E se eu “blasfemar” contra o Espírito Santo? Entenda o que ‘é’, e o que ‘não é’ blasfemar

Texto dentro do contexto.

Fonte: Guiame, Cris BeloniAtualizado: segunda-feira, 29 de maio de 2023 às 16:33
(Foto: Unsplash/Mehrpouya H)
(Foto: Unsplash/Mehrpouya H)

“Eu lhes asseguro que todos os pecados e blasfêmias dos homens lhes serão perdoados, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: é culpado de pecado eterno”. (Marcos 3.28,29)

O que é blasfêmia?

Biblicamente falando, blasfêmia é um tipo de ofensa a Deus. Para outras religiões, é um insulto ao que consideram sagrado ou uma difamação ao nome do seu deus.

Agora vamos ao contexto para entender o que Jesus quis dizer com a blasfêmia contra o Espírito Santo. O capítulo 2 de Marcos diz que Jesus estava em Cafarnaum, ocasião em que curou um paralítico que havia sido carregado por quatro amigos que o desceram pelo telhado.

Por Jesus ter dito: “Filho, os seus pecados estão perdoados, os mestres da lei ali presentes começaram a questionar: “Por que esse homem fala assim? Está blasfemando! Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus?” (Marcos 2.7)

Jesus sabia o que eles diziam em seu coração, por isso, além de perdoar os pecados do paralítico ainda o fez andar à vista de todos. E aqueles homens ficaram atônitos. Depois disso, Jesus continuou indo a outros lugares e curou outras pessoas, inclusive aos sábados.

Jesus foi acusado de atuar por meio de satanás

Como Jesus continuou em frente seguindo sua missão, os fariseus começaram a conspirar com os herodianos para matá-lo. Os herodianos eram os apoiadores da dinastia de Herodes, um grupo político sem motivação religiosa que apoiava a aliança entre o governo judeu e Roma.

No capítulo 3, vimos que Jesus escolheu os 12 discípulos e era tão grande a multidão que o seguia que eles mal podiam comer em paz. Os familiares de Jesus, quando souberam do movimento, chegaram a dizer que Jesus “estava fora de si”.

Agora observe, se até a família de Jesus pensava assim, imagine os fariseus e mestres da lei. Eles ficaram tão irados com a popularidade de Jesus que começaram a dizer que “Jesus estava com Belzebu” e que “expulsava demônios pelo poder de satanás”. Foi justamente nessa ocasião que Jesus falou sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo.

A palavra Belzebu é composta por “Baal” e “Zebul”, que significa “mosca”, conforme lembra o pastor Hernandes Dias Lopes, numa de suas pregações publicadas em seu Facebook, em 2021. Traduzindo, ficaria ‘o senhor das moscas’.

O grande problema, segundo o pastor, é que os escribas estavam transformando a encarnação do filho de Deus em encarnação do maligno, transformando Jesus num diabo que faz o bem, ou seja, num diabo ainda mais ardiloso.

O que ‘NÃO É’ blasfêmia contra o Espírito Santo?

Hernandes explica que blasfêmia não é a incredulidade final, não é rejeitar por um tempo a graça de Deus e não é negar a Cristo. “Nem mesmo o ateu que nega a Cristo está cometendo uma blasfêmia contra o Espírito Santo”, ele esclareceu.

Negar a divindade do Espírito Santo também não é blasfêmia: “Se fosse, nenhum unitarista seria salvo, como é o caso dos Testemunhas de Jeová”. Unitarismo é uma corrente de pensamento teológico que afirma a unidade absoluta de Deus, rejeitando portanto a Trindade.

Ainda segundo o pastor, a blasfêmia não é a mesma coisa que os pecados contra o Espírito Santo, como entristecê-lo (Efésios 4.30), apagá-lo (1 Tessalonicenses 5.19) ou resisti-lo (Atos 7.51).

O que ‘É’ blasfêmia contra o Espírito Santo?

A Bíblia mostra que Deus explicou a Moisés como alguém que blasfemava deveria ser tratado. Veja:

“Então o Senhor disse a Moisés: Leve o que blasfemou para fora do acampamento. Todos aqueles que o ouviram colocarão as mãos sobre a cabeça dele, e a comunidade toda o apedrejará. Diga aos israelitas: Se alguém amaldiçoar seu Deus, será responsável pelo seu pecado; quem blasfemar o nome do Senhor terá que ser executado. A comunidade toda o apedrejará. Seja estrangeiro, seja natural da terra, se blasfemar o Nome, terá que ser morto”. (Levítico 24.13-16)

Foi levando em conta a lei de Moisés que os mestres da lei, no tribunal do Sinédrio, condenaram Jesus ao crime de blasfêmia. Eles sabiam que se tratava de um crime quando a pessoa blasfemava de forma consciente e deliberadamente, ou seja, com total intenção.

“Mas todo aquele que pecar com atitude desafiadora, seja natural da terra, seja estrangeiro residente, insulta ao Senhor, e será eliminado do meio do seu povo”. (Números 15.30)

Conforme esclarece o pastor Hernandes, eles sabiam muito bem quem era Jesus: “Mas, por inveja, dentro desse pano de fundo, ou seja, usando a lei, eles tramaram contra o Filho de Deus, na tentativa de afastá-lo do povo”.

Aqueles homens cometeram apostasia total e é sobre esse tipo de pecado que não há perdão.

“Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não leva à morte, ore, e Deus lhe dará vida. Refiro-me àqueles cujo pecado não leva à morte. Há pecado que leva à morte; não estou dizendo que se deva orar por este”. (1 João 5.16)

Conclusão

A blasfêmia não é um pecado por ignorância, mas por intencionalidade. É quando alguém, mesmo consciente sobre quem é Deus, Jesus e o Espírito Santo, repudia suas ações e ainda as atribui a Satanás.

“Quem pratica esse pecado atravessa a linha divisória da oportunidade e torna-se réu de pecado eterno”, conclui o pastor ao comentar que o processo de endurecimento do coração humano chega a um ponto em que se torna impossível voltar ao arrependimento.

“Pessoas que cometem blasfêmia contra o Espírito Santo são insensíveis e fecharam a porta da graça com as suas próprias mãos. Elas não sentem mais nada, nem tristeza, nem culpa e nem arrependimento”, finalizou o pastor.

Diante dessas verdades, cabe a nós não julgar as pessoas, mas olhar para dentro de nós mesmos e perceber se o nosso relacionamento com o Espírito Santo é bom o suficiente para nos levar ao céu.

E esse foi o estudo desta semana. Espero ter tirado sua dúvida e também colaborado para seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!

Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Por que Jesus escreveu no chão com o dedo enquanto era interrogado por mestres e fariseus?

 

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