Nos EUA, um grupo de cristãos luta contra um evento satânico que foi programado para acontecer no centro de Boston e que foi apontado como “a maior reunião satânica da história”.
O SatanCon 2023 foi organizado pelo Templo Satânico (TST) — organização ateísta fundada em 2013 que defende o secularismo.
Embora seus fundadores argumentem que Satanás é usado apenas como uma figura literária e que serve de metáfora para “combater a autoridade religiosa”, não é o que os críticos dizem.
Para eles, o diabo é um símbolo de “desafio, independência, sabedoria e auto-capacitação”, mas para o ex-ocultista John Ramirez, eles estão lidando com forças espirituais reais.
Sobre o evento satânico
O SatanCon 2023, que está programado para os dias 28 a 30 de abril, marca o aniversário de 10 anos do Templo Satânico, de acordo com seu site.
O tema da reunião é “Hexennacht in Boston”, traduzido do alemão para “Noite das Bruxas em Boston”.
O evento terá rodas de discussão, entretenimento, rituais satânicos, uma capela de casamento satânica e um “mercado satânico”, dedicado à prefeita democrata de Boston, Michelle Wu, já que o Templo não foi autorizado a fazer uma invocação na Prefeitura, de acordo com a Fox News.
O fundador do TST, conhecido como Lucien Greaves, disse que apoia o direito de protestar contra seu evento, mas rejeita acusações contra ele. Greaves insiste em identificar sua organização como “não espiritual”.
Vale lembrar que o Templo Satânico tenta induzir as pessoas com causas políticas e sociais, dizendo buscar a “conscientização” da sociedade”. No caso do aborto, por exemplo, o TST já entrou em batalhas legais para defender a “cultura da morte”.
Apesar de se dizer ateu, o Templo Satânico usa a estátua do ídolo pagão Baphomet. (Foto: The Satanic Temple/Instagram)
Ritual satânico de aborto
Apesar de insistir em não ser uma “organização espiritual”, ao mesmo tempo o Templo Satânico luta para ser reconhecido como uma “organização religiosa não-teísta” quando lhe é conveniente.
Os “satanistas” pertencentes ao TST dizem que “as proibições de aborto vindas do Estado” infringem os direitos dos membros que querem praticar o “ritual de aborto” do Templo.
“Nossos membros têm uma crença religiosa sincera de que podem e devem fazer um aborto, em casos de gravidez indesejada”, disse em certa ocasião W. James Mac Naughton, o advogado que representa o Templo Satânico.
“Forçar as pessoas a obedecer a uma crença religiosa de que a vida começa na concepção, é negar-lhes o direito de praticar uma crença diferente, de que todos têm o direito de controlar seu próprio corpo. Isso viola a liberdade religiosa”, alegou.
Sobre o “ritual do aborto satânico”, como denominam os satanistas, inclui o processo de uma pessoa lembrar a si mesma que seu corpo é inviolável, submeter-se ao aborto e então recitar uma afirmação pessoal.
Satanistas tentam introduzir o “Clube de Satanás” nas escolas. (Foto: The Satanic Temple/Instagram)
‘Usando o sobrenatural para manipular pessoas’
“Estamos rastreando essas pessoas há alguns anos”, disse Dave Kubal, CEO da Intercessors for America — uma organização que conta com meio milhão de guerreiros de oração.
Os intercessores dizem que o Templo está “usando o sobrenatural” para manipular as pessoas, embora se apresente como um grupo não-teísta que não acredita no sobrenatural.
Kubal disse que sua organização jejuou e orou contra a SatanCon de 2022 e disse que “o evento fracassou” e que o número de participantes foi muito pequeno para a realização de sua agenda.
Ele explica que, este ano, eles têm a mesma abordagem e estão usando temas como o aborto para chamar a atenção das pessoas. “Eu acho que para o americano normal, deve ser motivo de arrepio pensar que alguém pode abortar um bebê para fins de rituais religiosos”, observou.
‘Não há como ser satanista sem servir a Satanás’
“Eles são motivo de piada. Eu vivi no reino satânico por 25 anos e estive nas sombras do demônio durante esse tempo. Eu falava com Satanás o dia todo e a noite toda”, disse John Ramirez.
O ex-ocultista disse que tinha sua consciência no reino espiritual com a intenção de amaldiçoar regiões inteiras com “os mais altos níveis de feitiçaria”. Foi após uma experiência sobrenatural durante a qual ele disse ter estado no inferno, que ele se tornou cristão.
Conforme Ramirez, não há como alguém querer ser chamado de satanista e não servir a Satanás: “É como alguém dizer que é cristão e não servir a Jesus”.
‘Querem levar as pessoas à destruição’
Ramirez afirmou que os satanistas construíram templos em várias cidades “para que demônios e espíritos possam trabalhar na atmosfera dessas regiões e levar as pessoas à destruição”.
Para ele, a influência demoníaca está se tornando cada vez mais aparente na cultura americana.
“Fazemos Sodoma e Gomorra parecer um jardim de infância. Estamos mais sombrios a cada minuto. Esta sociedade perdeu sua consciência do que é certo e errado”, ele apontou.
“Nós nem nos envergonhamos mais disso. O que quer pareça certo aos olhos das pessoas, é o que elas fazem”, concluiu ao definir a atual cultura.
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