Maioria dos evangélicos se converte após 18 anos e não tem familiares crentes, diz pesquisa

O levantamento do Datafolha foi realizado na cidade de São Paulo com 613 fiéis entre 24 e 28 de junho.

Fonte: Guiame, com informações da Folha de S.PauloAtualizado: quarta-feira, 24 de julho de 2024 às 11:32
Além de espaço de fé, pesquisa mostra que a igreja é fonte de apoio social e psicológico. (Foto: Unsplash/Nathan Mullet)
Além de espaço de fé, pesquisa mostra que a igreja é fonte de apoio social e psicológico. (Foto: Unsplash/Nathan Mullet)

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha revelou que a maioria dos indivíduos que se identificam como evangélicos hoje em dia se converteu à fé após os 18 anos.

Em particular, 46% dos entrevistados indicaram que começaram a frequentar cultos a partir dessa idade.

Em 55% dos casos, nem o pai nem a mãe frequentavam a igreja durante a infância do fiel.

Outra pesquisa, feita pelo pastor Rodolfo Capler, escritor e pesquisador do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP, já havia apontado o fenômeno que tem supostamente atraído a juventude.

Autor do livro “Geração Selfie”, Capler afirma que o jovem brasileiro se sente atraído pela pregação dos pastores pentecostais – que lançam mão de estética e linguagem contextualizadas – como também pela música gospel, que desde a sua gênese, incorpora os mais variados subgêneros musicais populares.

“Nas igrejas evangélicas, canta-se rap, funk, samba, sertanejo e rock – o que se constitui elemento de apropinquação com as novas gerações”, explicou.

No atual levantamento, uma possível explicação para a conversão dos indivíduos na maioridade é que os evangélicos paulistanos, conforme revelado pelo Datafolha, enxergam a igreja como um espaço para encontrar amor, oportunidades de trabalho e fazer novos amigos.

Apoio da igreja

A pesquisa mostra importância dos laços comunitários fortalecidos nos templos. Muitos relataram ao Datafolha que recebem apoio em seus pequenos empreendimentos e até ajuda em caso de necessidade.

Uma entrevistada disse ter sido apoiada quando perdeu tudo em uma enchente e os membros de sua igreja “racharam” uma cesta básica para sua família por dois meses.

A pesquisa indica, por meio de depoimentos, que a presença da fé no cotidiano dessas pessoas vai além das pregações, transbordando do âmbito espiritual para o social.

O levantamento, realizado com 613 fiéis paulistanos entre 24 e 28 de junho e com margem de erro de quatro pontos percentuais, revela como os evangélicos valorizam os laços afetivos construídos nas comunidades de fé.

Ele foi formulado com colaboração dos antropólogos Juliano Spyer, colunista da Folha, e Rodrigo Toniol, a socióloga Christina Vital e o cientista político Vinicius do Valle, todos estudiosos da área.

Relevância da religião

Em uma escala de 0 a 10, 55% do segmento atribuiu a nota máxima à importância da religião na busca ou manutenção de relacionamentos amorosos. A média das pontuações foi 8.

Enquanto 76% atribuem notas 10 ou 9 à importância da crença nos planos profissionais e na vida financeira, 63% conferem a mesma relevância à fé na preservação de amizades antigas e na formação de novas.

47% afirmam ter sido beneficiados por algum projeto social da igreja. Entre esses, 18% destacam as cestas básicas como o benefício mais lembrado, mas as respostas abrangem uma gama mais ampla, incluindo aulas de música e apoio psicológico.

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