Nigéria diz que grupo ligado ao Estado Islâmico está por trás de massacre à igreja

Autoridades de segurança nigerianas suspeitam que o ataque à igreja, no estado de Ondo, foi feito pelo grupo terrorista Iswap.

Fonte: Guiame, com informações do The GuardianAtualizado: sexta-feira, 10 de junho de 2022 às 17:13
Ataque provocou mais de 60 feridos graves. (Foto: Facebook Government of Ekiti State)
Ataque provocou mais de 60 feridos graves. (Foto: Facebook Government of Ekiti State)

Extremistas afiliados ao Estado Islâmico na África Ocidental podem estar por trás do ataque a uma igreja católica na Nigéria, ocorrido no último fim de semana.

Acredita-se que 40 pessoas morreram após homens armados invadirem a igreja de São Francisco em Owo, estado de Ondo, no domingo (05) e 61 sobreviventes seguem sendo tratados no hospital, de acordo com as autoridades locais.

Segundo declaração do Conselho de Segurança Nacional da Nigéria, feita nesta quinta-feira (09), o ataque foi obra do grupo Estado Islâmico da Província da África Ocidental (Iswap), aparentemente reforçando os temores de que os militantes, que estão restritos ao nordeste por muitos anos, estejam procurando expandir seus influenciar e chegar a outras partes do país.

Autoria não foi reivindicada

Apesar das declarações, parte dos analistas aconselhara cautela, uma vez que não há qualquer reivindicação de responsabilidade do Iswap.

“O Iswap sempre reivindica grandes ataques, e sempre no sul”, disse Vincent Foucher, pesquisador do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica) em Paris. “Eles querem mostrar que são fortes e estão em expansão, então definitivamente reivindicariam este.”

Ele disse ainda que o modus operandi era diferente. “A maioria dos ataques anteriores do Iswap usaram táticas de bater e correr, não uma grande equipe de assalto como neste incidente.”

Outros possíveis perpetradores incluem milícias envolvidas em conflitos locais, violência entre fazendeiros e pastores e até redes criminosas. Em um ataque a uma igreja no estado de Anambra em 2017, a polícia prendeu mafiosos e traficantes locais.

Instabilidade

A crescente instabilidade na Nigéria, nação mais populosa da África, tem sido marcada por ataques que mataram pelo menos 32 pessoas no noroeste rural há vários dias.

Segundo o The Guardian, gangues armadas em motocicletas atacaram quatro vilarejos na área de Kajuru, no estado de Kaduna, no domingo. As telecomunicações precárias atrapalharam os moradores de relatar os ataques, como costuma ser o caso em partes do norte da Nigéria, disseram fontes locais.

Adultos e crianças que estava na igreja foram alvo dos terroristas. (Foto: Facebook Government of Ekiti State)

Esses ataques se tornaram frequentes no problemático noroeste da Nigéria, onde milhares foram mortos, segundo dados compilados pelo Conselho de Relações Exteriores dos Estados Unidos. Os moradores são frequentemente sequestrados e mantidos em detenção por semanas, geralmente em reservas florestais, até que os resgates sejam pagos.

Violência e morte

O recente ataque foi feito por “milícia Fulani armada”, disse um morador, reforçando a violência dos homens. “Essa é a língua que eles estavam falando. Essa era a perspectiva deles. Eles não são novos em nosso ambiente porque esta não é a primeira vez que eles atacaram.”

Os pastores Fulani, que são em sua maioria muçulmanos, estão em conflito com os agricultores assentados há décadas pelo acesso à terra para pastagem. A rivalidade tornou-se mortal nos últimos anos, à medida que gangues armadas atacam comunidades rurais.

Nem a polícia nem as autoridades do estado de Kaduna confirmaram os ataques. A presença limitada de segurança em muitas comunidades remotas torna difícil para as forças do governo proteger os moradores dos ataques ou prender rapidamente os criminosos, dizem analistas.

Muhammadu Buhari, o presidente nigeriano, foi acusado de não fazer o suficiente para acabar com os problemas de segurança do país, uma das principais promessas de campanha que o ex-general fez quando se candidatou à eleição em 2015. O mandato de Buhari vai até maio de 2023.

O Iswap não conseguiu capitalizar totalmente sua vitória espetacular sobre o grupo extremista rival Boko Haram no ano passado.

“Eles tiveram fortunas mistas”, disse Foucher. “O exército tem sido mais ativo e muito bom em colocá-los sob pressão agora que eles são o foco principal…. Eles também estão enfrentando uma resistência inesperadamente forte de outros extremistas”.

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