Enquanto muitos comemoravam o Natal, dezenas de pessoas foram queimadas vivas em Mianmar, pelo Tadmadaw — nome oficial das forças armadas birmanesas, que perseguem grupos étnicos e religiosos no país.
De acordo com Benedict Rogers, analista sênior da CSW para o Leste Asiático, é necessário que haja um embargo global de armas. A CSW é uma instituição de caridade cristã que está convocando a comunidade internacional a tomar medidas urgentes depois de denunciar tantas atrocidades.
“Há relatos de que pelo menos 35 civis inocentes foram queimados vivos na véspera de Natal”, disse Rogers. Ele também aponta para outras violações flagrantes contra o povo de Mianmar.
Sobre o massacre
A Christian Solidarity Worldwide (CSW) esclareceu que os crimes foram cometidos no estado de Kayah. Entre as vítimas estavam mulheres, idosos e crianças.
Os corpos foram encontrados pelo Grupo de Direitos Humanos Karenni (KHRG), no dia de Natal, sábado (25), conforme o Christian Today. A CSW também recebeu relatos de pessoas sendo usadas como escudos humanos e de minas terrestres colocadas ao redor das aldeias.
O massacre é o mais recente de uma série de ataques violentos no estado de Kayah, que deixaram mais de 600 casas, seis igrejas e pelo menos uma clínica destruídas entre maio e dezembro deste ano.
Crimes contra a humanidade
O Dr. Sasa, porta-voz do Governo de Unidade Nacional de Mianmar e enviado especial de Mianmar às Nações Unidas, condenou fortemente os recentes assassinatos.
“Esses atos constituem claramente os piores crimes contra a humanidade e esperamos que todos os povos e governos em todo o mundo condenem esses atos”, escreveu em comunicado.
Sasa espera que os criminosos sejam levados à justiça e totalmente responsabilizados por suas ações. “Que haja condenação”, ele enfatizou.
“Pedimos, mais uma vez, uma ação internacional urgente e, especificamente, a imposição rápida e abrangente de um embargo global de armas ao país como forma de pressionar o regime militar a pôr fim a essas atrocidades horríveis”, disse.
Governo birmanês nega
Conforme a agência de notícias AFP, a junta militar de Mianmar negou nesta segunda-feira (27) o massacre de civis. Mas, um porta-voz da junta militar, Zaw Min Tun, admitiu que ocorreram confrontos na área, na sexta-feira, e que soldados mataram várias pessoas, sem dar mais detalhes.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros alegou em comunicado que as notícias têm origem em “elementos antigovernamentais, terroristas e grupos rebeldes” e que não foram verificadas, conforme a imprensa oficial. Entre os mortos, porém, havia crianças.
A ONG Save the Children anunciou mais tarde que dois de seus funcionários na Birmânia estavam “desaparecidos”. Mianmar está mergulhada no caos desde o golpe ocorrido no início de fevereiro, que encerrou uma transição democrática de 10 anos. Em apenas 10 meses, mais de 1.300 civis morreram, segundo a Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), uma ONG local.
O subsecretário-geral da ONU, Martin Griffiths, disse neste domingo (26) que ficou horrorizado com as notícias do ataque. “Condeno esses eventos graves”, ele declarou através de comunicado, onde exortou que as autoridades iniciem “imediatamente uma investigação séria e transparente”.
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