O cantor Chris Durán foi o entrevistado do Positivamente Podcast, apresentado por Karina Bacchi, onde contou parte de sua caminhada cristã, desde a conversão até se tornar pastor.
Vivendo em um mundo de fama e sucesso, ele contou que não imaginava que seria um “escolhido do Senhor”, porque havia se programado para ser um cantor secular. Mas confessa que no seu íntimo tinha sede de Deus, embora não entendesse direito o que aquele sentimento dentro de si significava.
Nascido na França e filho de mãe pianista, desde cedo Chris tinha contato com a música, mas quando adulto decidiu estudar Economia na Espanha, país de origem de sua mãe. Lá ele foi trabalhar em uma discoteca lavando pratos para ajudar a se manter e acabou sendo convidado por um amigo a participar de uma audição musical, promovida por um caça-talentos que já tinha descoberto Rick Martin e Enrique Iglesias.
Chris disse que era de família católica, bastante introvertido e nunca havia cantado, mas conseguiu fazer uma apresentação que impressionou o produtor e acabou contratado para gravar um CD.
Sua ascensão foi muito rápida. Recebeu todas as condições para gravar seu primeiro álbum em espanhol, lançado em um estádio da Argentina. O sucesso o trouxe ao Brasil, onde participando de programas de importantes de televisão.
Caminhos de Deus
Chris Durán disse que tinha o coração inclinado para as coisas espirituais, mas não conhecia a Bíblia. “Eu acreditava que era Deus me dando tudo aquilo [sucesso na música]. Mas em tudo acredito que existe um propósito. Igual aconteceu com Moisés, colocado no Nilo para ser criado no palácio de faraó, embora não tenha sido a vontade de Deus houve o propósito Dele: ser instrumento do Senhor para a glória Dele”, diz.
Apesar do sucesso em vários países, ele contou que não se sentia completo. “A fama é um quadro decorativo, o sistema coloca um sofá confortável, mas não é a realidade”, compara. “Dentro dessa fantasia, você passa a crer que tudo aquilo é verdadeiro”.
Chris falou que muitos quando caem si, veem que aquelas referências de sucesso induzidos pela televisão, pelo sistema, por ser um ídolo, não são reais e entram em crise existencial. “Percebem que falta alguma coisa e entram em períodos de crises de identidade”, disse.
Ele disse ainda que a falta de uma referência familiar e de valores verdadeiros pioram essa condição. “Muitos entram nas drogas para preencher o vazio da solidão, mesmo sendo famosos”, diz.
O cantor falou que passou por esse caminho, mas teve a oportunidade de conhecer o Senhor. “Fui escolhido porque Ele encontrou em mim uma fome, um desejo”, diz.
Ele compara esse momento como um homem perambulando pelo deserto, que só vê dunas de areia. Que precisa encontrar uma fonte de águas. Que passa tempo procurando, no calor escaldante do deserto, até que o Senhor dá a ele uma água e ele nunca volta a ter sede. “É o oásis que não é uma visão, mas um poço de verdade”, diz.
Chris também comparou estar com Deus com um banquete que não existe nesse mundo. “Nada se compara ao banquete que o Senhor tem preparado para aqueles que desejam se assentar com Ele. Esse banquete me foi apresentado um dia”, contou.
Coração quebrantado
O cantor testemunha que “foi necessário acontecer algumas coisas antes de o Senhor me mostrar o seu banquete”. Chris falou que um coração precisa estar quebrantado. “Um homem orgulhoso, que se acha autossuficiente não consegue”.
Após um show no Chile, enquanto se dirigia ao aeroporto, o carro em que Chris Durán estava sofreu um grave acidente ao bater de frente com um ônibus. Apesar do forte impacto, ele não sofreu ferimentos sérios, mas conta que a partir dali começou a refletir sobre brevidade da vida. “Alguma coisa aconteceu comigo. Eu tinha 23 anos e pensei que a vida é um sopro. Poderia ter morrido e toda aquela fantasia acabaria”, diz.
“Onde está Deus? Preciso encontrar”, era o pensamento que começou a dominá-lo. Enquanto preparava seu segundo álbum, aproveitando a recuperação do acidente, ele reparou uma “igreja bem pequena” em frente sua casa em Miami (EUA). Ao chegar lá, disse para a pessoa na porta: “Estou procurando Jesus. Só quero Jesus. Não religião”.
Quando entrou, estava no período do louvor. “Me quebrantei, chorei durante horas. Não sabia o que estava acontecendo comigo. O louvor quebranta. Hoje eu entendo”, contou.
Chris disse que alguma coisa acontecia no mundo espiritual que intelectualmente ele não entendia naquele momento. “No mundo natural não existe explicação quando o Espírito Santo nos visita”, disse.
Descobrindo Deus
“Assim que entrei [na igreja] meu espírito foi tocado de tal forma que chorei muito”, lembra. “Depois comecei a engolir a Bíblia”. Ele conta que ficou trancado em seu quarto e começou a descobrir o Evangelho. “Pela primeira vez descobri a personalidade de Deus, porque até então a religião me apresentava um quadro de como Deus poderia ser. Mas conheci na Bíblia um Deus que se apresenta como Ele é”.
“Comparei o que estava lendo com meu estilo de vida e não era como a religião havia dito”, lembra.
Ele disse que a sede de Deus o fazia ir aos cultos todos os dias. “Queria descobrir mais e mais da palavra de Deus”, contou. “Foi um primeiro encontro muito bonito”.
Chegando no Brasil para lançar o segundo álbum, já não se sentia como antes. Falou com o produtor que alguma coisa havia acontecido com ele, estava diferente porque havia encontrado Jesus. Ele queria mudança em sua carreira. Nos bastidores de um programa de TV, disse que começou a se perguntar: “O que estou fazendo aqui?”. Começou a não sentir mais prazer em sua vida de artista.
“Eu só queria estar na minha igrejinha, ouvir a Palavra de Deus”, contou. Ele foi ao banheiro da emissora e começou a chorar, dizendo para Deus que não queria mais aquilo. “Não foi ninguém que me disse para não fazer, mas meu espírito passou a rejeitar aquelas coisas”.
Chris disse que apesar do contrato “leonino” que tinha não queria mais cantar. Aquela foi sua última apresentação em TV como cantor secular. “Eu queria a paz que o mundo não estava me dando”.
Ele disse que tomou uma atitude radical, abandonando a carreira. “Tem que ter peito!”, afirmou. Ele lembrou a vida de Moisés, vivendo como um príncipe, mas ao se deparar com sua nova identidade, precisou romper, porque houve um choque. “Se Moisés ficasse só na descoberta e não assumisse a nova identidade, não haveria um Moisés”, refletiu.
“Quando um homem ou mulher decide abrir mão da ‘fantasia’, de um sistema que não o levará para o Céu, atravessa o deserto por causa de seu posicionamento, por causa da sua convicção de que Deus estará com você no deserto, por causa da sua obediência aos princípios, em querer entender a sua identidade cristã”, disse.
“No deserto não tem holofotes, no deserto não tem glamour, mas no deserto tem um encontro”, disse, usando novamente o exemplo de Moisés. O processo bíblico é sair do Egito e depois voltar com autoridade, lembrou.
Intimidade com Deus
Chris disse que ficar sozinho, sem amigos e até distante da família, faz parte do deserto. “É preciso para nos encontrarmos espiritualmente, descobrir nossa identidade cristã. Nem sempre a solidão é negativa. Há uma solidão proporcionada por Deus”, diz, referindo-se ao que passou.
“Por causa das distrações, muitos não percebem os detalhes, os pequenos sinais, porque estão tão ocupados com trabalho, com prazeres, com afazeres... A palavra fala desses pretextos” que impedem pessoas de aceitarem o convite de Deus.
Ele contou que para se converter precisou renunciar dois sistemas: primeiro o do mundo, depois o religioso “para entrar no reino dos Céus”.
“Perdi tudo para entender que minha dependência é de Jesus”, contou. Depois, ele diz que Deus começou a restitui-lo, primeiramente com uma família.
Depois ele falou sobre ter que ser moldado em seu caráter, vaidade, ego. Cantar em pequenas igrejas e ter problemas com o som foi um dos caminhos, já que sempre tinha a melhor estrutura enquanto cantava secularmente.
“Foi necessário ter de chutar os palcos para construir um altar”, disse. “Comecei a adorar no meu quarto, em espírito e em verdade, a partir daquele momento o Senhor me fez entender que a plateia é Ele. Por isso sou contra show gospel”, declarou.
“Não existe entretenimento gospel. O que é música sem o sopro do Espírito Santo? É nada. Só a arte com o sopro divino faz com que Deus diga: ‘Ali Eu tenho prazer de estar’”, disse.
Chris conta que Deus mudou seu conceito sobre perfeição. “Eu sou imperfeito, mas minha adoração e entrega são totais. Ele é minha plateia, que tem o prazer em ver o incenso subir”, disse.
Assista a entrevista completa:
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