“A igreja está fazendo a sua parte”, diz presidente do Conselho de Pastores de Petrópolis

Pr. Carlos Carnavalli fala sobre os desafios causados pela catástrofe que atingiu a cidade após temporal histórico.

Fonte: Guiame, Adriana BernardoAtualizado: quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022 às 19:56
O presidente do Conselho dos Ministros Evangélico do Município de Petrópolis (Comempe), Pr. Carlos Carnavalli (ao centro de camiseta preta) e equipe em polo de doações. (Foto: Pr. Carlos Carnavalli)
O presidente do Conselho dos Ministros Evangélico do Município de Petrópolis (Comempe), Pr. Carlos Carnavalli (ao centro de camiseta preta) e equipe em polo de doações. (Foto: Pr. Carlos Carnavalli)

Em meio às buscas por vítimas em Petrópolis, no oitavo dia após as tragédias provocadas pelas intensas chuvas que atingiram a cidade em 15 de fevereiro, acontecem diversas mobilizações humanitárias em apoio às vítimas da catástrofe.

Até o momento, 198 corpos já foram encontrados, mas ainda restam 69 desaparecidos, segundo informações da Agência Brasil. Das 186 vítimas já levadas para o Instituto Médico Legal, 113 são mulheres e 73 são homens. 33 são crianças ou adolescentes.

Um dos apoios fundamentais acontece por meio de igrejas evangélicas, que desde o início do temporal já estavam mobilizadas para socorrer e ajudar as vítimas. Limpezas, apoio em locais com deslizamentos, formação de postos para recebimento e distribuição de donativos foram algumas das ações realizadas.

Doações são distribuídas para as vítimas. (Foto: Pr. Carlos Carnavalli)

Em entrevista exclusiva ao Guiame, o presidente do Conselho dos Ministros Evangélico do Município de Petrópolis (Comempe), Pr. Carlos Carnavalli, relatou qual a atual situação da cidade e como está a ajuda aos desabrigados.

“Nosso povo é muito solidário; um povo que ama ajudar em todas as situações, não importa onde seja ou onde aconteçam os problemas, o povo se mobiliza porque tem um coração grande”, disse o Pr. Carlos, mostrando a disposição da igreja, ainda que também tenha passado por perdas, em ajudar aqueles que precisam ainda mais de algum tipo de suporte.

De acordo com o presidente do Comempe, todas as igrejas estão mobilizadas na ajuda aos desabrigados e aos que perderam tudo. “Estamos fazendo um trabalho no Morro da Oficina com um colega, o pastor Danilo, que disponibilizou sua casa para o atendimento aos voluntários e aos operadores de máquinas”, informou.

Sidnei Xavier, pastor da Igreja Batista da Esperança, destacou a generosidade dos membros da igreja em oferecer todo tipo de ajuda às vítimas. “A generosidade tem sido uma constante nesse momento de tragédia de nossa cidade, com doações vindas de todas as partes, graças a Deus.”

Ele informou que “o povo tem sido muito solidário com todas as famílias que foram vitimadas por essa tragédia. Eu quero agradecer a Deus pelo povo Batista, do qual faço parte, uma igreja muito amorosa que realmente é solidária à dor do próximo. Com isso, nós temos atendido a muitas pessoas”.

Ele contou que sua igreja tem cadastrado pessoas e levado até elas roupas, cobertores, cestas básicas, fraldas, além do atendido a algumas pessoas com outras itens maiores, como botijão de gás, colchões e até geladeira. “Aquilo que tem chegado até nós, temos procurado, com responsabilidade, encaminhar para as pessoas que estão realmente precisando”, explicou.

Itens essenciais

Além das ações de ajuda com limpeza e reconstruções, as igrejas estão doando itens essenciais, mas o Pr. Carlos disse que faltam muitos outros que, às vezes, as pessoas acabam se esquecendo de sua importância [ver lista abaixo].

“Nós estamos arrecadando alimentos perecíveis e não perecíveis, gêneros alimentícios diversos, mas seria muito importante que os polos que estão recebendo esses alimentos pudessem dizer o que de fato estão precisando com mais urgência, porque ainda falta muita coisa”, disse o pastor da Igreja Batista de Corrêas.

O pastor disponibilizou uma lista de material “mais urgente que demora a chegar ou quase não chega”, como, por exemplo, roupas:

Veja a lista de itens mais necessários:

- Velas

- Fósforos

- Detergente

- Luvas descartáveis

- Álcool

- Vassouras

- Sabão em pó

- Bombril

- Esponja de louça

- Desinfetante

- Vassoura para a limpeza de vaso sanitário

As chuvas não param

O pastor Carlos se mostrou preocupado com a situação, porque as chuvas não param de cair. “As chuvas não parando a gente tem novos problemas, novos descasamentos. Existem duas pedras num dos bairros que podem se deslocar. Se isso acontecer, vai ser outro desastre. Então nós temos que estar muito preparados”, explicou.

O pastor disse que estão tendo dificuldades até para receber novos voluntários, porque a cidade não comporta. “Tenho recebido muitas ligações, de diversas partes, gente que quer vir para ajudar, mas a gente está com dificuldade para isso”.

Doações são distribuídas para as vítimas. (Foto: Pr. Carlos Carnavalli)

 “Graças a Deus nós temos um bom efetivo aqui. Falta ainda muita gente para receber ajuda, mas os lugares de acesso para que cheguem as ações são complicados”, explicou. “Nós esperamos que a nossa população se recupere, que volte ao normal em pouco tempo, que essa cidade volte a trabalhar porque houve muito desemprego. Nós estamos assistindo a pessoas que foram prejudicadas indiretamente, que eram fornecedores, que perderam tudo”, contou.

“Muitas diaristas que trabalhavam para famílias que eram lojistas que perderam tudo, ficaram sem trabalho. Eu ontem por exemplo recebi aqui uma pessoa que trabalha em autoescola, o rapaz veio me pedir por favor uma doação de cesta básica porque a autoescola está sem funcionar. ... São muitas pessoas que precisam ser assistidas”, disse.

Ações humanitárias

O presidente do Comempe disse ainda que essas ações humanitárias são extremamente importantes e a razão disso é a demora dos governos em responder. “A nossa cidade há décadas vem sofrendo uma descontinuidade dos governos, ninguém continua, alguns nem começam”, desabafou.

Segundo o pastor, o crescimento desordenado da população acontece pela falta de opção das pessoas, que não têm onde morar e vão para os morros. “Muitos desses moradores constroem suas casas sem nenhuma base porque não têm condição de pagar um engenheiro civil ou obter uma planta, ou mesmo buscar alguém que possa dar orientação”, disse.

Com essa realidade em Petrópolis, que já enfrentou catástrofes anteriormente pioradas pelas ocupações irregulares, resta a muitas pessoas buscarem ajuda em organizações como as igrejas.

Doações são distribuídas para as vítimas. (Foto: Pr. Carlos Carnavalli)

“Esta não é primeira tragédia que enfrento aqui, esse já é o meu quinto envolvimento em catástrofes aqui na cidade de Petrópolis”, contou o pastor. “Então com essa experiência, nós decidimos nesse ano, como igreja, nos tornarmos um polo de abastecimento das demais bases, que são muitas na cidade”.

O pastor disse que há muita dificuldade nesse tipo de ajuda. “Não temos suficiência de veículos e de pessoas para podermos fazer o trabalho como gostaríamos, então nós nos tornamos um polo com ações para apoiar algumas bases, pelo menos 20 polos que estão sendo atendidos por nós”.

“Agora mesmo nós estamos com uma equipe da prefeitura e uma equipe do SUS que está começando um novo trabalho de assistência à saúde. Nós estamos atendendo a diversas demandas que foram descobertas. Vamos aproveitar o local inclusive para a vacinação, para aferição de temperatura, de pressão, de glicose e tudo isso”, informou.

“Nós estamos começando hoje esse trabalho e acreditamos que vai ser um sucesso porque, infelizmente, alguns lugares fecharam as portas para esse trabalho e nós, como igreja, estamos abrindo as portas para ele”.

O presidente do Conselho de Pastores ressaltou a importância fundamental da igreja dentro da comunidade. “A igreja está presente na sociedade, a igreja está fazendo a sua parte, isso é coisa boa, isso é algo extraordinário”, concluiu.

Ponto de arrecadação de donativos:

Igreja Batista de Corrêas, Est. União e Indústria, 3.016 – WhatsApp: (24) 2221-1740.

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