Centro Tim Keller: Iniciativa visa capacitar pastores em uma cultura “pós-cristã”

O novo centro tem como objetivo auxiliar as igrejas a enfrentar a realidade de uma América "pós-cristã".

Fonte: Guiame, com informações do Religion NewsAtualizado: quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023 às 13:11
A pesquisa nacional sobre pessoas que abandonaram as igrejas será a base para o trabalho do centro. (Foto: Unsplash/Nycholas Benaia)
A pesquisa nacional sobre pessoas que abandonaram as igrejas será a base para o trabalho do centro. (Foto: Unsplash/Nycholas Benaia)

Ao percorrer os templos nos Estados Unidos, é inegável notar bancos vazios, sugerindo que a religião institucional enfrenta dificuldades no país.

Cada vez mais, especialistas em frequência religiosa e assuntos relacionados estão fazendo análises: recentemente, o Pew Research Center conduziu uma pesquisa que prevê como será a fé nos EUA daqui a 50 anos, e descobriu que a quantidade de americanos que se identificam como religiosos, que já vem diminuindo há décadas, continuará a cair enquanto o número de pessoas sem religião aumentará.

Para o cristianismo, a maior tradição religiosa do país, não existe um modelo matemático que preveja uma reversão da sorte.

É evidente que líderes cristãos estão preocupados, especialmente os da vertente evangélica, cujo foco principal é disseminar a mensagem cristã e alcançar mais indivíduos com sua pregação.

“Esta é a maior e mais rápida transformação da religião na história americana”, disse Collin Hansen, vice-presidente de conteúdo e diretor editorial da Gospel Coalition, um grupo evangélico que produz recursos para igrejas. “Os dados demográficos não sugerem nenhuma virada positiva ao virar da esquina.”

Esta situação levou Hansen e seus colegas a criar o “The Keller Center for Cultural Apologetics”, uma nova empreitada destinada a ajudar pastores e outros líderes cristãos a lidar com uma cultura "pós-cristã".

Com o nome em homenagem ao influente escritor evangélico, Pr. Tim Keller, fundador da Igreja Presbiteriana Redeemer na cidade de Nova York, o centro pretende apoiar “uma nova geração de evangelistas ousados ​​e apologistas eficazes que comunicarão o Evangelho imutável para um mundo em mudança”.

Desafios da igreja

Hansen, autor de uma nova biografia sobre Keller, condensou os desafios que as igrejas enfrentam da seguinte forma em um anúncio na internet sobre o novo centro: “Muitos de nossos vizinhos veem o cristianismo como notícias de ontem, mas também como a fonte dos problemas de hoje”.

Isso é uma mudança radical em comparação à percepção do cristianismo no passado, pelo menos nos EUA e outras culturas ocidentais. Em um vídeo que apresenta a missão do centro, Keller argumenta que essas culturas não apenas tinham uma opinião positiva sobre o cristianismo, mas também forneciam um vocabulário básico da fé, juntamente com uma compreensão de conceitos como pecado, salvação e os ensinamentos fundamentais de Jesus.

Nesse contexto, “o evangelismo era apenas ligar os pontos”, disse Keller. Se elas queriam respostas espirituais mais profundas, as pessoas iam à igreja.

Mas as igrejas de hoje não podem mais contar com esse apoio cultural. “E se você não conseguir colocá-las na porta?”, Keller pergunta. “Como você ganha pessoas para Cristo em uma área pós-cristã? E a igreja não tem a menor ideia de como fazer isso.”

Alternativas

Autumn Ridenour, uma das duas dezenas de especialistas selecionados como bolsistas do Keller Center, afirmou que ficou atraída pela proposta de oferecer “uma alternativa pensada e centrada em Cristo que considera questões culturais emergentes com profunda reflexão teológica, compaixão e amor ao próximo”.

Professora de ética cristã no Seminário Teológico Gordon Conwell, ela disse que o centro quer combinar “o trabalho transformador do Evangelho com ação social e uma compreensão mais global do cristianismo”.

“Vi uma conexão entre as ideias do Keller Center em seu desejo de reunir vários pensadores, pastores e acadêmicos e meu próprio desejo de renovação do Evangelho e formação espiritual dentro da igreja global mais ampla”, disse ela à RNS por e-mail.

A pesquisa nacional sobre pessoas que abandonaram as igrejas será a base para o trabalho do centro. Realizada em colaboração com os cientistas políticos Ryan Burge, pastor batista e professor da Eastern Illinois University, e Paul Djupe, professor da Denison University, que investigam as transformações na paisagem religiosa.

Os resultados desta pesquisa serão compilados em um livro intitulado "The Great Dechurching", escrito pelo funcionário do Keller Center, Michael Graham, e serão publicados em breve.

Espaço de encontros

Hansen disse que espera que o centro ajude as igrejas a criar um espaço onde os cristãos e seus vizinhos possam se encontrar e fazer amizades.

O surgimento do centro reflete uma preocupação crescente entre os evangélicos quanto a sua habilidade de estabelecer conexões com os americanos no século XXI. Além da polarização política, agravada durante a presidência de Trump, e do aumento dos chamados "nones", que se identificam como sem religião, houve uma perda de confiança nas instituições, incluindo a religião institucionalizada.

Os líderes evangélicos estão empenhados em uma ampla luta, apoiada em iniciativas como a campanha publicitária de bilhões de dólares “He Gets Us” ("Ele nos entende", em tradução livre), que inclui comerciais de televisão - incluindo um planejado para o Super Bowl - e outdoors espalhados por todo o país, apresentando a vida e os ensinamentos de Jesus adaptados aos dias atuais.

Familiaridade com Jesus

Ed Stetzer, diretor do Wheaton College's Billy Graham Center, que consultou a campanha "He Gets Us", chamou os anúncios de "pré-evangelismo", estabelecendo uma familiaridade com Jesus que os pastores e outros evangelistas do passado poderiam esperar em quase todos os americanos.

“Quanto mais distante a memória cristã se torna na cultura, mais você precisará de centros de apologética e campanhas publicitárias pré-evangelísticas”, disse ele.

Stetzer afirmou que a reputação de Keller de ministrar em um ambiente secular urbano o torna um exemplo apropriado para o centro que leva seu nome.

“À medida que o resto do país se torna mais parecido com Nova York, eles vão querer ouvir alguém que tenha passado por uma situação semelhante e tenha sido eficaz”, disse ele.

Hansen espera que o centro ajude as pessoas a compreender a amplitude das mudanças que as igrejas estão enfrentando na cultura. Segundo ele, a perda de confiança nas instituições religiosas afeta congregações em todo o espectro cristão.

“Precisamos de todas as mãos no convés”, disse ele. “Precisamos aumentar a conscientização e a urgência em torno dessa transformação.”

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