A repressão do governo do Irã tem sido tão violenta que nem mesmo as crianças são poupadas. De acordo com o Mission Network News, as forças de segurança dispararam contra manifestantes matando 10 pessoas, entre elas algumas crianças.
A Anistia Internacional observou que, desde o início do levante do povo contra as autoridades, mais de 27 crianças já foram mortas.
A revolta dos iranianos começou em setembro e os atuais protestos anti-regime, de adolescentes e jovens, ganharam força em todo o país. Aqueles que ousam ir contra o líder supremo, Ali Khamenei, são acusados de blasfêmia, enfrentando chicotadas, prisões e até execuções.
Entenda o atual cenário
A morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos, que foi espancada por policiais por não usar o hijab (véu islâmico) adequadamente, foi a gota d´água para os iranianos.
A jovem foi presa no dia 13 de setembro, enquanto estava de férias com a família, na capital do país. Ela chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital. Os parentes relatam que a polícia espancou Amini na prisão, junto com dezenas de outras mulheres.
Depois disso, o povo foi para as ruas protestar. Pelo menos 46 cidades no Irã entraram em alvoroço. Muitas mulheres arrancaram seus véus, algumas chegaram a fazer fogueira com eles. Vários vídeos foram publicados em redes sociais mostrando as cenas. Algumas mulheres chegaram a cortar os cabelos, conforme relatou o G1.
Protestos no Irã. (Foto: Wikimedia Commons)
Manifestantes atacados
Durante os protestos, centenas de manifestantes foram atacados e presos, entre eles ativistas reformistas e jornalistas. Muitos adultos já foram mortos e agora as forças de segurança estão matando crianças também.
Jennifer Rost, do Heart4Iran — organização de apoio aos cristãos no país — lançou um programa de TV semanal ao vivo na Mohabat TV, abordando as lutas que mulheres e crianças enfrentam no Irã.
“As crianças estão se juntando às vozes de suas mães e irmãs em protesto contra o regime opressor”, explicou Rost.
‘Crianças no fogo cruzado’
Conforme esclarece Rost, as crianças são pegas no fogo cruzado ou são diretamente visadas pela força policial iraniana: “O regime não mostra critério de idade ao escolher suas vítimas”.
Ela conta que as forças de segurança em Mashhad “atiraram 24 vezes no estômago de Abolfzl Adeneh Zadeh, de 16 anos. Em Zahedan, a polícia atirou em Sobhan Naroee, de oito anos”.
“Um projétil supostamente não letal feriu uma criança de dois anos em um incidente separado. Crianças inocentes estão sendo mortas, seja na rua ou por um tribunal de moralidade, as forças do governo estão matando menores”, continuou.
Forças de segurança iranianas estão matando menores. (Foto representativa: Flickr/Unicefiran)
‘Só Deus pode mudar essa situação’
“Ao que parece, este regime fará qualquer coisa para manter o poder, independentemente do custo físico ou moral”, alertou Rost.
“Há menores que estão definhando atrás das grades. Asal Nahe, de 15 anos, é uma dos muitos menores de idade detidos por mais de 40 dias”, contou.
Rost disse que há rumores de que a adolescente esteja na prisão central, em Tabreeze, mas que ninguém sabe se ela ainda está viva ou morta. “As autoridades não respondem às famílias dos manifestantes ou àqueles que podem ter sido pegos no meio da multidão”, disse,
“Só Deus pode mudar essa situação desesperadora. Ore para que o Espírito Santo se revele a todos no Irã, para mudar corações, mentes, atitudes e comportamentos”, pediu.
“Nossa esperança é que nenhum se perca. Oramos pela salvação e por um reavivamento dentro da nossa cultura”, continuou.
Rost finalizou contando que a Heart4Iran começou a produzir programas de escola bíblica aos domingos, desde dezembro de 2021: “Aumentamos nosso conteúdo para apoiar crianças e pais que lutam com problemas na vida familiar”.
“Além disso, estamos trabalhando para criar pequenas turmas de quatro a cinco crianças por meio do Zoom para orientá-las. O desafio é que o acesso à Internet foi severamente limitado no Irã nos últimos dois meses. No entanto, há sinais de ajuda na restauração de conexões no país por meio do sistema Starlink de Elon Musk”, concluiu.
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