O pastor Rodrigo Mocellin, da igreja Resgatar Guaratinguetá, foi intimado nesta quarta-feira (11) pela Polícia Civil para prestar esclarecimentos por “intolerância religiosa”, depois de associar Exu a espíritos malignos.
Além dele, o estudioso de escatologia Rafael Bitencourt foi alvo de uma representação criminal movida pelo babalorixá Sidney Nogueira e o advogado e ex-secretário de Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo, Hédio Silva Júnior.
O advogado e o líder religioso pediram que o YouTube retirasse os vídeos em que Mocellin e Bitencourt fazem uma análise bíblica sobre a exaltação a Exu pela escola de samba Acadêmicos do Grande Rio.
Rafael Bitencourt, que tem mais de 700 mil inscritos no YouTube, publicou o vídeo "POSSUÍDOS! Carnaval e a verdade que não te contaram! Batalha espiritual!". O conteúdo já não está mais no ar.
Já no canal do pastor Rodrigo Mocellin, que tem mais de 330 mil inscritos, foi publicado o vídeo "Carnaval 2022: EXU é descrito como bonzinho", no qual ele explica que "Carnaval é uma coisa demoníaca". O vídeo também foi retirado do ar.
Para o advogado e o babalorixá, os vídeos promovem conteúdo de intolerância religiosa. “Essas postagens veiculam discursos de ódio religioso e de racismo religioso que incitam e induzem os brasileiros a agredirem as religiões afro-brasileiras e seus adeptos”, disse Hédio Silva Júnior à Folha de São Paulo.
Intimação recebida pelo pastor Rodrigo Mocellin. (Foto: Instagram/Rodrigo Mocellin)
No sábado (7), o pastor Rodrigo Mocellin publicou um vídeo esclarecendo as acusações de “racismo religioso”, um termo que ele não conhecia. Ele observa que hoje podem usar símbolos cristãos para defender pautas LGBT ou até mesmo invadir igrejas, mas “somente os cristãos não possuem liberdade de expressão”.
“Tolerar crenças não significa que não podemos criticá-las. Eles estão quase passando para o lado em que nos obrigarão a crer como eles, em que nós seremos obrigados a elogiar a religião deles. Isso é intolerância”, o pastor Rodrigo destaca.
Na quinta-feira (5), Rafael Bitencourt também se expressou sobre a ação: “A Constituição e a lei de intolerância religiosa me garantem o direito à crítica. Não é proibida a crítica de acordo com seus valores e crenças. Mesmo quem não faz parte de uma religião pode tecer críticas e dar a opinião sobre o outro. Se não, a lei impediria a evangelização, a obra missionária e a pregação do Evangelho.”
Bitencourt acredita que isso está ligado a algo maior do que uma ação contra seu canal. “Isso tem a ver com o cancelamento da cultura cristã, querem calar a sua boca, pastor, pastora, cristão. Querem impedir você de falar”, alerta.
Confira as declarações na íntegra:
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