Professor cristão perde licença por se recusar a usar pronome trans, na Nova Zelândia

O professor não teve sua crença cristã respeitada e foi pressionado pelas novas regras em nome da política ideológica escolar.

Fonte: Guiame, com informações da NZ HeraldAtualizado: sexta-feira, 23 de junho de 2023 às 17:04
Sala de aula. (Foto representativa: Unsplash/MChe Lee)
Sala de aula. (Foto representativa: Unsplash/MChe Lee)

Um professor de matemática do Ensino Médio, na Nova Zelândia teve seu registro de professor cancelado depois que se recusou a usar nome e pronomes preferidos de um de seus alunos transgêneros.

Isso levou o Conselho de Ensino de Aotearoa a dizer que todos os alunos têm “o direito de sentir que as escolas são um espaço seguro, onde são respeitados e valorizados” e os professores não devem usar sua autoridade para “minar a identidade pessoal de seus alunos, ou influenciá-los indevidamente”.

E uma das principais instituições de caridade LGBT+ da Nova Zelândia também falou sobre o assunto, dizendo que é importante que as identidades dos alunos sejam respeitadas na escola.

Ideologia trans e crenças cristãs

Em fevereiro deste ano, após ser pressionado pelas novas regras em nome da política ideológica escolar, o professor foi colocado perante o Tribunal Disciplinar — órgão independente com cada painel presidido por um advogado e dois professores experientes. 

A decisão foi divulgada publicamente na última segunda-feira (19), esclarecendo que a aluna de 14 anos está em processo de transição “de menina para menino” e que seu “nome masculino preferido” estava registrado no portal online da escola. 

O professor, cujo nome foi preservado pelo  tribunal, recusou-se a chamar a aluna pelo nome trans. Conforme notícias da NZ Herald, mais tarde, ele se encontrou com a aluna para tentar uma reconciliação e explicou que a transição de gênero ia contra suas crenças cristãs.

A aluna chegou a um acordo, mas disse que ainda preferia que o professor se referisse a ela pelo nome de sua preferência. Ele voltou a recusar, acrescentando palavras no sentido de não querer que a aluna “seguisse no caminho de pecado”.

‘Ajuda e libertação’

O tribunal ouviu sobre as crenças do professor que não acredita que crianças podem trocar de gênero. Ele ainda explicou que não houve má conduta de sua parte e que chamar a menina de menino seria para ele um gesto de abuso infantil. 

Durante seu depoimento, o profissional alegou que não precisava usar o nome preferido dela, já que a aluna era menor de idade. 

Além disso, defendeu que qualquer pessoa que tente se afastar de seu gênero ao nascer precisa de “ajuda e libertação” e que é errado as escolas sugerirem ou ensinarem às crianças que gênero é uma escolha.

Argumentos bíblicos

Durante sua defesa no tribunal, o professor usou a Bíblia para falar sobre a homossexualidade e apresentou trechos onde diz que “homem só deve ter relações com mulher” e vice-versa. 

O aborto também foi mencionado durante sua apresentação ao tribunal, e ele argumentou que todas as formas de aborto se afastavam dos valores cristãos e que deveriam ser consideradas assassinato.

Ao final, ele também lembrou de um caso em que um aluno queria ser identificado como “realeza terrestre ou juiz” e que seu pronome preferido seria “Meritíssimo”.

“Embora esse exemplo possa parecer absurdo, eles têm a mesma lógica de chamar uma menina de menino ou um menino de menina. É apropriado que um professor chame um aluno pelo pronome 'Meritíssimo' ou espere que os professores se refiram aos alunos como animais?”, questionou.

“Os argumentos que fazem referência ao risco de homossexualidade e aborto podem muito bem ser bem-vindos e normais no contexto da vida privada e das opiniões do professor. No entanto, eles são vergonhosos quando usados ​​no contexto atual”, o professor ouviu isso do tribunal que considerou que o cancelamento da licença era o único caminho adequado e condenou-o a pagar as custas.

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