Cristãos presos por apostasia, no Sudão, são julgados e inocentados por Tribunal Superior

O juiz disse ser inadequado considerar a conversão de muçulmanos ao cristianismo como apostasia.

Fonte: Guiame, com informações de Portas AbertasAtualizado: quarta-feira, 14 de setembro de 2022 às 16:26
Cristãos sudaneses enfrentam ameaças de extremistas islâmicos. (Foto representativa: Portas Abertas)
Cristãos sudaneses enfrentam ameaças de extremistas islâmicos. (Foto representativa: Portas Abertas)

Os quatro cristãos sudaneses que haviam sido presos injustamente por apostasia, foram julgados e inocentados, em 30 de agosto, pelo Tribunal Superior, na primeira instância. O caso teve um desfecho diferente dos demais.

O juiz disse ser inadequado considerar a conversão de muçulmanos ao cristianismo como apostasia, já que isso não é mais crime na Constituição do Sudão. Conforme a Portas Abertas, a lei que criminalizava o abandono do islamismo foi revogada em 2021.

Os cristãos não precisaram pagar a fiança e, os pertences deles que foram apreendidos no ataque, foram todos devolvidos. 

Maus tratos na prisão

Os quatro cristãos lideravam uma igreja autorizada pelo governo — Igreja Batista em Zalingei, Danfur — onde foram atacados e presos.

Na prisão, eles sofreram maus-tratos durante quase dois meses. No dia 3 de julho, foram levados diante do promotor, que “pediu que eles renunciassem à fé em Jesus e parassem de orar”. 

O promotor também os advertiu para não participarem de atividades religiosas e nem compartilharem a fé cristã, sob o risco de serem mortos. Os quatro, porém, recusaram seguir as ordens e foram punidos por essa decisão, conforme mostra o relatório da ONG Christian Solidarity Worldwide (CSW). 

Liberdade de religião afetada

Apesar da decisão do tribunal, os extremistas da comunidade ameaçaram e atacaram a igreja, que permanece fechada por causa do conflito. 

Outras três igrejas também fecharam em Zalingei, neste ano, por causa do aumento da violência e ameaças na região.  

O porta-voz da Portas Abertas na África Subsaariana comentou: “Celebramos a inocência das acusações, mas continuamos pedindo ao governo do Sudão que garanta a liberdade de religião”. 

Segundo ele, a situação mostra que os direitos de crença estão ameaçados pelas autoridades que querem desfazer os avanços do país nessa questão.

Além disso, explicou que a situação dos líderes cristãos demonstra a crise humanitária. O fato da igreja ter sido fechada demonstra a pressão social que permanece limitando a prática da fé de cristãos. 

“A comunidade internacional deve continuar pressionando os militares que governam o Sudão para que garantam os direitos humanos existentes antes do golpe”, concluiu o porta-voz.  

Situação da Igreja no Sudão

O sistema legal sudanês é baseado na lei islâmica, logo a religião predominante é o islamismo. A perseguição aos cristãos é uma realidade e aqueles que abandonam o islã para seguir a Cristo enfrentam isolamento, discriminação e ataques.

Em abril de 2019, o presidente Omar al-Bashir foi deposto. Em 2020, o país deu passos significativos em relação à liberdade religiosa e por conta disso não há mais pena de morte para as pessoas que deixam de ser muçulmanas. 

Depois de 30 anos, a lei islâmica foi abolida, mas as ações violentas não cessam da noite para o dia. Ainda é melhor manter a fé cristã em segredo, caso os sudaneses não queiram ser atacados por grupos extremistas. 

Para manter a segurança da família, muitos nem criam seus filhos como cristãos, temendo a represália dos líderes comunitários. Em 2022, o país foi classificado em 13º lugar na Lista Mundial da Perseguição.

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