Mo Timbo cresceu com a mãe e o pai na Walworth Road, no sudeste de Londres. Ele era o filho mais velho. Ele conta que as coisas ficaram um pouco instáveis quando seus pais se separaram e, por causa da decisão, o pai saiu de casa.
“Papai sempre foi meu modelo, minha inspiração, a pessoa para quem fui buscar conselhos e orientações; então, quando ele saiu, senti que não tinha ninguém para admirar. Ele ligava e me verificava, mas, quando ele saiu de casa, eu perdi um modelo.
As alternativas mais próximas encontradas pelo jovem foram os traficantes locais: “caras com grande reputação, bons carros e bons relógios”.
“Eles não apenas se tornaram pessoas que eu queria seguir, mas também pessoas que eu idolatrava. Eu idolatrava a maneira como esses caras eram populares, a maneira como esses homens respeitavam, o dinheiro que tinham”, lembra.
Mo Timbo diz que por mais que algo estivesse faltando em sua casa, ele não diria que foi a única razão pela qual acabou se envolvendo com gangues. “Eu queria me envolver. Esses homens me mostraram amor, me mostraram carinho - eles me compravam pequenas coisas, então eu tinha um forte desejo de fazer parte do grupo deles”, contou.
“Você não acorda de manhã pensando: ‘sou parte de uma gangue’; são apenas os amigos com quem você sai. Parecia muito normal. A violência das gangues acontecia ocasionalmente, mas não era a maior parte do tempo - na maioria das vezes, jogávamos futebol e videogame”, diz.
Mas a ilusão do jovem sobre a vida com o grupo estava começando a se desfazer: “Quando comecei a perceber que havia outras pessoas que não gostavam de nós e de quem não gostávamos, fiquei cheio de paranoia. Todos os dias eu me perguntava que tipo de dia seria: seria um dia normal com meus amigos ou seria o dia em que teríamos que fugir dessa gangue, ou teríamos que persegui-la?”
A percepção de Mo Timbo logo se tornou uma realidade violenta. “Lembro-me de quando meu amigo foi baleado. Lembro-me de sentir medo, seguido de sorte (eu estava ao lado dele e poderia facilmente ter sido eu) e depois raiva. Eu queria mostrar às pessoas ao meu redor que não tinha medo”, conta.
Preso
A vida de Mo Timbo teve uma virada quando ele estava com 19 anos e acabou preso por posse de crack e heroína. “Olhei para minha vida e pensei: a maioria dos meus amigos está na prisão por um longo tempo ou morta; eu tenho que pensar em uma maneira diferente de viver”, relembra.
A namorada de Mo Timbo na época estava indo à igreja. Enquanto ela falava sobre o cristianismo para Mo Timbo, ele falava sobre o islamismo para ela.
“Minha família me criou como muçulmano (meu nome completo é Mohammed), então eu tinha muito pouco entendimento do cristianismo”, conta.
“Lembro-me dela dizendo que Jesus me amava, independentemente do que eu tinha feito. Suas palavras foram tão poderosas que, quando fui preso, pensei: deixe-me ver se o que essa garota diz é verdade, então orei naquele dia: ‘Jesus, se você é real, me tire desta delegacia e eu vou entregar minha vida a você para sempre’. Poucas horas depois, fui libertada sob fiança e o primeiro lugar em que fui foi uma igreja”, testemunha.
Igreja
Mo Timbo conta que nunca tinha estado em uma igreja antes e, ao ouvir o pregador, “senti que as palavras dele foram dirigidas a mim”.
O pastor estava falando sobre pessoas envolvidas em drogas e crime e explicou que Jesus poderia salvá-las. “Suas palavras eram tão específicas à minha situação que me lembro de pensar que minha namorada devia ter falado com o pastor e dito que eu estava voltando”, conta.
Mas logo Mo Timbo percebeu que Deus estava falando através daquele homem. Ali foi o ponto em que o jovem decidiu entregar sua vida a Cristo
Tornando-se um discípulo
Depois de participar de uma igreja por nove meses, Mo Timbo acabou voltando para a prisão pelos crimes que havia cometido antes de entregar-se a Cristo.
“O incrível foi que eu fui para a prisão não como traficante, mas como cristão. Eu estava cercado por homens que precisavam de esperança, então comecei a evangelizar”, conta.
Mo Timbo disse que os presos viram alguém que estava na mesma situação que eles, mas que havia mudado completamente a maneira como se comportava, a maneira como falava.
“Isso levou a mais de 600 pessoas entregando sua vida a Cristo na prisão. Tivemos batismos, tivemos reuniões de oração na minha cela com muitos caras orando e lendo a Bíblia. Foi poderoso ver tantas almas salvas”, testemunha.
Algum tempo depois, Mo Timbo conta que Deus o chamou para Hull, onde começou uma igreja. Era uma das igrejas que mais crescia na área na época, com muitos jovens salvos.
“Uma das iniciativas que tivemos foi a campanha #NoMoreKnives (Sem facas), onde frequentamos escolas e ensinamos jovens sobre os perigos do porte de armas. Usamos testemunhos e música e já frequentamos mais de 60 escolas em nossa região”, conta Mo Timbo, que teve o apoio do governo e da polícia para divulgá-la em todo o país.
“Frequentemente, olho para trás na minha vida e penso: Deus, você foi incrível para mim. Tudo o que tenho hoje e tudo o que fiz é simplesmente por causa de Deus. Uso as coisas negativas do meu passado para ajudar as pessoas a seguir em frente. Isso me permitiu derrotar qualquer condenação ou culpa que eu pudesse sentir por coisas que fiz quando era mais jovem”, diz Mo Timbo.
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