Christopher Yuan, professor no Instituto Bíblico Moody, conta que aos 9 anos de idade começou a sentir atração por meninos depois de ver revistas pornográficas na casa de um amigo.
Ele revela como a exposição à pornografia abriu as portas para a confusão e o medo. No dia 29 de agosto, Christopher deu seu testemunho, na megaigreja Real Life Ministries, em Idaho, nos EUA, onde ele e os pais contaram que a jornada de fé da família não foi um processo fácil e incluiu experiências dolorosas.
Nos anos de escola primária de Christopher, ele disse que não se encaixava com os outros meninos. “Eu parecia diferente. Eu agia de maneira diferente e tinha interesses diferentes. Deus me deu os dons da sensibilidade musical”, disse.
“Satanás não pode tirar os dons dados por Deus, mas pode distorcer a percepção deles. E desde jovem fui visto e ridicularizado por ser efeminado”, lembrou. Por volta dos 20 anos, o jovem não mantinha mais segredo sobre sua sexualidade.
Christopher e seus pais, Angela e Leon. (Foto: Reprodução YouTube)
Revelação e reação dos pais
Em 15 de maio de 1993, ele voltou para casa de Louisville, Kentucky, após completar seu primeiro ano na escola de odontologia. Ele fez um anúncio inesperado aos pais.
“Eu sou gay”, Christopher se lembra de ter dito a eles. Durante esse tempo, Angela e Leon Yuan, que se conheceram em 1964 e começaram a namorar na faculdade, tinham muitos problemas conjugais não resolvidos e estavam perto de um divórcio, após 28 anos de casamento.
Leon era dentista e Angela era dona de casa. Os Yuans — que se consideravam não-cristãos naquela época — reagiram com imensa dor. O pai culpou a mãe de “tornar o filho gay” e achou melhor que cada um seguisse seu caminho em busca de felicidade.
“Eu nunca pensaria que três palavras simples: 'Eu sou gay' poderiam causar tanta dor”, disse Angela.
“Eu realmente pensei que poderia ameaçar Christopher com um ultimato para escolher a família ou a homossexualidade, mas ele já estava convencido da mentira de que ele não poderia mudar, dizendo que ‘nasceu’ gay”, destacou.
Christopher fez as malas e saiu com emoções indescritíveis, como ele mesmo citou. “Provavelmente foi pior do que receber a notícia da morte de Christopher”, contou a mãe.
“Ele poderia ter me cortado com uma faca. Teria doído menos. Eu estava no fim da minha corda”, ela comparou ao dizer que sua vida estava um caos. Com o casamento chegando ao fim, o filho se declarando gay e deixando o lar, ela disse que não tinha mais razões para viver, então pensou em suicídio.
Christopher mostra foto antiga, mostrando seu passado gay. (Foto Montagem: Reprodução/Arquivo Pessoal)
Última tentativa da mãe
Embora não acreditasse em Deus, a mãe decidiu se encontrar com um ministro cristão que lhe deu um panfleto sobre homossexualidade. Depois disso, Angela comprou uma passagem só de ida para Louisville, onde planejava se despedir do filho.
No trem, ela carregava apenas uma bolsa e o panfleto que começou a ler. O texto dizia: “Todas as pessoas são pecadoras, mas Deus as ama apesar de seus pecados”.
Enquanto lia o panfleto, ela disse: “Deus abriu os olhos do meu coração” e percebeu que assim como Deus a ama, apesar do seu pecado, ela poderia amar Christopher apesar de ele ter decidido ser gay.
Ao chegar em Louisville, ligou para o número no verso do panfleto e uma mulher cristã atendeu. Nas seis semanas seguintes, as duas se encontraram para conversar sobre a Bíblia.
“Fui para Louisville esperando acabar com a minha vida e, realmente acabei”, ela disse ao citar seu versículo bíblico favorito em Gálatas 2.20: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”.
“Mudança em todos os aspectos de sua vida”
Quando Leon soube da conversão de Angela não ficou animado, pelo contrário, considerou ser uma “notícia ruim”. Porém, com o tempo ele foi percebendo sua transformação.
“Foi uma mudança em todos os aspectos de sua vida. Não era religiosidade, era relacionamento íntimo com Jesus Cristo. Mal sabia eu que Deus também estava trabalhando em mim”, ele disse.
Pouco depois, Leon decidiu ir à igreja com a esposa. “Também entreguei minha vida a Jesus”, disse o pai. “Deus se tornou a cola que nos uniu novamente, restaurando nosso casamento”, citou ao reconhecer que essa foi a força para suportar o que ainda viria.
Christopher conta sobre seu passado de envolvimento com drogas. (Fotos: Arquivo pessoal)
Enquanto isso…
Na mesma época da conversão dos pais, Christopher estava cursando o doutorado e passava a maior parte do tempo livre frequentando clubes gays, mas tinha dentro de si um sentimento de insatisfação.
A pornografia o acompanhou alimentando seus desejos desde o início, quando ainda escondia sua atração por homens e até mesmo enquanto esteve na Reserva do Corpo de Fuzileiros Navais.
Mas então, veio outra fase, quando as drogas também passaram a ser uma necessidade. Para pagar pelo vício, Christopher precisou vender drogas para os amigos. “Nem todos os gays e lésbicas usam drogas, mas todos são promíscuos”, explicou.
E ele seguiu a vida dupla, como estudante de pós-graduação durante o dia e traficante de drogas promíscuo à noite. Três meses antes de fazer o doutorado, ele foi expulso da faculdade.
“No meu mundo, eu me tornei deus”
Quando os pais souberam do ocorrido, voaram de Chicago para Louisville. Christopher pensou que o pai que era dentista resolveria a situação, mas ao contrário, ele apoiou o diretor.
O universitário mergulhou ainda mais na confusão que era sua vida. “Não era nada para mim ter vários encontros sexuais anônimos, todos os dias, porque de acordo com o mundo, eu tinha de tudo: dinheiro, fama, drogas e sexo”, disse.
“Eu havia trocado a verdade de Deus pela mentira. E comecei a adorar e servir a criatura, ao invés do Criador, porque em meu mundo eu havia me tornado deus”, disse.
Os pais contaram que oraram e jejuaram pelo filho. “Não enfocando no desespero, mas nas promessas de Deus, junto com cem guerreiros de oração de nossa igreja. Todos nós clamamos a Deus por nosso filho Christopher”, lembrou o casal.
“Deus respondeu às minhas orações dizendo: espere e fique quieta”, lembrou Angela. Um dia, 12 policiais federais antidrogas bateram na porta de Christopher, confiscaram todo o seu dinheiro e drogas, incluindo cerca de nove toneladas de maconha, o que poderia lhe render até 10 anos de prisão.
Ele foi condenado a seis anos em um centro de detenção federal em Atlanta. Todos os “amigos” o abandonaram e, se sentindo sozinho, ligou para a mãe, esperando um tratamento ruim. Mas, para sua surpresa, a reação de Angela ao saber de sua prisão foi perguntar se ele estava bem.
Christopher começou a ler a Bíblia e, na mesma época, recebeu dos médicos o diagnóstico de HIV positivo. O Espírito Santo o convenceu de seus ídolos, incluindo a homossexualidade.
Ao se entregar à fé cristã, ele revela que “escolheu Jesus em vez da homossexualidade”.
“Eu examinei cada versículo, cada capítulo e cada página da Escritura. Uma decisão teve que ser tomada: abandonar Deus e Sua palavra, permitindo que as atrações sexuais ditassem não apenas quem eu era, mas também como eu vivia, ou abandonar a vida gay”, reconheceu.
“Minha decisão foi clara e óbvia. Eu segui Jesus”, continuou. Depois disso, se inscreveu para frequentar o Instituto Bíblico Moody, em 2001, onde se formou em 2005. Ele fez um mestrado em exegese bíblica em 2007 e um doutorado em ministério em 2014.
A nova identidade de Christopher Yuan, em Cristo, o compeliu a viver em obediência a Deus, apesar de sua atração por pessoas do mesmo sexo. E sua obediência mudou radicalmente sua vida.
Atualmente, ele atua como palestrante e é autor do livro “Sexualidade Sagrada e o Evangelho: sexo, desejo e relacionamentos moldados pela história de Deus”, que foi nomeado pela Outreach Magazine como o “Livro do Ano de 2020” para questões sociais.
Ele também é co-autor com sua mãe do livro de memórias de 2011, intitulado “País Distante: a viagem de um filho gay a Deus e uma mãe em busca de esperança”, que vendeu mais de 100 mil cópias e foi traduzido para sete idiomas.
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