Em meio ao conflito iniciado na semana passada, os cristãos no Sudão estão pedindo oração por proteção.
Os confrontos entre o Exército e um grupo poderoso de paramilitares, deixaram centenas de mortos e quase 2.000 feridos.
O conflito já está afetando as igrejas no país, com os cultos sendo cancelados, enquanto as pessoas se escondem em casa.
Os ataques aéreos atingiram 4 hospitais em Cartum e, pelo menos, outros 16 hospitais estão fora de serviço. Segundo um grupo médico, não há bolsas de sangue e materiais para cuidar dos feridos. Muitos sudaneses já estão sem água e eletricidade, conforme notícias da DW.
No domingo (23), centenas de diplomatas estrangeiros dos EUA, Reino Unido e outros países foram evacuados da nação, por segurança.
Os combates começaram após meses de tensões entre dois líderes militares rivais. As Forças Armadas do Sudão, sob o comando do general Abdel Fatah al-Burhan, e unidades paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), chefiadas pelo vice-presidente do Conselho Soberano, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti.
Liberdade religiosa ameaçada
De acordo com a Missão Portas Abertas, a Igreja no país teme que extremistas islâmicos aproveitem o caos e a instabilidade no país para impor a lei islâmica novamente.
Fikiru Mehari, pesquisador da organização na África Oriental, alertou que o retorno da sharia intensificaria a perseguição contra os 2 milhões de cristãos no Sudão.
"Muitos temem que o Sudão esteja vulnerável ao colapso. Desse caos, extremistas islâmicos podem surgir e impor a dura lei Sharia. Isso seria mortal para os cristãos”, afirmou Mehari ao Christian Today.
Após dois anos de avanços na liberdade religiosa no Sudão com o fim da ditadura islâmica em 2019, autoridades voltaram a perseguir os cristãos desde o golpe militar de 2021.
"Quando o ditador Omar al-Bashir foi deposto, nos foi prometido um governo interino seguido de eleições. Isso nos deu esperança, pois a perseguição aos cristãos começou a diminuir. Mas isso não durou muito, e não vejo nenhum dos líderes oferecendo ao país as liberdades que nos foram prometidas", comentou Mehari.
E explicou: "Nossa maior preocupação é que isso dará aos extremistas islâmicos a chance de explorar o caos para devolver o Sudão às estritas leis islâmicas da Sharia – prometendo às pessoas que isso pode trazer paz e estabilidade. Para os cristãos e muitos outros, isso trará sofrimento incalculável”.
Início dos conflitos
O atual confronto foi desencadeado devido às negociações de uma reforma do setor de segurança. Desde que as forças militares e representantes civis assinaram, em dezembro, um acordo de transição, estão em andamento negociações para integrar as FAR ao Exército sudanês.
Essa integração poderia significar a perda de influência de paramilitares. Analistas acreditam que Hemedti, cujo grupo paramilitar é estimado em 100 mil homens, não seria a favor da reestruturação.
Em fevereiro, num discurso que chamou o golpe de "erro", Hemedti descreveu a ação como a "porta de entrada para o antigo regime". O discurso televisionado ocorreu em meio às crescentes tensões sobre a reestruturação militar, que desencadeou o retorno ao regime civil.
Antes e depois do golpe militar do ano passado, os seguidores de Jesus continuaram sendo perseguidos. O Sudão permaneceu em 10º lugar na Lista da Perseguição 2023 da Missão Portas Abertas, de países mais difíceis para ser um cristão.
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