‘Há destruição, mas Cristo está construindo algo novo’, diz pastor sobre a Ucrânia

Matias Radziwiluk explica o papel fundamental da igreja na resposta ao desafio humanitário e espiritual.

Fonte: Guiame, com informações do Evangelical FocusAtualizado: segunda-feira, 11 de abril de 2022 às 18:09
Mulher abraça um dos missionários da Palavra de Vida na Ucrânia após receber ajuda humanitária. (Foto: Reprodução / WOL)
Mulher abraça um dos missionários da Palavra de Vida na Ucrânia após receber ajuda humanitária. (Foto: Reprodução / WOL)

A guerra na Ucrânia já passa de 40 dias, produzindo centenas de mortes e milhões de deslocados dentro do país e refugiados que chegam a países vizinhos, como a Polônia.

Em entrevista ao Evangelical Focus, Matias Radziwiluk, diretor do Instituto Bíblico da Ucrânia do ministério Word of Life (Palavra de Vida) localizado próximo à Kiev, fala sobre questões humanitárias e espiritual.

Agora na Hungria, Radziwiluk conta que parte da equipe do Word of Life permanece em solo ucraniano, trabalhando para levar ajuda humanitária e acompanhamento espiritual a quem precisa.

Juan Matias Radziwiluk, líder da Word of Life Ucrânia. (Foto: Reprodução / Alert24)

Em 1992, a Word of Life chegou na Ucrânia para iniciar um ministério focado na juventude, proclamação do Evangelho e preparação para a missão.

Dez anos depois, a Word of Life fundou o instituto bíblico aos arredores de Kiev, onde ele realiza um programa de treinamento bíblico e espiritual entre outras atividades.

Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, o ministério se tornou um ponto de abastecimento e distribuição de recursos humanitários, que são entregues diariamente em diferentes partes do país.

Radziwiluk explica que a Ucrânia é o país com a maior aliança de igrejas evangélicas da região. Assim, todos os ministérios buscam apoiar a igreja local e compartilhar o evangelho, com acampamentos e outras atividades.

O Instituto Bíblico oferece um programa de dois anos com foco em três áreas: treinamento bíblico, vida cristã e ministério. “O especial desse colégio bíblico é que recebemos alunos de países da antiga União Soviética, pois todos os alunos conhecem a língua russa. Temos alunos não só da Ucrânia, mas também da Rússia e de vários países da Ásia Central”, explica.

Segundo Radziwiluk, o foco do treinamento, que tem em média de 35-40 alunos nos dois cursos, é passar as verdades bíblicas aos alunos para que possam ser aplicadas em suas vidas e influenciá-los.

“Acho que a coisa mais importante é que podemos dar uma base cristã firme aos jovens, para que eles possam prosseguir, quer Deus os chame para uma carreira profissional, para o ministério em suas igrejas locais ou para a missão em outro país”, diz.

‘Deus abriu portas’

Ele conta que no meio da guerra, Deus os está guiando passo a passo: “Às vezes gostaríamos de planejar, ter uma visão clara para o ano, mas Deus nos mostrou que devemos ir dia a dia. E tivemos oportunidades e portas se abriram para servir.”

Nas primeiras duas semanas do conflito, Radziwiluk diz que a equipe estava ajudando com as evacuações, levando cerca de 2.500 pessoas para fora da cidade para um local mais seguro. “Tivemos contato com pessoas em Chernígiv, uma cidade do norte que estava em uma situação muito dramática: sem água, sem comida, sem eletricidade”.

“Foi uma operação muito arriscada, numa estrada que costumava levar duas horas e se transformou em cinco ou seis horas de viagem”, lembra. “Deus cuidou deles e puderam fazer este serviço, até que a cidade foi definitivamente bloqueada pelo exército russo. Então Deus abriu portas em outras vilas e cidades.”

Entrega de suprimentos para a cidade de Chernihiv. (Foto: Reprodução / WOL)

Ele conta que pouco a pouco vilas e cidades foram libertadas, mas que ao entrar nessas vilas e cidades “você vê o terror, a destruição causada pela opressão russa”.

“Muitas pessoas não conseguiram sair de suas casas, algumas ficaram presas em seus porões com muito pouca comida por trinta dias”, conta.

Testemunhando Jesus

Neste momento, ele diz que parte da equipe está em Kiev fazendo o trabalho logístico de recebimento dos caminhões e vans com a ajuda humanitária vinda de diversas igrejas da Europa.

Segundo informa, os russos deixaram o norte em destruição total. “Somos um dos primeiros grupos a entrar, o que é bom porque estamos testemunhando como uma igreja de Jesus Cristo. Muitas vezes somos guiados pelo exército porque ainda existem perigos.”

“Mas estamos levando um pouco de esperança às pessoas, dando-lhes comida, orando com elas, dando-lhes uma palavra de encorajamento e cópias do Novo Testamento, e dizendo-lhes que Deus é nossa esperança e o único que pode fazer algo bom de tudo. esta.

Em meio às dificuldades, Radziwiluk diz que “Deus está me ensinando que podemos fazer muitas coisas. Às vezes, somos muito rápidos em dizer ‘é muito difícil’, ‘eu não poderia fazer algo assim’, mas Deus está me mostrando como podemos servir, sendo as mãos e os pés de Cristo aqui na terra.”

Evangelho

Radziwiluk acredita que a Ucrânia foi o país mais aberto ao Evangelho na Europa, com uma grande estrutura de igrejas evangélicas. “A Ucrânia é o país que mais envia missionários para os países da antiga União Soviética. E eu entendo que um dos objetivos de Satanás é parar este trabalho”, diz.

“Mas ao mesmo tempo acredito que uma grande obra está sendo feita para brilhar, para levantar a bandeira de Jesus Cristo. A igreja está mais unida do que nunca e está sendo fundamental no serviço ao povo”, afirma.

“Gostaríamos de um acordo de paz para acabar com o fogo, mas isso também não vai parar o trabalho da igreja. Estou muito orgulhoso de como a igreja respondeu a este desafio, e não apenas na Ucrânia, mas em toda a Europa, nos acolhendo”, diz.

Radziwiluk diz que isso deu vida à igreja. “Deus está fazendo algo bonito. Há destruição, mas Cristo está construindo algo belo através de tudo isso”, explica.

 

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