvas que atingiram Petrópolis foi de 259,8 milímetros em 24 horas, o maior já registrado nos últimos 90 anos.

Durante a madrugada desta sexta-feira (18), o trabalho de busca e resgate de corpos continuaram. De acordo com o Corpo de Bombeiros, ainda é possível encontrar sobreviventes na lama. Segundo as contagens mais recentes, já são 120 mortos e 116 pessoas estão desaparecidas.



Tragédia em Petrópolis já soma mais de 100 mortes. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil).

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