Ex-integrante da Avalon supera depressão e pensamento suicida: ‘Deus fez algo milagroso’

Em meio a desafios na vida pessoal, Jody McBrayer precisou lutar contra a depressão quando era integrante da famosa banda cristã Avalon.

Fonte: Guiame, com informações do CHVN Radio e The TennesseanAtualizado: quinta-feira, 5 de maio de 2022 às 13:30
Jody McBrayer escreveu um livro de memórias para ajudar pessoas com depressão. (Foto: Reprodução/Deezer)
Jody McBrayer escreveu um livro de memórias para ajudar pessoas com depressão. (Foto: Reprodução/Deezer)

A banda pop rock cristã Avalon esteve no foco das atenções durante muitos anos, com apresentações dentro e fora dos EUA. Com cerca de 4 milhões de discos vendidos, o grupo teve diversas canções alcançando o topo das paradas.

Enquanto a Avalon estava em grande ascensão, com a agenda tomada por viagens e apresentações, Jody McBrayer começou a enfrentar desafios em sua vida pessoal, com enfermidade e questões em sua vida conjugal. Além disso, sofrimentos de sua infância por abuso sexual nunca o abandonaram.

Em 2007, após ser diagnosticado com uma doença cardíaca degenerativa, Jody decidiu deixar a Avalon. Ao mesmo tempo, seu casamento estava sofrendo e ele percebeu que estava lidando com alguns problemas de saúde mental.

Luta por restauração

Em uma entrevista recente ao The Tennessean, o cantor cristão falou sobre sua depressão e pensamentos suicidas, que estão detalhados em seu livro de memórias, e pediu aos crentes que parem de estigmatizar a doença mental.

Jody conta que enfrentar a depressão especialmente foi muito difícil, porque era conhecida como doença das mulheres e não era algo falado na igreja.

"O assunto tornou-se tabu dentro dos muros da igreja, e admitir lidar com a depressão traria julgamento, ridículo e vergonha das pessoas que deveriam tê-los ajudado a se curar em primeiro lugar", escreveu Jody em suas memórias.

Segundo ele, parte dessa dificuldade é porque "existe toda uma percepção de perfeição que é perpetrada. Todos esperam que você esteja no seu melhor o tempo todo, e mesmo que você não esteja, não pode deixar ninguém saber que você tem falhas ou erros".

O cator também revelou que aos 7 anos foi molestado por um conhecido da família, tornando-o o segundo artista da música cristã contemporânea – o outro é Donnie McClurkin – a divulgar publicamente que é um sobrevivente de agressão sexual na infância.

Trazer as feridas à tona

Quando ele considerou escrever o livro de memórias “So Far, So Good: ...but it was touch and go there for a while” alguns anos depois, disse que sabia que queria usá-lo como uma plataforma para encorajar pessoas com depressão a procurar ajuda.

"Isso é 110% da razão pela qual escrevi o livro", justificou.

Jody conta que lutou por meses sobre revelar esses sofrimentos em sua infância em seu livro. Ele diz que ao decidir contar sua história espera que a revelação sirva como uma espécie de chamado aos cristãos que sofrem sozinhos.

"O abuso sexual infantil é algo muito mais comum do que pensamos", escreve ele no livro.

“[E] é minha mais profunda esperança que minha história encoraje alguém com um segredo semelhante a ver que trazer essas feridas à tona é o primeiro passo no processo de cura”.

O abuso

Jody diz que os abusos aconteceram quando vivia com sua família em um subúrbio rural da classe trabalhadora de Tampa, Flórida, onde seu pai, um carteiro, era ativo na igreja batista do sul local.

O agressor de Jody era um popular professor da Escola Dominical recém-saído da faculdade, cujos pais eram amigos de seu pais.

O primeiro ataque aconteceu à noite, após um culto no pátio da igreja. O professor estava empurrando Jody e dois irmãos no balanço. Depois que os irmãos saíram com seus pais, o agressor molestou Jody.

"Lembro-me de chorar o tempo todo", disse Jody em entrevista ao The Tennessean, entre lágrimas 44 anos após os ataques.

"Lembro-me dele me dizendo que se eu contasse alguma coisa, meu pai perderia o emprego na igreja. Eu estava tão envergonhado e tão humilhado. Eu estava com medo de dizer alguma coisa, pensando que talvez fosse minha culpa", disse ele.

"Meus pais eram super-respeitados na igreja e muito populares. Eu sabia que se eu incitasse isso, seria horrível. Eu apenas mantive minha boca fechada."

Outros ataques se seguiram e Jody decidiu parar de ir à escola dominical. "Mas eu o via todos os domingos. Eu sabia que ele era mau."

Jody não disse nada sobre o abuso sexual até seus 20 e poucos anos, quando contou a uma terapeuta, que o orientou a contar a seus pais em uma sessão de grupo com ela. Ele diz que as revelações partiram o coração de seu pai.

Ele diz que enterrou as memórias novamente, continuou com sua carreira de cantor, se casou e teve uma filha. Mas quando seu pai morreu em 2000, ficou abalado.

Especialista em bagunça

As lutas de saúde mental de Jody culminaram em 2014 durante férias em família em uma praia da Flórida. No livro, ele descreve caminhar para o oceano e considerar acabar com sua vida por afogamento.

Depois de revelar sua ideação suicida a um amigo pastor, Jody começou a ver um terapeuta de Nashville, que o ajudou a lidar com a depressão.

Jody contou em uma podcast cristão que confiou em Deus que é especialista em bagunça, como a que sua vida havia se tornado.

“Nos últimos anos, percebi que há cura em saber que você não está sozinho”, compartilhou Jody McBrayer.

"Há esperança em sentir que você não é o único. Isso não é apenas sobre minha vida, é sobre compartilhar a fidelidade milagrosa de Deus e como, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, ele sempre esteve lá trabalhando", diz.

"Minha oração é que através dessas palavras, alguém se veja em mim e encontre conforto, força e compreensão. Eu oro para que isso os ajude a ver que Jesus não apenas como Aquele que os ama, mas que é louco por eles, e nunca pare de trabalhar em seu nome.”

Com essa convicção, Jody passou pelos altos e baixos de sua vida, ao longo dos anos. No final, ele conseguiu encontrar a luz novamente.

Ele escreve em seu livro:

“Minha verdade é que Deus fez algo milagroso para salvar minha vida nas águas do Golfo do México naquela noite. Nas semanas e meses que se seguiram, Ele fez coisas ainda mais milagrosas para provar a Si mesmo para mim e consolidar meu chamado de maneiras que eu nunca teria imaginado. Agora é minha responsabilidade compartilhar tudo o que Ele fez em minha vida com a esperança de que de alguma forma isso fará uma diferença marcante na sua”.

Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade.

O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

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