Millywanga Sandy Wurrben vive em Wugullar, no território norte da Austrália. Vinda de um clã chamado Mirratja, a aborígene cresceu numa linhagem familiar de curandeiros tradicionais.
Atualmente, Millywanga é artista e tecelã, além de trabalhar como Assessora Cultural e intérprete de idiomas. Ela basicamente facilita oficinas de conscientização cultural com estudantes de medicina e profissionais da saúde.
Conhecedora da medicina tradicional da floresta e outras terapias antigas, ela também atribui as curas que já testemunhou a Jesus Cristo — a quem ela aponta como seu Grande Guerreiro.
Milagre vivido
Ao compartilhar que já viu muitos milagres acontecerem, Millywanga dá detalhes sobre a cura de sua filha Mimi. “Ela era pequena e estava muito doente. Eu disse a Deus: ‘Senhor, estamos bem longe do Katherine Hospital e eu não posso levá-la, principalmente a esta hora da noite’. Quando terminei minha oração, vi um demônio”, lembrou.
“Era um espírito mau e as mãos dele eram gigantescas. Eu disse: “Posso estar sozinha, você sabe, mas eu tenho um amigo’. E quando mencionei o nome de Jesus, ele desapareceu instantaneamente. Em volta era só escuridão”, relatou.
“Foi quando uma luz começou a surgir. Bem diante de mim, eu vi Jesus em pé e eu fiquei hipnotizada olhando para Ele. Ele apenas ficou ali com um sorriso, me olhando. Era como se estivesse dizendo: ‘Está tudo bem, já acabou. Não tenha medo, eu estou aqui’. Pude sentir a compaixão, a paz e o amor de Deus”, disse ao relatar que a filha foi curada no mesmo instante.
“Deus quer que sejamos livres”
Millywanga disse que precisa compartilhar sua experiência. “Preciso falar desse homem chamado Jesus. Eu experimentei andar com ele no dia a dia e sei o que ele fez por mim”, reconheceu.
“Não só por mim, mas pelo mundo. Ele é um Deus de amor e, como índios, nós nos sentimos ligados a ele. É possível ter um relacionamento espiritual com Jesus, mesmo os nossos ancestrais que não conheciam a Bíblia”, continuou.
Millywanga relembra sua infância e diz que quando Jesus chegou, ninguém o conhecia. “Nosso povo sempre foi muito espiritual e no Reino de Deus há total liberdade para expressar o nosso amor para o conhecermos por quem ele é”, ressaltou.
A aborígene revela que não há uma única palavra que descreva a escravidão em seu idioma materno. “Nós somos controlados apenas pelo Espírito Santo. Deus não gosta de escravidão e não nos quer sendo controlados por pessoas”, disse ainda.
“O amor de Deus estava acima de qualquer coisa”
A seguidora de Jesus lembra de um missionário e de sua esposa que costumavam visitar a aldeia onde ela morava. “O velho chegava nas tardes de domingo e pregava para a comunidade. Entre nós não havia álcool, drogas ou brigas, nada disso que vemos hoje”, comparou.
“Nós víamos nossos pais sentados, ouvindo a voz do velho missionário falando sobre Deus. Éramos todos analfabetos, mas ele tinha livros ilustrados, e assim, entendíamos a Palavra”, observou.
“A missionária começou a nos ensinar versículos em inglês e isso era muito bom, já que não íamos à escola. Nossa educação acontecia ali, ao ar livre, de forma tradicional. Tudo se resumia à nossa vida no mato e a gente podia ver a beleza da Criação Dele. A gente morava com Ele ali e Ele morava entre nós”, enfatizou.
Mesmo sem uma estrutura física para chamar de “igreja”, todos foram batizados, conforme conta a aborígene. “O amor de Deus estava acima de qualquer coisa e começamos a ver as mudanças em nossa comunidade”, lembrou.
Assista (em inglês):
“Nós cantávamos e dançávamos para Deus”
Então, outros missionários chegaram e construíram uma igreja com “todos os protocolos”.
“Isso foi realmente complicado para nós, principalmente para minha mãe que mal conseguia falar o kriol [língua australiana que se desenvolveu a partir do contato com colonizadores europeus]. Deus não está restrito a grupos individuais. Ele é Deus para todos. Mas, as denominações vieram”, lamentou.
“As pessoas foram inseridas nesses grupos e isso nos afetou porque eles nos viam como diferentes. Mas, no contexto de Deus não é assim. Ele fala da unidade em Jesus Cristo sendo o cabeça da Igreja. Às vezes, não tínhamos liberdade de falar da palavra de Deus e apenas pessoas específicas eram escolhidas”, lembrou.
Millywanga então relembrou dos tempos em que eram livres para adorar a Deus ao ar livre. “Nós cantávamos e dançávamos para Deus, mas depois não pudemos mais gritar em voz alta ao Senhor. Não havia espaço para desfrutar de Deus e sua presença como fazíamos durante os tempos de infância”, prosseguiu.
“Jesus é o nosso Guerreiro”
“Mesmo antes de ser pastora, eu sempre fui tradutora. Deus me usou até mesmo quando criança, traduzindo sua palavra para minha mãe, para meu povo e os anciãos. E Deus abriu a porta para traduzirmos a Bíblia para o kriol. Jesus nos ajudou nisso, Ele é o nosso guerreiro. Ele luta por nós por todas essas coisas”, sublinhou.
“Jesus lutou pelo meu povo e agora nós também lutamos para ver nossas necessidades atendidas. Lembre-se desse nome, Jesus, pois Ele também guerreia por você. Ele quer que as pessoas parem de controlar umas às outras”, alertou.
“Jesus é aquele que traz a cura para a terra e para o coração das pessoas. Ele cura pessoas que querem competir umas com as outras. Ele nos quer unidos, trabalhando juntos. Ele vai limpar essa bagunça, eu acredito nisso”, finalizou.
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