Israel alertou cerca de 100 mil habitantes de Gaza para que deixem suas casas nesta quarta-feira (16), num claro aviso de que vai intensificar a nova onda de bombardeios na região.
Segundo militares informaram à agências France Presse e à emissora BBC, o aviso foi enviado por mensagens e por chamadas.
A medida afeta os habitantes de Zeitun, Shujaiya e Beit Lahiya.
Eles receberam ligações telefônicas, mensagens SMS e panfletos, segundo um comunicado do exército. Vários correspondentes da AFP tiveram acesso aos panfletos em Zeitun, ao sudeste da cidade de Gaza.
"Apesar do cessar-fogo, o Hamas e outras organizações terroristas continuaram lançando foguetes, muitos deles procedentes destas três zonas", afirmam as mensagens do exército.
"Para sua própria segurança, solicitamos que abandonem suas residência imediatamente e compareçam a Gaza antes das 8h (2h de Brasília)", afirmam os panfletos.
A mensagem destaca que o exército 'não quer fazer dano' aos habitantes destas cidades.
A operação, que Israel diz ter como objetivo interromper o lançamento de foguetes contra seu território, foi iniciada há oito dias e já deixou mais de 200 palestinos mortos, segundo Ministério da Saúde do território palestino. A ONU advertiu que a maioria das vítimas é civil.
Israel retomou nesta terça (15) os bombardeios contra a Faixa de Gaza, depois de uma breve trégua, intensificando seus ataques após o registro da primeira vítima israelense no conflito. Ataques aéreos mataram mais cinco palestinos na madrugada desta quarta, segundo fontes médicas ouvidas pela AFP.
O bombardeio de uma casa na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, liquidou dois homens, e outro ataque aéreo vitimou um jovem na mesma região, disse à AFP o porta-voz dos serviços de emergência, Ashraf Al Qudra. Em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, a aviação israelense matou um homem e um jovem de 19 anos nesta madrugada, acrescentou Al-Quadra.
Horas antes, aviões israelenses bombardearam a casa de um alto dirigente do Hamas, Mahmoud al-Zahar, na cidade de Gaza, mas não havia ninguém na residência. Ao menos dois mísseis atingiram a casa de quatro andares de Al-Zahar, destruindo o prédio e causando danos a uma mesquita e a residências vizinhas, segundo testemunhas.
Os ataques israelenses também atingiram na cidade de Gaza a casa de Bassem Naim, outro alto dirigente do Hamas, e as residências em Jabalia (norte) do ex-ministro da Saúde Fathi Hammad e do deputado Ismail Al Ashqar.
A rejeição por parte do Hamas da iniciativa egípcia de cessar-fogo obrigou Israel a "expandir e intensificar" suas operações militares em Gaza, declarou na terça o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. "Uma solução diplomática teria sido melhor, é o que tentávamos fazer quando aceitamos a proposta de trégua hoje, mas o Hamas não nos deixa outra opção a não ser expandir e intensificar nossa campanha", afirmou.
A declaração coincidiu com o anúncio da morte de um civil israelense atingido por um foguete perto da passagem de Erez, na fronteira com Gaza, a primeira vítima israelense em oito dias de hostilidades. Um porta-voz dos serviços de emergência israelense declarou à AFP que o homem de 38 anos estava entregando comida a soldados que atuam na região.
Na Faixa de Gaza, além dos 200 mortos os bombardeios israelenses já deixaram 1.500 feridos.
Escalada de violência
A mais recente escalada de tensão e violência entre israelenses e palestinos começou com o desaparecimento de três adolescentes israelenses no dia 12 de junho na Cisjordânia. Eles foram sequestrados quando pediam carona perto de Gush Etzion, um bloco de colônias situado entre as cidades palestinas de Belém e Hebron (sul da Cisjordânia), para ir a Jerusalém.
O governo israelense acusou o movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza, do sequestro. O Hamas não confirmou nem negou envolvimento. Israel deslocou um grande contingente militar para a área da Cisjordânia, principalmente na cidade de Hebron e arredores. Dezenas de membros do Hamas foram detidos, e foguetes foram disparados da Faixa de Gaza contra Israel.
Os corpos dos três jovens foram encontrados em 30 de junho, com marcas de tiros. Analistas sustentam que eles foram assassinados na noite de seu desaparecimento.
A localização dos corpos aumentou a tensão, com Israel respondendo aos disparos feitos por Gaza. No dia seguinte, 1º de julho, um adolescente palestino foi sequestrado e morto em Jerusalém Oriental. A autópsia indicou posteriormente que ele foi queimado vivo.
Israel prendeu seis judeus extremistas pelo assassinato do garoto palestino, e três dos detidos confessaram o crime. Isso reforçou as suspeitas de que a morte teve motivação política e gerou uma onda de revolta e protestos em Gaza.
No dia 8 de julho, após um intenso bombardeio com foguetes contra o sul de Israel por parte de ativistas palestinos, a aviação israelense iniciou dezenas de ataques aéreos contra a Faixa de Gaza. A operação, chamada "cerca de proteção", tem como objetivo atacar o Hamas e reduzir o número de foguetes lançados contra Israel, segundo um porta-voz israelense.
Os militantes de Gaza responderam aos ataques, disparando foguetes contra Tel Aviv. Por enquanto, só houve registro de mortes entre os palestinos – o sistema antimísseis israelense interceptou boa parte dos disparos lançados contra seu território.
Os combates são os mais sérios entre Israel e os militantes de Gaza desde a ofensiva de seis dias em 2012.
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições