Pastores não são preparados para lidar com traumas de membros, mostra pesquisa

Os líderes recebem treinamento para lidarem com o luto, mas não foram ensinados a cuidar de pessoas com outros traumas, como abuso e tragédias.

Fonte: Guiame, com informações de Baptista News Global Atualizado: segunda-feira, 17 de outubro de 2022 às 15:32
Líderes cristãos não são ensinados a lidarem com traumas. (Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash/Adrianna Geo).
Líderes cristãos não são ensinados a lidarem com traumas. (Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash/Adrianna Geo).

A maioria dos pastores diz que não foi preparada para lidar com traumas de membros em seu ministério, revelou uma pesquisa da Baylor University.

O estudo apontou que a metade dos líderes receberam treinamento apenas para lidarem com o luto, mas não foram ensinados a cuidar de pessoas com outros traumas, como de saúde mental, abuso sexual e tragédias.

Conduzida pelo The Center for Church and Community da Baylor, a pesquisa entrevistou 331 pastores, nos Estados Unidos, sobre seus conhecimentos para tratar traumas em suas congregações. Os entrevistados eram 82% batistas, incluindo homens e mulheres de todas as idades.

A questão que os líderes se sentem mais preparados para abordar é o luto, um dos traumas comuns no pastorado.

76% responderam que estão “um pouco preparados” ou “muito preparados” para ajudar nesses momentos e 24% disseram estar “um pouco despreparados” ou “despreparados”.

Em relação a outros tipos de traumas, 55% dos pastores afirmaram que estão preparados para lidar com crises de saúde mental (55%), abuso (53%), acidentes (52%), conflito racial (52%) e desastres naturais (50%).

Apenas 30% dos líderes disseram que foram ensinados a lidar com traumas, causados por violência sexual, agressão física, guerra, imigração ou crises de saúde pública.

Aumento de casos de traumas

O estudo também descobriu que a quantidade de casos de traumas atendidos pelos pastores aumentou depois da pandemia da Covid-19. Os membros estão conversando mais com seus líderes sobre crises de saúde pública, morte e problemas de saúde mental.

“Uma observação interessante sobre a frequência com que os tópicos são discutidos é que sabemos que uma em cada quatro mulheres sofrerá agressão sexual, mas os dados mostraram que 73% dos entrevistados não falaram sobre isso anualmente ou nunca”, observou Erin Albin Hill, a coordenadora da pesquisa.

“Então, há uma discrepância nesses dados: as pessoas não se sentem seguras em discutir esse tipo de trauma com os pastores?”

Líderes se sentem despreparados

Alguns líderes entrevistados relataram que, nos últimos anos, se sentiram inseguros para tratar questões de trauma em seu ministério.

“Isso me fez perceber que preciso de mais ajuda, mais educação, apoio necessário em novas áreas”, afirmou um deles.

Outro confessou sentir um “profundo senso de responsabilidade pastoral” e um “profundo senso de inadequação pastoral” ao mesmo tempo, o levando a desejar um “melhor treinamento antes de eventos futuros”.

Para Hill, falta preparação para os líderes abordarem essas questões. “Ao todo, interpreto os dados como muito reveladores de que os pastores estão conversando sobre diferentes tipos de trauma regularmente, mas não estão necessariamente preparados para isso”, comentou ela.

E acrescentou: “Os seminários precisam considerar a inclusão de conteúdo sobre trauma e cuidados sensíveis ao trauma em seus cursos. Da pregação ao cuidado pastoral, os ministros precisam saber como responder de maneira apropriada e honrosa quando alguém está discutindo as experiências traumáticas em suas vidas. Até que isso aconteça, os pastores precisam aprender sobre esses tópicos por meio de estudos independentes ou participando de treinamentos para estarem bem preparados”.

A coordenadora ainda ressaltou que, ao lidar com questões traumáticas todos os dias, os pastores podem se sentir sobrecarregados e, por isso, também precisam cuidar de sua saúde mental.

“Isso nos mostra que os líderes da igreja precisam ser proativos em cuidar de si mesmos para se manterem saudáveis. Acho que já começamos a ver o subproduto disso com pastores deixando o ministério em altas taxas”, concluiu.



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